Beth Orton

Kidsticks

A cantora e compositora britânica Elizabeth Orton é pouco conhecida entre nós e essa é uma das boas razões para dar destaque ao novo Kidsticks, oitavo disco de estúdio. Juntamos mais dois argumentos simples e poderosos: a voz característica, que nunca se esquece; e a habilidade com que continua a misturar a música folk com a eletrónica.

Mais de duas décadas depois do álbum de estreia, Beth Orton não perdeu a virtude da descoberta, desta vez com a ajuda de outro “miúdo” chamado Andrew Hung (uma das metades dos Fuck Buttons), na produção. Kidsticks não resultou num doce — como foram Daybreaker (2002) ou Central Reservation (1999) — mas também não é disruptivo ou absolutamente inédito.

Beth Orton tem 45 anos, ainda é cedo para saber se este álbum vai entrar na lista das suas obras fundamentais, mas é seguramente uma pegada no chão, uma marca da maturidade artística. Que o tempo lhe continue a moldar os reflexos como bem lhe apetecer, mas que nunca lhe estrague a voz.

Gold Panda

Good Luck and Do Your Best

Derwin é, assumidamente, o primeiro nome do músico, produtor e compositor inglês. O apelido continua a não ser do domínio público mas isso não lhe retira a importância no panorama da música eletrónica, é apenas um detalhe (ou mania) numa carreira que soma agora, às inúmeras colaborações e remisturas, o terceiro álbum.

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Good Luck and Do Your Best foi inspirado numa viagem que fez ao Japão em 2014, com a fotógrafa Laura Lewis. É outro pormenor, porque quem não souber disto continuará a não ver (ouvir) Japão em lado nenhum, mas depois sabendo, de repente aparece a luz do Oriente por toda a parte, mesmo a quem nunca lá tenha estado.

Foi esse o poder das imagens captadas por Laura Lewis, sintetizado pelo músico em 11 temas e menos de três quartos de hora. Parece pouco para uma viagem tão grande, mas resultou num tiro de boa energia e sorte.

Richard Ashcroft

These People

Apresentou-se ao mundo pela porta grande que foram os The Verve, que lhe encheram o ego durante quase toda a década de 1990. Um ano depois de sair desse salão que foi a grande banda, o artista britânico seguiu a solo com Alone With Everybody (2000), um disco notável que, mais do que lhe ter valido a platina, o colocou na rota dos grandes vocalistas e compositores da britpop dessa década. Depois desse saíram outros dois em nome próprio (o último em 2006), cada qual um carimbo de popularidade no top das tabelas de vendas.

Agora, dez anos depois, Ashcroft regressa com o quarto álbum a solo, com idêntica inspiração na música mas com bastante menos graça na pose e no estilo. O vídeo que ilustra o single que se segue não tem ponta por onde se lhe pegue, mas que isso não se torne uma distração para a boa pop.