O marido da auxiliar de enfermagem espanhola a quem foi diagnosticado ébola nesta segunda-feira lançou um apelo na rede social Facebook para que não lhe abatam o cão, como alegadamente é a intenção do pessoal médico da Comunidade de Madrid. Segundo Javier Limon Romero, que está em isolamento por ter sido a pessoa que mais contacto teve com a paciente, a sua mulher Teresa, foi-lhe pedida autorização para abater Excalibur, o animal de estimação do casal, mas Javier recusou.

Cão

“Quero denunciar publicamente que um tal de Zarco, penso que é chefe de saúde da comunidade de Madrid, me disse que têm de abater o meu cão, assim, sem mais”, denunciou Javier através de uma mensagem que fez chegar à página de Facebook da Amig@s X Los Animales, uma organização de defesa dos direitos dos animais. O marido de Teresa Romero afirma que recusou “rotundamente” dar o seu consentimento ao abate do cão. “Disse então [Zarco] que pedirão uma ordem judicial para entrar à força em minha casa e sacrificá-lo”, lê-se na mensagem.

Depois de Teresa ter sido diagnosticada com ébola e o seu marido internado em isolamento no Hospital Carlos III, em Madrid, Excalibur ficou sozinho na casa de ambos, com água e comida para sobreviver durante alguns dias.

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“Se estão assim tão preocupados com este problema, penso que se pode encontrar outro tipo de soluções alternativas, como por exemplo colocar o cão em quarentena e observação, como fizeram comigo. Ou então também têm de me sacrificar, é? Mas claro, com um cão é mais fácil, não importa tanto”, conclui Javier na mensagem.

Além da propagação do apelo de Javier pelo Facebook, foi igualmente lançada uma petição online onde se pede exatamente que o cão seja isolado e não abatido. Pouco depois das 18h, essa petição, que tem sido difundida pelas redes sociais, já tem mais de 25 mil assinaturas.

Pode-se contrair ébola através do contacto com animais?

É uma pergunta que não tem uma resposta fácil. Ainda não há muitos estudos sobre o tema, mas os que já existem permitem concluir que é possível aos cães serem infetados pelo ébola, ainda que não apresentem sintomas. Essa foi a conclusão de uma investigação feita no Gabão em 2001 e 2002, na qual os cães tinham estado em contacto direto com outros animais selvagens cuja probabilidade de estarem infetados era muito elevada.

Numa das suas orientações sobre os procedimentos a adotar pelos serviços nacionais, a Direção Geral de Saúde alerta que uma das principais vias de infeção humana pelo vírus do ébola é o contacto com animais infetados, estejam eles vivos ou mortos.

Entretanto, chegou a confirmação oficial de que uma das enfermeiras que estava em isolamento com suspeitas de ter sido infetada com Ébola, por ter contactado com Teresa Romero e os dois missionários espanhóis que ambas trataram, não está, afinal, com a doença.