Recuando à noite de 24 de janeiro de 2018, conseguimos encontrar um improvável fenómeno do dois em um à volta do nome do mesmo número 8 do Leganés que marcou ao Real Madrid, em pleno Santiago Bernabéu: na maioria dos sites que têm as fichas de jogo antigas, encontramos um tal de Gabriel Appelt; nos vídeos do Youtube, as referências recaem mais em Gabriel Pires. Appelt, Pires ou simplesmente Gabriel, como hoje o conhecemos, a verdade é que o então capitão de equipa carimbou de cabeça, na sequência de um canto, a grande surpresa nos quartos da Taça do Rei, dando a vitória por 2-1 com os campeões europeus. Mais de um ano depois, voltou a marcar. De novo num palco grande, de novo com a camisola 8.

Não foi propriamente por falta de tentativas mas o brasileiro só agora conseguiu marcar pela primeira vez com a camisola do Benfica e logo num dérbi frente ao rival Sporting. Depois de um início muito irregular, em que perdeu várias vezes o lugar no meio-campo para Gedson Fernandes, Gabriel assumiu-se como indiscutível com a chegada de Bruno Lage ao comando técnico dos encarnados e a implementação de um novo sistema e ideia de jogo que potenciam as qualidades com que vinha referenciado da Liga espanhola, onde passou três anos onde o primeiro foi por empréstimo da Juventus.

Como um pontapé do meio da rua transformou a crise numa oportunidade (a crónica do Benfica-Sporting)

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Golo à parte, depois de ter sido crucificado pela oportunidade flagrante desperdiçada nos descontos da receção ao Ajax em novembro, o médio brasileiro foi também o jogador do Benfica com mais ações defensivas e recuperações de bola, dividindo com Seferovic a liderança no topo dos elementos mais rematadores à baliza de Renan.

“O resultado coletivo é sempre mais importante do que marcar, sem dúvida. Fico muito feliz por ajudar a equipa com um golo e espero continuar a ajudar da melhor maneira possível”, começou por comentar na flash interview. “São dois jogos em pouco tempo, isso torna mais difícil ainda, são dois jogos muito próximos um do outro. E as equipas estão frescas, para saber o que adversário tem programado. Mas soubemos superar as dificuldades dentro de campo e ser superior ao Sporting”, completou.

“Estivemos mais perto do 3-0 do que eles do 2-1 mas foi positivo o resultado. Vamos pensar já no próximo jogo. Pessoalmente, sinto-me confiante e, se puder continuar a ajudar os companheiros, melhor ainda”, concluiu.