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Livre de Bruno? Golo de Vietto? Não, a maior lição foi o que disse Vítor Oliveira (a crónica do Gil Vicente-Sporting)

Este artigo tem mais de 4 anos

Bruno marcou de livre, Acuña foi expulso, Vietto fez o 2-0. Em cinco minutos o Sporting ganhou ao Gil Vicente, continua a sonhar na Taça da Liga mas a ida a Barcelos valeu por questões mais profundas.

Bruno Fernandes marcou e assistiu pela quarta vez na presente temporada, sendo a chave da vitória do Sporting em Barcelos
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Bruno Fernandes marcou e assistiu pela quarta vez na presente temporada, sendo a chave da vitória do Sporting em Barcelos

JOSE COELHO/LUSA

Bruno Fernandes marcou e assistiu pela quarta vez na presente temporada, sendo a chave da vitória do Sporting em Barcelos

JOSE COELHO/LUSA

Quando Vítor Oliveira, então treinador do Portimonense, deu no verão de 2017 uma entrevista ao The Guardian onde era apresentado como um Robin dos Bosques do futebol português que desde que começara, “há 32 anos, teve 22 empregos em 17 clubes e subiu 10 vezes de divisão”, todos ficaram rendidos ao técnico que nunca conseguiu um grande reconhecimento na Primeira Liga mas que demonstrou ser one of a kind via Segunda. Dois anos e meio depois, com mais uma subida pelo P. Ferreira, treina o Gil Vicente num projeto do escalão principal, tem feito uma temporada tranquila e poupa-se cada vez menos nas palavras. Foi dele que surgiu, entre domingo e terça-feira, uma das melhores radiografias dos principais problemas do Sporting, enquanto equipa e clube.

Sporting vence Gil Vicente com golos de Bruno e Vietto a fechar e mantém esperança na Taça da Liga

“Sendo frontal, como sou, o plantel do Sporting fica muito longe do plantel do FC Porto e do Benfica. Tem alguns bons jogadores mas não tem muitos bons jogadores. Depois do que aconteceu na Academia vai demorar dois, três anos a recompor-se. Com poucos resultados, a situação agrava-se. Mas o plantel do Sporting não é tão bom como os de Benfica e FC Porto, daí a diferença pontual. Se analisarem os jogadores de top, o Sporting tem muito poucos. Não é simpático dizer isto mas é a opinião de um homem do futebol. O Sporting precisa de melhores jogadores para ter melhores resultados. Pode mudar de treinador ou presidente mas o que precisa é de um plantel mais com mais reforços, como Benfica e FC Porto”, comentou após o triunfo na Liga, no domingo.

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“Não podemos passar ao lado dos problemas que afetam o futebol português e o caso do Sporting é um problema gravíssimo no futebol português. O incidente na Academia está a ser analisado por toda a gente com demasiada ligeireza. Saíram vários jogadores que valeriam muito mais do que aquilo que acabaram por valer. Se aquilo não tivesse acontecido, alguns jogadores importantes poderiam continuar. Tudo isto foi ultrapassado de ânimo leve, o Sporting voltou à normalidade, com um discurso de campeão. No entanto, quem está no futebol percebe que aquilo deixou marcas profundas. Tem-se procurado bodes expiatórios, às vezes onde eles não existem, e o Sporting vai precisar de algum tempo para ultrapassar isto e para voltar a ser o grande clube que já foi. A situação foi excessivamente grave”, acrescentou no lançamento do encontro da Taça da Liga.

Os descontos do jogo que os leões acabaram por vencer (2-0) trouxeram demasiadas imagens que explicam melhor do que as palavras o que queria dizer o técnico gilista: a equipa acabada de marcar e as bancadas a pedirem a saída do presidente, Frederico Varandas; Acuña a ser expulso depois de mais uma explosão de protestos com os árbitros que já lhe tinham valido muitos outros cartões; Bruno Fernandes e Vietto, os craques com índices quase oposto de reconhecimento, a mostrarem como o simples também pode ser o mais bonito e eficaz no futebol.

A noite estava gelada, o arranque foi frio, houve alguns momentos mais quentes no jogo (extra reclamações do argentino) mas o que ferve ainda são as marcas de um clube que ainda procura resgatar uma identidade que se foi perdendo no meio de guerras internas e de uma equipa que tem como aqueles espelhos que mexem com tamanhos: o Sporting coloca-se à frente como se fosse um “grande” em tudo e passa ao lado do facto de ter um estatuto mais pequeno que se explica pelo atual plantel e que comprova nos 13 e 11 pontos de atraso para os rivais mais diretos na Liga. Como se viu em Barcelos, nem tudo é mau. Longe disso. Mas o passo seguinte para ser melhor é reconhecer aquilo que o espelho mostra e fazer do que são fraquezas uma força para voltar ao tamanho normal.

Acuña viu o segundo amarelo por protestos já no período de descontos no jogo do Sporting em Barcelos

Miguel Pereira

Ficha de jogo

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Gil Vicente-Sporting, 0-2

2.ª jornada do grupo C da Taça da Liga

Estádio Cidade de Barcelos

Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

Gil Vicente: Denis; Alex Pinto, Ygor Nogueira, Edwin Vente, Arthur Henrique; Isaiah, João Afonso, Leonardo (Soares, 77′); Romário (Samuel Lino, 70′), Lourency (Erick, 70′) e Naidji

Suplentes não utilizados: Bruno, Juan Villa, Rúben Fernandes e Sandro Lima

Treinador: Vítor Oliveira

Sporting: Renan; Ristovski, Coates, Neto, Acuña; Miguel Luís (Rafael Camacho, 55′), Doumbia, Wendel, Bruno Fernandes; Bolasie (Vietto, 83′) e Luiz Phellype (Jesé Rodríguez, 77′)

Suplentes não utilizados: Luís Maximiano, Tiago Ilori, Rosier e Eduardo

Treinador: Silas

Golos: Bruno Fernandes (89′) e Vietto (90+4′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Acuña (26′ e 90+2′), João Afonso (26′), Bruno Fernandes (27′), Ygor Nogueira (27′), Wendel (57′), Romário (57′), Coates (80′), Ristovski (84′), Edwin Vente (87′) e Soares (90+2′); cartão vermelho por acumulação a Acuña (90+2′)

Com seis alterações na equipa inicial, da baliza ao ataque, não deixou de ser curioso ver o Sporting apresentar-se num 4x4x2 com Luíz Phellype e Bolasie na frente numa semana em que os jornais desportivos deram conta de alguma insatisfação por parte do plantel nas constantes mudanças táticas de jogo para jogo quando conseguiam estabilizar mais no 4x3x3 que começou a ser rotinado com Marcel Keizer. Na primeira parte, acrescente-se, veio mudar pouco ou nada na qualidade de jogo da equipa em relação ao jogo de domingo. E as primeiras chances de real perigo até pertenceram ao Gil Vicente, também ele a rodar muitos jogadores quatro dias depois.

Romário Baldé, numa investida pela direita do ataque dos minhotos aproveitando a falta de compensação pela subida de Acuña, assistiu Leonardo na área mas o desvio de cabeça saiu ao lado (12′). No minuto seguinte, Nadiji arriscou na passada mas saiu desenquadrado com a baliza de Renan (13′). E como não há duas sem três em minutos consecutivos, Lourency arriscou também a sua sorte de meia distância e por pouco não foi feliz, vendo a bola sair muito perto da trave da baliza do Sporting. Pelo meio, Miguel Luís teve um desvio fácil para Denis (13′); depois, Bolasie atirou rasteiro para defesa difícil de Denis (20′). Ainda assim, era tudo curtinho.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Gil Vicente-Sporting em vídeo]

À meia hora, Bruno Fernandes apanhou a bola ainda antes do meio-campo depois de ver Denis adiantado e arriscou o remate para um golo olímpico que para tal ficou à distância daqui a Tóquio. Ato contínuo, ficou a protestar com os companheiros da frente, parecendo pedir os movimentos em diagonal para explorar as costas da defesa contrária em vez de pararem à espera da bola no pé. No banco, Silas dizia que não com a cabeça e falava com o adjunto Zé Pedro quase não querendo acreditar no que se estava a passar. Até ao intervalo, Bruno Fernandes ainda marcou mas o golo foi anulado (43′). No entanto, foi aquele lance que mais ficou.

No segundo tempo, Silas não mexeu em jogadores mas alterou posições e dinâmicas. Além disso, entrou com uma equipa com bem mais vontade, mais velocidade, mais agressividade na reação à perda da bola. Do falhanço quase inacreditável de Bruno Fernandes na pequena área (50′) ao golo anulado a Bolasie (53′), passando por uma boa oportunidade de Luiz Phellype a ameaçar a baliza de Denis (69′), o Sporting foi melhor mesmo estando longe de ser brilhante. Aliás, com as substituições feitas e algum cansaço acumulado, a equipa teve mais bola mas perdeu até alguma objetividade no que fazer com ela. Até que chegou o génio individual a salvar o coletivo.

Num livre direto perto da área descaído para a esquerda, Bruno Fernandes, que além de um golo anulado e uma chance flagrante falhada ainda teve um remate de tal forma desenquadrado que saiu inclusive para fora do estádio, fez passar a bola por cima da barreira e apontou o 1-0 num momento de antologia que resgatou os leões de um empate que parecia inevitável, tendo ainda feito a assistência para Vietto fechar o 2-0 nos descontos já quando a equipa jogava com dez por expulsão de Acuña por acumulação de amarelos por protestos. Com a vitória, o Sporting pode ainda sonhar com a Final Four da Taça da Liga mesmo não dependendo de si. Todavia, a maior lição que retira, ou que deve retirar, é aquela que Vítor Oliveira deu ao falar do estado do clube.

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