Quem gosta de estar a par da cultura social do momento, folheando e clicando sobre as notícias da revista Hola ou deslizando sobre as publicações de influencers nas redes sociais, já terá notado que Victoria Federica é, desde há alguns meses, uma presença assídua. Quando era pequena a filha da infanta Elena aparecia na imprensa com a sua família, a família real de Espanha. Atualmente a primeira neta dos reis eméritos Juan Carlos e Sofia tem sido notícia em nome próprio. Completou 21 anos no passado outono e mudou de vida, assumindo-se como uma espécie de influencer aristocrata que cruza a distinção real com a presença em eventos exclusivos e, claro, uma conta de Instagram onde tudo está registado. Das férias em família em Palma de Maiorca com poses para os fotógrafos às primeiras filas da Semana da Moda de Paris com selfies para o Instagram, quem é Victoria Federica?

A primeira neta do rei Juan Carlos de Espanha

A rainha Sofia estava a gozar os últimos dias de férias em Palma de Maiorca, no início de setembro de 2000, mas assim que soube que a filha mais velha, a infanta Elena, estava em trabalho de parto, regressou de imediato a Madrid. Quando chegou já a pequena Victoria Federica tinha nascido. O rei também se apressou a ir ver a filha e a conhecer a nova neta. Quando o pai babado, Jaime de Marichalar, falou aos jornalistas disse: “graças a Deus que se parece com a mãe”. Victoria Federica de Marichalar y Borbón nasceu no dia 9 de setembro de 2000, às 13h00 na clínica Ruber, em Madrid. É a segunda filha dos duques de Lugo, o irmão Felipe Juan Froilán nasceu em 1998.

Na altura, os reis Juan Carlos e Sofia já tinham dois netos, mas esta era a sua primeira neta. O seu nome resulta de duas homenagens. Victoria por causa de Victoria Eugenia de Battenberg, a avó paterna do rei Juan Carlos e neta da rainha Victoria de Inglaterra. Federica em homenagem a Federica de Hannover, a mãe da rainha Sofia e rainha da Grécia. Nasceu com o tratamento de “Excelentíssima señora y Grande de España”, conta a Hola. E como membro da família real cumpriu todas as tradições, desde as fotografias com os pais poucos dias depois do seu nascimento para apresentar a pequena ao público, até ao batizado com águas do rio Jordão a 11 de outubro de 2000, com o mesmo traje com que foram batizados o seu avô, a sua mãe, os seus tios e irmão mais velho. O atual rei de Espanha, Felipe VI é seu tio e também seu padrinho de batismo.

Victoria Federica na primeira pessoa

Victoria Federica foi capa da revista Elle espanhola deste mês de abril. Além de dar a sua primeira entrevista, protagonizou uma verdadeira produção de moda que resultou em cerca de 10 fotografias. Com a sua figura, alta e esguia, vestiu looks descontraídos e formais, e foi fotografada por Mario Sierra, um experiente e conceituado fotógrafo de moda. Contudo, era nas suas palavras que estava a grande novidade. A jovem sentou-se à conversa com o autor da entrevista num dos seus restaurantes preferidos de Madrid e confessou-se nervosa, conta o atual editor de moda da publicação logo a abrir o texto. “Quero mostrar-me perante as pessoas para que me vejam tal como sou, porque a imagem que se difunde de mim não é a verdadeira, tenho as mesmas inquietações que qualquer rapariga da minha idade”, disse Victoria Federica e acrescentou, “embora não creio que precise apresentar-me, sinceramente. Apresentada já estou”.

E, na verdade, desde recém-nascida que aparece nas páginas da imprensa espanhola. Vimo-la ser batizada, ser “damita” no cortejo que acompanhou Letizia ao altar no casamento com o príncipe Felipe, a passar férias em Palma de Maiorca e a brincar com o irmão e os primos a bordo do iate da família real. Agora Victoria Federica mostra ao público uma versão mais pessoal e íntima de si.

Diz que anda à procura do “seu lugar no mundo”, assume-se católica praticante e diz que começa todas as manhãs por agradecer a Deus e que na igreja encontra paz e tranquilidade, essenciais na sua vida. Descreve a lealdade, a empatia e a responsabilidade como as três qualidades pessoais e pilares básicos da sua vida e descreve as suas avós e a sua mãe como pessoas fundamentais na sua vida. Vic, como diz que gosta de ser chamada, confessa que tem tatuagens e uma delas foi feita em homenagem ao avô, trata-se de um veleiro no tornozelo esquerdo. Mas tem mais. Conta que também tem uma concha como recordação da avó Concepción num pulso e no outro tem três pontos que simbolizam o seu núcleo familiar: a mãe, o pai e o irmão. Na orelha esquerda tem ainda um smiley muito gráfico, composto por dois pontos, um hífen e um parêntesis. Diz que “é o que mais me representa, porque sou uma pessoa muito feliz, alegre e  divertida”.

Na base de tudo, a família

Victoria Federica leva a amizade muito a sério e a família mais ainda. “Todos os valores que possuo são o resultado do que me ensinaram em casa desde pequena. Não só a mim, também ao meu irmão, claro. É por isso que uma das coisas que mais valorizo na vida é passar tempo de qualidade com eles”.

A neta de Juan Carlos descreve o avô como “a bússola sentimental, exemplo incontestável e absoluto” e acrescenta mesmo: “É a minha pessoa favorita no mundo.” O avô disse-lhe para ser sempre ela própria em tudo o que faça e o conselho ficou-lhe como um dos mais importantes que recebeu na vida. Foi com ele que desenvolveu o gosto pelos touros e considera-se uma “grande amante da cultura e da tradição espanhola do flamenco e da tauromaquia”.

Também descreve as avós como as suas “maiores referências porque demonstraram ao longo da sua vida, com as suas atitudes, uma grande sensibilidade na hora de se envolverem em causas benéficas e dar-lhes voz”. Diz que quer seguir os respetivos passos no futuro. Pela rainha Sofia demonstra uma enorme admiração e guarda na memória o verão em que levou a família toda à Grécia para conhecerem as suas raízes. A outra avó, a paterna, é Concepción Sáenz de Tejada, antiga condessa de Ripalda, (1929 –  2014). Ficou viúva em 1978, altura em que se tornou matriarca da família, com seis filhos entre os seis e 21 anos de idade, conta a Vanity Fair. Desta avó a neta herdou uma série de objetos pessoais, entre eles uma carteira Chanel que muito estima, mas também muitas parecenças físicas.

A infanta Elena casou-se com Jaime de Marichalar a 18 de março de 1995, com a grande boda da primogénita dos reis de Espanha a ter como cenário a Catedral de Sevilha, tornando-se duques de Lugo. Em dezembro de 2001 o duque sofreu um enfarte cerebral e esteve hospitalizado em estado grave. Em poucos meses sofreu um segundo e a família de quatro rumou aos Estados Unidos e instalou-se em Manhattan para se focar na sua recuperação, conta o El País. Segundo o jornal a relação do casal já não estava bem, mas a infanta ficou ao lado do marido durante essa fase difícil, até que em 2007 a Casa do Rei anunciou num comunicado “o cessamento temporal da convivência” dos duques. O divórcio ficou finalizado a 21 de janeiro de 2010.

Uma royal influencer?

Quando Felipe e Letizia se tornaram os novos reis de Espanha, em junho de 2014, o casal e as filhas passaram a compor a nova família real. A infanta Elena começou a aparecer cada vez menos em atos públicos, a infanta Cristina foi totalmente afastada da família real na sequência do caso Noos, que a levou a ela e ao marido a tribunal. A rainha Sofia aparece ocasionalmente e o rei Juan Carlos está a viver em Abu Dhabi, depois de vários escândalos que abalaram a coroa espanhola, tendo contado esta Páscoa com a visita das filhas e de alguns netos (incluindo Victoria Federica). Espanha tem hoje uns reis jovens e ativos e uma princesa das Astúrias que se está a tornar numa versão de princesa encantada do século XXI. Bonita, simpática, inteligente, participativa e focada no seu papel de futura rainha, partiu para um colégio no Reino Unido no passado outono e cada vez que volta a Espanha suscita a curiosidade da imprensa.

Victoria Federica não é uma princesa encantada, mas está a definir o seu próprio caminho. Tem 21 anos e estuda no The College for International Studies (CIS), um centro universitário norte-americano localizado no centro de Madrid. Segundo a recente entrevista, está no terceiro ano de Marketing e Comunicação. Embora agora esteja a estudar perto de casa também já esteve num colégio no estrangeiro, como mandam as regras das classes altas. Aos 12 anos foi para Mayfield, no Reino Unido, nos arredores de Londres, para o colégio interno Mayfield St. Leonards. Era religioso e tinha um conhecido centro hípico. Esteve lá dois anos e depois regressou a Madrid, escreve a Vanity Fair.

O seu primeiro ato oficial aconteceu em maio de 2019, quando foi madrinha de um importante evento na Feira de Abril, em Sevilha. A jovem, que tinha completado 18 anos uns meses antes, seguiu o protocolo e usou um vestido amarelo, assinado por Enrique Rodríguez Hidalgo, na cabeça uma mantilha bege e peineta, ambas da sua mãe e ainda os tradicionais “abanico” e xaile de Manila.

Em maio de 2019 abriu uma conta de Instagram. Houve críticas, mas Victoria Federica não quer saber. Diz que a presença digital faz parte da sua geração e vai mais além; não quer separar a sua figura pública da pessoal. Contudo a sua conta manteve-se privada até outubro de 2021, altura em que a jovem começou uma nova etapa da sua vida. Abriu as suas redes sociais ao público e passou a contar a sua vida em formato BD de Instagram como fazem as influencers. Nesta rede social podemos encontrá-la sob o nome @VicMaBor e descreve-se apenas como Victoria de Marichalar de Borbón — à data em que este artigo foi escrito, tem 159 mil seguidores (longe dos 2.5 milhões de seguidores de Maria Pombo ou mesmo dos 1.4 de Gala Gonzalez). A 28 de outubro pisou pela primeira vez uma passadeira vermelha, numa festa da revista Elle, em Sevilha, recheada de estrelas. Apresentou-se elegante e sofisticada, com um vestido comprido em veludo azul escuro com uma longa abertura lateral, do designer espanhol Lorenzo Caprille, que tirava partido da sua silhueta alta e esguia, e uns sapatos Manolo Blahnik.

No início de fevereiro de 2022 a Vanity Fair espanhola  fazia um balanço de quatro meses de Victoria Federica como influencer, aponta esta festa como o ponto de partida, mas refere ainda outros eventos que contaram com a presença da ilustre jovem, como por exemplo, a entrega de prémios BMW de Pintura no Teatro Real, em Madrid, (onde se cruzou com a avó, a rainha Sofia) e uma festa de Natal organizada pela Möet & Chandon no Teatro Real de Madrid, onde apareceu pela primeira vez com o namorado, o dj Jorge Bárcenas, numa passadeira vermelha, envergando um ousado vestido prateado de Lorenzo Caprille.

Entre eventos aos quais empresta a sua popularidade e passeios com os amigos, a vida de Victoria Federica tem sido preenchida e colorida: tanto vai conhecer um lounge privado do hotel Aragon Hills, na estação de esqui de Formigal, como ruma a Florença para um evento hípico. Os cavalos são uma paixão que herdou da mãe, e ainda hoje a partilha com a infanta. O eco da sua atividade social até chegou à redação da revista Tatler, uma revista britânica muito focada na alta sociedade, que lhe dedicou o artigo “A sobrinha do rei de Espanha é a mais recente it girl das redes sociais”.

A herança de moda

A 2 de fevereiro de 2022 a Vanitatis noticiava em exclusivo que Victoria Federica tinha assinado contrato com a Soy Olivia, uma agência de representação responsável pelo sucesso de muitas influencers espanholas. Mas na sua recente entrevista Vic diz que não quer ser uma influencer. Embora respeite o trabalho, “não é uma saída profissional” com a qual se identifica. “Talvez me sinta confortável sendo alguém influente, mas são dois conceitos que não têm nada a haver”.

Na mais recente Semana da Moda de Paris, Victoria Federica não passou despercebida. Assistiu a uma série de desfiles acompanhada pelo pai, Jaime de Marichalar, assessor do grupo LVMH  em Espanha, o gigante da moda que detém marcas como Louis Vuitton, Christian Dior, Fendi, entre tantas outras. A passagem de Victoria pela capital da moda, terá durado apenas 72 horas, mas faria inveja a algumas influencers. No desfile de Dior tirou uma selfie com Rihanna. Foi conhecer a nova coleção da marca clássica de calçado, Roger Vivier. Não quis perder o desfile de Off-White, a marca fundada pelo designer que tanto admira, Virgil Abloh e que morreu em novembro de 2021. E assistiu ao desfile de Loewe, afinal, esta aristocrata não podia faltar na apresentação da marca espanhola de luxo. Na bagagem tinha já a sua primeira passagem pela Semana da Moda de Alta Costura, uns meses antes, em julho de 2021. Victoria Federica assistiu, com o seu pai, a nada mais nada menos do que ao desfile da maison Dior, que é, por seu lado, parte da realeza da moda. Victoria Federica diz que queria seguir os passos do pai e trabalhar na indústria da moda. Quando a filha completou 18 anos, Jaime de Marichalar ofereceu-lhe uns sapatos Manolo Blahnik e parece ter ajudado a definir o caminho onde Victoria Federica pretende caminhar.