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A exposição biográfica da pintora mexicana estará no Porto até setembro, altura em que se muda para a capital
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A exposição biográfica da pintora mexicana estará no Porto até setembro, altura em que se muda para a capital

A exposição biográfica da pintora mexicana estará no Porto até setembro, altura em que se muda para a capital

Flores, caveiras, uma cama e muita cor. A vida de Frida Kahlo é contada numa exposição imersiva e interativa

Do acidente que lhe mudou a vida às tragédias que sofreu, do guarda roupa ao grafismo das suas telas. A vida da pintora mexicana Frida Kahlo é contada na exposição que inaugura quinta-feira, no Porto.

Muitos identificam de forma quase instantânea um quadro de Frida Kahlo. Outros reconhecem o nome, provavelmente associam-no a uma mulher morena com as sobrancelhas unidas, de lábios vermelhos, brincos compridos, flores na cabeça e roupas coloridas. Entre uns e outros, será que a conhecem realmente? Depois de Claude Monet, Gustav Klimt, Leonardo Da Vinci ou Michelangelo, chegou a vez da pintora mexicana ser o mote para uma exposição na Immersivus Gallery, o primeiro espaço em Portugal dedicado a experiências artísticas imersivas e interativas, onde o objetivo é juntar a cultura e a tecnologia. “Temos vindo a fazer exposições sobre as obras, esta é a primeira vez que nos focamos na vida e na personalidade de um artista”, começa por dizer ao Observador Edoardo Canessa, gestor de projetos do ateliê O Cubo, produtor desta mostra.

O desejo de falar de Frida já era antigo e começou a ganhar forma no ano passado. “Contactámos a Fundação Frida Kahlo Corporation e através deles tivemos conhecimento que a galeria Ideal em Barcelona estava a preparar uma exposição igualmente digital e interativa. Acabamos por fazer uma parceria com eles e com o estúdio criativo Layers of Reality, onde a parte criativa foi desenvolvida por Barcelona, e aqui tentamos reproduzir esse trabalho e essa narrativa, ainda que com algumas diferenças.”

A intenção é que os visitantes “mergulhem no universo” de Frida Kahlo e conheçam a fundo todas as etapas da sua vida à boleia de coleções de fotografias históricas, filmes originais, músicas e instalações artísticas, e digitais. A exposição divide-se em dois espaços, uma sala com um percurso expositivo mais tradicional e um espetáculo audiovisual 360º. “Percebemos que ela está na moda, muitos têm uma ideia de quem ela é ou daquilo que representa, mas não conhecem o seu percurso. Esta é uma forma diferente de sentir o que ela sentiu em determinados momentos, não é uma experiência meramente informativa, pretendemos de facto transmitir emoções. Existem referências a obras dela, mas aqui celebramos essencialmente a mulher.”

A exposição começa com um mural de flores que compõem o rosto da artista mexicana, conhecida pelo seus penteados exóticos, acessórios exagerados e roupas coloridas

Tudo começa com um mural de flores que compõem o rosto da artista e um altar dos mortos, símbolo da cultura mexicana. Segundo a tradição, este altar é o lugar onde os vivos reencontram os seus defuntos e as almas regressam às casas das suas famílias, onde são recebidas com ofertas. Água, milho, velas, incensos, caveiras feitas de barro, papel picado e flores são alguns objetos que integram este altar e que foram doados pela embaixada do México, em Lisboa.

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Em frente, um corredor com painéis luminosos e informativos sobre a vida de Frida Kahlo, da adolescência às suas grandes paixões — primeiro por Alejandro Gómez Arias, o noivo que a abandonara, e depois por Diego Rivera, o pintor com quem casou duas vezes — passando pelas viagens que fez ou o desejo de ser mãe (e os traumas associados, já que a pintora sofreu três abortos).

Magdalena Carmen Frida Kahlo Calderón nasceu em 1907 na pequena vila de Coyoacán, na Cidade do México. Herdou do pai, o fotógrafo Guillermo Kahlo, o gosto pelas artes e o sentido revolucionário e patriótico. Aos seis anos, teve poliomielite, uma paralisia infantil que lhe atrofiou um pé e a fez ficar com a perna direita mais curta e mais fina, e as suas roupas permitiam-lhe que disfarçar-se o seu corpo fragilizado. Depois da cronologia informativa, eis dois manequins com trajes mexicanos inspirados na pintora, feitos por mulheres que integram a Cooperativa de Oaxaca, que espelham bem o seu guarda-roupa e o seu legado na moda.

Aqui reinam peças coloridas e cheias de padrões, como os vestidos tehuana ou o rebozo, uma espécie de xaile longo. No entanto, não era apenas pela roupa que Frida chamava a atenção, longe disso. Os acessórios XXL e os seus penteados exóticos, feitos com tranças, fitas coloridas e flores naturais, inspiraram tendências étnicas e bordados assinados por designers de moda como Dolce & Gabbana, Carolina Herrera, Givenchy, Valentino, Moschino, Alexander McQueen ou Jean Paul Gaultier.

O acidente que aos 18 anos a deixou imobilizada é um dos momentos altos do percurso expositivo

As instalações mais fortes e complexas chegam a seguir e representam o trágico acidente de autocarro que aos 18 anos lhe mudou a vida para sempre. “Ela nunca pintou o acidente porque dizia que precisava de muitos e muitos quadros para o conseguir fazer”, recorda Edoardo Canessa, responsável pela mostra. Uma animação feita com cinco vídeos projetados em diferentes telas, que ao interagirem entre si criam um efeito tridimensional, mostra como o autocarro onde Frida viajava chocou contra um elétrico. É possível ouvir o som do embate violento, ver os sapatos, o guarda-chuva e o livro que levava consigo serem projetados, mas também um corrimão solto e vários estilhaços de vidro no ar. “Este acidente deixou-lhe consequências físicas graves e afetou-a muito, emocionalmente e psicologicamente, não o poderíamos ignorar.”

Várias fraturas na coluna, nas costelas, no ombro e no pé resultaram em inúmeras operações e, posteriormente, em lesões irreversíveis. É esse período de convalescência que é representado numa sala coberta duas cortinas pretas, onde se pode admirar uma cenografia e uma animação de vídeo mapping inspiradas no quadro da artista denominada “Hospital Henry Ford, 1932”. De uma cama de madeira vazia saem vários cordões umbilicais e cada um representa algo que predomina nesta etapa da sua vida. Um caracol, que simboliza a lentidão das operações, um coração partido, a flor da fertilidade ou uns seios a lactar são apenas alguns exemplos.

A imobilidade não a deixava sair da cama, então o pai emprestou-lhe tintas e pincéis e a mãe montou-lhe um cavalete adaptado e um espelho no teto. Foi assim que começou a pintar, deitada, transformando as suas limitações e frustrações em arte, fez 55 auto-retratos e todos eles mostram vários episódios da sua vida, representando 80% do seu trabalho. As obras de Frida Kahlo exploram frequentemente temas da cultura popular mexicana, misturando elementos da mitologia, símbolos indígenas, frutas e animais, sempre pincelados com cores fortes e vibrantes. “Muitos apelidaram-na de artista surrealista, mas ela afirmou que nunca pintava sonhos, apenas a sua própria realidade.”

Flores, frutas, caveiras e muita cor são elementos gráficos que predominam nas telas de Frida Kahlo

São os ícones gráficos presentes nas telas os protagonistas de uma sala inteiramente dedicada à respetiva simbologia, onde a ideia de infinito está presente, tanto nas paredes em espelho como no chão interativo que reage ao movimento dos pés. Em ambos os locais são projetados elementos como melancias, papaias, macacos, pássaros, borboletas, caveiras ou folhas verdes, acompanhados por uma banda sonora capaz de nos transportar para um jardim ou até mesmo uma selva.

Os elementos do universo de Frida Kahlo continuam a dominar as experiências que se seguem, um scanner mágico que projeta o retrato colorido que cada um fizer da imagem da artista e uma cabine fotográfica onde, através de um software animado especialmente desenvolvido para a exposição, os traços do rosto dos visitantes são compostos por referências à pintura da mexicana.

Uma das novidades desta exposição são os óculos de realidade virtual, onde durante dez minutos todos podem sentir-se na pele da artista mexicana. “É uma linguagem mais próxima e mais real, quisemos explorar mesmo esse lado mais emotivo”, justifica Edoardo Canessa. O vídeo começa com o tema “La Lllorona” e coloca o visitante sentando na sua cama, percorrendo as suas perspetivas sobre o quarto, o jardim, as ruas do México, o mundo e a morte. Frida Kahlo morreu a a 13 de julho de 1954, com 47 anos.

Pensada para todas as idades, a mostra culmina num espetáculo digital projetado no chão, nas paredes e no teto

A exposição termina com um espetáculo audiovisual, onde é projetado nas paredes, no teto e no chão um vídeo de 30 minutos com fotografias e poemas da pintora em loop que documentam cronologicamente os episódios mais marcantes da sua existência. “A ideia é que as pessoas possam entrar livremente, percorrendo um espaço onde a tecnologia de realidade aumentada predomina.” O período do antigo Egito, a vida de Amália Rodrigues, poemas de Fernando Pessoa ou uma composição em videomapping inspirada nos quadros com girassóis de Vicent van Gogh serão os próximos temas explorados pela Immersivus Gallery em Portugal.

“Frida — A Vida de um Ícone” inaugura esta quinta-feira no Centro de Congressos da Alfândega, no Porto, e ficará patente até setembro, mês em que passará a ocupar o Reservatório da Mãe D’Água das Amoreiras, em Lisboa. No Porto, a exposição imersiva pode ser vista de quarta a domingo, das 14h30 às 19h30, e os bilhetes variam entre as 10 e os 19,50 euros.

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