Está a chegar a nova geração de consolas, que vão definir aquilo que será feito no mundo dos videojogos nos próximos anos. A Microsoft e a Sony estão a lançar as suas novas joias da coroa, na forma da Xbox Series X (esta terça-feira) — e a sua espécie de versão light, a Xbox Series S — e da PlayStation 5 (PS5, dia 19). A concorrência entre as duas já dura há algumas décadas. Tornaram-se os maiores gigantes no mundo das consolas, sendo a Nintendo sempre uma alternativa a explorar caminhos menos virados para o poder gráfico e mais para uma certa noção de jogabilidade e novas formas de exploração dos seus clássicos (e que tem na Switch um fenómeno global de vendas).
Mas a batalha Xbox vs PS será feita com mais do que o poder das suas respetivas maquinarias. O salto tecnológico está lá para ambas, e as semelhanças técnicas entre as duas consolas é maior do que aquilo que as distingue. Ambas escolheram processadores e placas gráficas AMD e ambas prometem até 8K de resolução e jogos a correr até 120 frames por segundo, embora a resolução 4K a 60 frames por segundo seja provavelmente o padrão mais comum que esperam atingir. Nas especificações puras de placa gráfica e processador, a Xbox Series X parece levar alguma vantagem nos números (12 teraflops na AMD RDNA 2 em oposição aos 10.2 da PS5), mas tudo indica que a nova consola da Sony, com o seu armazenamento SSD altamente customizado, tem brilhado tanto no desempenho gráfico como nos tempos de loading dos jogos.
De facto, as diferenças entre as duas estarão mais na abordagem ao conteúdo que terão para oferecer. A Microsoft parece continuar focada no conceito de jogos como serviço, com a sua subscrição de Xbox Game Pass e todos os seus exclusivos também disponíveis no PC. Parece claro que a ideia é criar uma espécie de Netflix dos videojogos, em que até a própria compra da consola em faz parte de um ecossistema que pode incluir muitas outras plataformas. A Microsoft não brilhou tanto pelos seus exclusivos nesta última geração, mas a recente aquisição do gigante estúdio Bethesda pode mudar isso nos próximo tempos.
Do lado da Sony, a promessa é a continuação de uma estratégia que tão bem funcionou com a PS4 e que a pôs em tantas casas. A aposta nos exclusivos, que trazem um selo de qualidade na experiência single-player incrivelmente polida para a consola, com títulos como Uncharted, The Last of Us, Spider-Man, God of War, Horizon e muitos outros. Nos últimos anos, todos estes franchises tiveram uma receção incrivelmente bem-sucedida, tanto junto da crítica como no número de vendas e, com os anúncios que já vimos, muitas destas séries prometem voltar com mais força do que nunca.
Como em todas as gerações, o que vai sempre contar mais são os jogos, portanto escolhemos aqui alguns — exclusivos e não só — que já nos estão a abrir o apetite para o que aí vem:
Multi-plataformas:
“Assassin’s Creed: Valhalla”
Desenvolvimento: Ubisoft Montreal
Plataformas: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X e PC
Data de lançamento: 10 de novembro de 2020
Depois de reformular os fundamentos da série com “Assassin’s Creed: Origins”, o estúdio Ubisoft desta vez vira-se para a era viking e uma abordagem mais focada em elementos de RPG com “Assassin’s Creed Valhalla”. A brutalidade da era que retrata faz parecer este novo título do principal franchise da Ubisoft Montreal menos feito de stealth e mais de batalhas frontais em campo aberto. Além de todos os elementos que este open-world certamente trará, o que já está disponível é um podcast de companhia, “Echoes of Valhalla” para ajudar no contexto histórico sempre importante para a série. Pode não ser o salto que foi Origins, mas continua na senda de aperfeiçoar o registo e tudo o que vimos em termos gráficos serve para pensar neste como um bom título para absorver as maravilhas do novo hardware que aí vem.
“Cyberpunk 2077”
Desenvolvimento: CD Projekt Red
Plataformas: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X e PC
Data de lançamento: 10 de dezembro 2020
Os mais atentos terão olhado para a data de lançamento e rido um bocadinho, certamente. O jogo de 2020 (achamos) que é alvo da mais descontrolada das antecipações foi adiado por mais três semanas e os motivos parecem estar bem ligados aos propósitos deste artigo. Afirma a CD Projekt Red que está tudo pronto para as novas consolas e PC capazes de correr a coisa, mas são as consolas da geração que agora está a chegar ao fim que precisam de algum trabalho. “Cyberpunk 2077” continua a ser o catalisador de muitos upgrades de equipamento para quem quer experienciar isto da melhor forma possível. O “isto” que podemos esperar é um first-person RPG com Night City como cenário e a forma como os elementos da estética cyberpunk parecem implementados fazem com que este ameace ser um jogo incrivelmente especial. Se o título anterior do estúdio polaco, “The Witcher 3”, for indicativo, este será jogo para nos acompanhar durante muitos e bons meses. E se mais nenhum destes tweets de fundo amarelo, já bem conhecidos da internet, nos aparecer pela frente, é muito disto que nos espera em dezembro.
“Grand Theft Auto V”
Desenvolvimento: Rockstar Games
Plataformas: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X e PC
Data de lançamento: 17 de setembro de 2013
Sim, leu bem, estamos a falar de um jogo de 2013. Um dos produtos de entretenimento mais rentáveis de sempre vai voltar de cara lavada com uma versão otimizada para a nova geração de consolas. Foi inclusivamente dos primeiros títulos a ser anunciado nesse contexto, o que deu uma aura de inevitabilidade ainda maior a um registo que já nos acompanha há tantos anos. Muitos até lamentam que o enorme sucesso de GTA V possa ser o que impede o estúdio Rockstar de anunciar uma nova versão do universo “Grand Theft Auto”. Mas para quem nunca o jogou, para quem continue na eterna jornada para a riqueza que é GTA Online ou para quem queira só repetir uma das melhores implementações de um open-world de um estúdio que está cheio delas, este é um jogo sobre o qual será sempre difícil dizer ‘não recomendo’.
“Watch Dogs: Legion”
Desenvolvimento: Ubisoft Toronto
Plataformas: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X e PC
Data de lançamento: 29 de Outubro de 2020
Começa a ser quase tradição (porque aconteceu duas vezes) que a série “Watch Dogs” seja um dos pontapés de saída na mudança de geração. O primeiro jogo da série, de 2014, foi um dos títulos fortes dos lançamentos da PS4 e da Xbox One. Desta vez a série regressa novamente na fronteira das gerações com “Watch Dogs: Legion”, que já está disponível no hardware atual, e é um open-world virado para o hacking como forma de contra-cultura. Os personagens principais dos títulos anteriores foram substituídos pela possibilidade de recrutar qualquer pessoa nas ruas de Londres cuja capacidade possa servir os propósitos do coletivo de hackers DedSec. Se esta versão ultra-moderna de Londres que a Ubisoft nos deu já tem um ar impressionante, a versão para as novas consolas será certamente algo a estar atento.
“Final Fantasy XVI”
Desenvolvimento: Square Enix
Plataformas: PS5, exclusividade temporária
Data de lançamento: A anunciar
Este é daqueles que na verdade poderia estar nos jogos exclusivos da PS5, mas se títulos anteriores da saga “Final Fantasy” são exemplo, a exclusividade de “Final Fantasy XVI” será temporária e o título acabará por chegar às restantes plataformas a dada altura. Fora isso, o que temos é um trailer cheio de promessa com o único elemento menos alegre no tempo (mais do que um ano, possivelmente) que tudo isto ainda vai demorar a chegar até nós. Mas à semelhança de “Final Fantasy XV” ou do remake de “Final Fantasy VII”, teremos aqui certamente um dos pesos-pesados daquilo que será a próxima geração de videojogos.
PlayStation 5:
“God of War Ragnarok”
Desenvolvimento: Santa Monica Studio
Plataformas: PS5
Data de lançamento: 2021
https://www.youtube.com/watch?v=dmQ5JwthUpE
O título anterior significou não só o redesenhar de todos os fundamentos da série “God of War”, mas foi também um dos títulos mais aclamados dos últimos anos, batendo inclusivamente “Red Dead Redemption 2” como jogo do ano nos Game Awards. Os detalhes são poucos, para já, mas este será obviamente um dos exclusivos que só por si vai fazer vender muitas e boas unidades da PS5. Apesar de alguns rumores que falam de um atraso para 2022, o próximo ano continua a parecer o plano para podermos voltar a ser Kratos e explorar a mitologia nórdica — ou pronto, ligar pouco a isso e matar uns maus da maneira mais violenta que os punhos, escudo e martelo da personagem nos permitam.
“Horizon Forbidden West”
Desenvolvimento: Guerilla Games
Plataformas: PS5, PS4
Data de lançamento: 2021
“Horizon Zero Dawn” foi uma das mais agradáveis surpresas da última geração. O aparecimento de uma propriedade intelectual completamente nova tende a ser um pequeno oásis numa indústria cheia de remakes e sequelas. Quando isso também dá num dos jogos mais impressionantes do ponto de vista gráfico em muitos anos, então não estamos mal. A coisa correu tão bem que é natural que a sequela seja o próximo passo e que a Sony esteja a investir neste como um título essencial para a PS5 nos seus primeiros tempos. Este parece um bom momento para notarmos que muitos jogos aqui são action-RPGs em third-person, mas quando essa é a fórmula que tem funcionado para os exclusivos da Sony, isso será sempre compreensível. Este será mais um, é certo, mas os encantos desta espécie de mundo distópico, entre os elementos naturais e a tirania das máquinas, bem como a possibilidade de podermos voltar a ser Aloy, uma das boas personagens da última geração, será sempre uma boa notícia.
“Spider-Man: Miles Morales”
Desenvolvimento: Guerilla Games
Plataformas: PS5, PS4
Data de lançamento: 12 de Novembro de 2020
https://www.youtube.com/watch?v=gHzuHo80U2M
Vai ser um dos títulos de lançamento da PS5 e não é de todo uma surpresa que o seja e que Miles Morales seja desta vez a personagem de destaque deste novo jogo que nos permite ser o mais influente de todos os super-heróis. O desenrolar da narrativa de “Spider-Man”, de 2018, já tinha deixado antever que este seria o caminho que o estúdio Insomniac tinha visualizado para o seu controlo sobre as novas adaptações do Homem-Aranha aos videojogos. Daqui o que podemos esperar é uma versão aperfeiçoada daquilo que funcionou tão bem em 2018, em que o primeiro título deu toda a legitimidade ao chavão “faz-nos mesmo sentir como se fôssemos o Homem-Aranha”, mas desta vez na personagem de Miles Morales, cuja adaptação no cinema de animação “Spider-Man: Into The Spiderverse” já foi por si um enorme triunfo. Ao contrário de outros jogos desta lista, este vai estar já disponível no lançamento da PS5 e a sua presença na PS4 também é uma ótima notícia para os que ainda não estejam prontos a saltar de geração.
“Ratchet And Clank: Rift Apart”
Desenvolvimento: Insomniac Games
Plataformas: PS5
Data de lançamento: 2021
Ainda nas aventuras da Insomniac Games temos mais uma entrada numa série que se tornou uma espécie de bastião algo silencioso do universo PlayStation. Será uma continuação da história de “Ratchet And Clank: Into The Nexus” mas com elementos de jogabilidade mais ligados ao remake do primeiro jogo, de 2016. ‘Elementos’ é como quem diz, controlar Ratchet, o fofinho ser da espécie Lomax e o seu companheiro robot Clank, num registo em que a estética mais cartoon consegue juntar-se a um sentido de humor que consegue muitas vezes ser surpreendentemente mordaz. Entre um remake e alguns spin-offs, este será o oitavo título de uma saga que conta com títulos tão bons como “Ratchet & Clank: A Crank In Time” ou “Ratchet & Clank: Going Commando”. Uma edição com tudo isto remasterizado já começa a ser um pedido razoável para os fãs da série, mas se isso não acontecer, este compromisso não parece nada mau.
“Demon’s Souls”
Desenvolvimento: From Software
Plataformas: PS5
Data de lançamento: 19 de novembro de 2020
É mais um capítulo no exercício delicioso entre pensarmos que estamos a jogar alguns dos melhores jogos de sempre e querermos ao mesmo tempo atirar o comando pela janela ou puxar os cabelos em desespero. É este o encanto dos jogos deste estúdio que nos deu a saga Dark Souls, “Bloodborne” ou “Sekiro: Shadows Die Twice”, todos tesouros nesta dicotomia, cada um à sua maneira. Agora temos o remake de uma das suas pérolas mais antigas “Demon’s Souls”, de 2009. Está quase aí e a sua exclusividade na PS5 também não será certa, mas se “Bloodborne” servir de exemplo, a PlayStation será a casa mais segura para este essencial de quem gosta das coisas difíceis. De resto, podemos esperar a versão mais polida do combate que tornou os jogos da From Software tão popular, com bosses bem tramados a acompanhar e uma atmosfera que sabe intercalar momentos de silêncio interrompidos pela alta tensão épica. Nenhum jogo da From Software é um mau ponto de entrada nestes mundos, e este não parece fugir à regra.
Xbox Series X:
“Halo Infinite”
Desenvolvimento: Xbox Game Studios
Plataformas: Xbox Series X, Xbox One, PC
Data de lançamento: Dezembro de 2020
Foi um dos primeiros títulos a ser anunciado para a nova Xbox Series X e faz todo o sentido que assim seja. Desde a primeira versão da consola, “Halo” tem sido uma das suas imagens de marca, uma espécie de Mario, mas em forma first-person-shooter em que o online é o principal campo de batalha e que o headset como arma para chamar nomes ao adversário se tornou algo parecido com um bem essencial. Ainda assim, a narrativa da campanha de single-player não parece ter sido esquecida e Master Chief, a personagem icónica da série, parece ter uma subtileza narrativa mais musculada nesta nova versão. Com alguns atrasos e incerteza na data de lançamento, dezembro parece ser o mês em que nos chega, e quem opta pelo caminho Xbox pelo peso da sua comunidade bastante militante no online não deverá ficar desiludido. Como nos restantes títulos da Xbox, a versão PC e a ligação deste título ao serviço Xbox Game Pass também será certamente um ótimo ponto de venda para muitos.
“Fable”
Desenvolvimento: Playground Games
Plataformas: Xbox Series X, PC
Data de lançamento: Por anunciar
Mais um dos nomes fortes do universo Xbox promete ter a sua primeira iteração desde 2012, com “Fable: The Journey”. É mais um daqueles em que não há muito mais informação sem ser um teaser bonito, portanto vai existir com a promessa de um regresso a esta série RPG com um dos mundos em que a fantasia existe no seu estado mais puro como pano de fundo. Poderemos também esperar um sistema de combate a brilhar por aquele tipo de complexidade divertida que nunca deixa de dar muita durabilidade a este tipo de coisa.
“State Of Decay 3”
Desenvolvimento: Undead Labs
Plataformas: Xbox Series X, PC
Data de lançamento: A anunciar
Não é o nome mais pesado desta lista, longe disso, mas quem já tenha jogado algum dos dois jogos da série “State of Decay” entenderá que apareça aqui. Apesar de um certo abrandamento no registo dos zombies depois de alguns anos em que chegou a parecer que já não se faziam jogos sobre outra coisa, “State of Decay” é um exercício de levar uma comunidade a sobreviver à versão mais comercializável de todas as hipóteses de apocalipse – o renascer dos mortos. Aqui a aventura passa por criar pequenas comunidades das personagens que vamos recrutando e tentar recuperar o mapa da loucura instalada, na medida do possível. Se continuar a senda dos dois títulos anteriores, é sem dúvida um dos bons pontos a esperar da nova era dos videojogos que a Microsoft terá para nós.
“Avowed”
Desenvolvimento: Obsidian Entertainment
Plataformas: Xbox Series X, PC
Data de lançamento: A anunciar
Os tipos que fizeram “Fallout: New Vegas” e “The Outer Worlds” estão aqui a postos para novas aventuras. Vamos ser muito honestos — quem vos escreve não sabia que este jogo ia sair até ao momento de pesquisa deste artigo e agora está bem entusiasmado. “New Vegas” continua a ser uma das melhores versões que o universo “Fallout” alguma vez nos deu e “The Outer Worlds” acaba por ser o seu verdadeiro sucessor espiritual. O facto de o trailer de “Avowed” ser essencialmente uma seta seguida na perspetiva first-person não indica mais nada do que o estúdio Obsidian querer fazer o seu próprio “Skyrim” — um dos maiores action RPG de todos os tempos. Nessa lógica, não há nada no anúncio da existência deste jogo que não seja uma ótima notícia. Infelizmente, para já, estas são as poucas informações disponíveis, mas se há jogos cujo desenvolvimento valerá a pena ser acompanhado, este é certamente um deles.
“Everwild”
Desenvolvimento: Rare
Plataformas: Xbox Series X, PC
Data de lançamento: A anunciar
Já aqui falámos da lufada de ar fresco que todas as novas propriedades intelectuais significam para a indústria dos videojogos. “Everwild” é exemplo, para nos fornecer mais alguma dessa promessa. É difícil não olhar para o trailer sem recordar “Legend of Zelda: Breath of the Wild”, que continua a ser um jogo mais influente em linguagem visual e gameplay do que até a sua incrível receção deixa transparecer. A promessa está toda do lado do estúdio Rare, que, por exemplo, com “Sea of Thieves” traz uma forma jovial e altamente personalizada do que é a vida do pirata. Quem já jogou “Sea of Thieves” sabe que a estética é um elemento sempre presente para a Rare e, se mais argumentos são precisos, nunca — mas mesmo nunca – esquecer que isto nos vai ser trazido por quem fez “GoldenEye 007” para a N64. Uma referência algo datada, mas que será canónica para o mundo dos videojogos, em qualquer futuro.