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AFP/Getty Images

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Três dias sem tirar (nem pôr) os olhos dos reis de Espanha

Por baixo de todo o aparato, como se comportam Felipe VI e Letizia numa visita de Estado? Seguimos os reis tão perto quanto possível nos três dias que passaram em Portugal. Eles seguiram o protocolo.

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Faltava exatamente um ano para o ataque às Torres Gémeas, em Nova Iorque, quando os reis de Espanha fizeram a última visita de Estado a Portugal. Letizia Ortiz era uma jornalista divorciada há menos de um ano e Felipe de Borbón, o Príncipe das Astúrias, era possivelmente o homem mais desejado de Espanha. Foi a 11 de setembro de 2000 que os Reis Juan Carlos e Sofia visitaram o país irmão. Dezasseis anos depois, Felipe é VI e Letizia é consorte. Marcelo Rebelo de Sousa é Presidente e convidou os monarcas para uma visita de três dias, com passagem pelo Porto, Guimarães e Lisboa. Após alguns adiamentos devido à crise de Espanha, aceitaram o convite.

A visita começou na segunda-feira, na sala de visitas da cidade do Porto chamada Avenida dos Aliados. Enquanto os jornalistas esperavam para serem revistados, os muitos enviados espanhóis recebiam o discurso que sua majestade iria proferir dali a uma hora. “Um pouco mais de criatividade, ah!”, lamentava uma jornalista aos colegas, que percorriam a folha A4 e apontavam a falta de elogios à cidade anfitriã.

À volta dos Aliados e da Praça da Liberdade estão algumas centenas de pessoas, à espera dos reis e da cerimónia. Esteve mais gente no verão, para receber a Seleção Nacional campeã europeia, mas a moldura humana não envergonha. Os reis não chegam de coche, como noutros tempos, mas sim num Rolls Royce preto, dos anos 60. Minutos antes chega Marcelo Rebelo de Sousa, de Mercedes, pontual como sempre, juntando-se aos 120 militares ali presentes. Felipe e Letizia atrasam-se uns minutos. E, mesmo sem coche, não faltam os cavalos, da GNR, a abrir caminho.

Primeiro sai Felipe, do banco de trás do carro. Não perde tempo e acena às pessoas que ali estão, separadas dos monarcas por uma grade, ainda que próximas o suficiente para ver o brilho dos olhos azuis do rei espanhol. Só depois o segurança abre a porta a Letizia Ortiz. A dança é a mesma: acenar às pessoas, depois virar-se de costas, esperar que o marido se junte a ela e então caminharem sobre a passadeira vermelha estendida na Praça. Se estivéssemos em 2002, talvez Letizia fosse uma das jornalistas ali presentes, encarregue de analisar discursos e atos oficiais em Portugal. Mas não. Desde 2003, quando assumiu o relacionamento com o Príncipe das Astúrias, que ela é a notícia. Desde o momento que sai do carro que os antigos colegas de profissão começam a juntar palavras. O que veste, que joias traz, como se comporta.

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A rainha que não se importa de repetir a roupa em eventos públicos veste, na segunda-feira de manhã, o mesmo conjunto que tinha levado ao casamento do príncipe do Luxemburgo, em outubro de 2012. Não está frio, o que lhe permite vestir um casaco comprido rendado em tom lilás com toques de seda, uma criação de um dos estilistas a quem mais gosta de recorrer, o espanhol Felipe Varela. Por baixo do casaco, que lhe marca a fina figura, traz um vestido de um lilás mais escuro, ligeiramente acima do joelho. Os saltos são altos o bastante para ficar da mesma altura de Marcelo Rebelo de Sousa, que os reis cumprimentam de seguida.

Os canhões disparam bem alto com as salvas aos reis e eles nem tremem. Tocam-se os hinos e ninguém se mexe. Letizia segura a clutch, também de Felipe Varela, enquanto Marcelo e Felipe passam revista aos militares. A rainha preferiu trazer o cabelo apanhado e uns brincos que se destacam à distância. Continuam pela passadeira vermelha que os leva à Câmara Municipal e, perante os fotógrafos e repórteres de imagem, param para a foto oficial: Felipe, Marcelo, Letizia e Rui Moreira, da esquerda para a direita, todos sorridentes. Letizia aproveita para falar com Marcelo enquanto sobem para a Câmara. É impossível perceber do que falam, mas o Presidente chega a segurar-lhe o braço por momentos.

Felipe é charmoso e destaca-se sempre, seja pela presença, seja pela forma como lidera qualquer visita. Afinal, é ele o rei. E há até quem se curve quando ele estende o braço para um aperto de mão.

Os jornalistas não têm ordem para entrar porque haveria transmissão em direto da sala de imprensa, mas a tecnologia não funciona. Por esse motivo, acabamos por passar a porta do salão nobre às 12h10, a tempo de assistir ao discurso do rei. Felipe VI veste um fato azul e uma gravata de cor pastel. Enquanto lê o discurso, vai olhando a espaços para a plateia. Sorri nas frases finais, quando agradece a “hospitalidade” e manifesta “alegria” por visitar a “querida cidade, tão cheia de história. Invicta no passado e, sem dúvida, vitoriosa no futuro”. Letizia assiste sentada na fila da frente. Felipe é charmoso e destaca-se sempre, seja pela presença, seja pela forma como lidera qualquer visita. Afinal, é ele o rei. E há até quem se curve quando ele estende o braço para um aperto de mão.

Saem tal como entram, juntos. Ao descerem a rampa que liga a Câmara à rua, dirigem-se a um grupo de crianças de escolas do Porto que grita “viva Espanha” e agitam bandeirinhas do país de nuestros hermanos. Letizia e Felipe sorriem muito e cada um fala com as crianças, com o à vontade que o protocolo não deve permitir que tenham com os adultos. Não percebemos se o fazem em castelhano ou em português, nem se elas entendem, porque os jornalistas são mantidos à distancia. À medida que crescem, a princesa Leonor, de 11 anos, e a infanta Sofía, de nove, veem-lhes serem subtraído tempo de brincadeira a favor da participação em eventos oficiais, ou não fossem elas as futuras representantes de Espanha. Não vieram a Portugal, até porque durante a semana há escola.

Letizia dentro do Rolls-Royce. © AFP/Getty Images

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O primeiro dia é dedicado à Cultura e a próxima paragem é a exposição do artista catalão Joan Miró, que tanta tinta fez correr em Portugal. À porta da Casa de Serralves não há populares para receber suas majestades, só os muitos flashes dos fotógrafos. Mais uma vez, a visita é vedada a jornalistas. O arquiteto Siza Vieira e o curador Robert Lubar Messeri são alguns dos incumbidos de guiar os reis pela mostra, assim como Ana Pinho, a presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves, que escolheu um vestido cor de rosa, a combinar com a Casa. À entrada e à saída, os reis caminham sempre lado a lado, sorridentes. A saída é, contudo, mais rápida do que estipulava o programa. “Miró, miró, pero no han visto nada”, comenta sarcasticamente uma jornalista espanhola.

Descodificando as faixas e colares pomposos

Para o jantar no Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, Letizia troca o lilás pelo preto, mas não troca a estratégia: repetir o guarda-roupa. Olhando para o elegante vestido Carolina Herrera, comprido, rendado e com transparências nos ombros, seria uma pena imaginá-lo no guarda-fatos real, aprisionado por culpa do velho cliché de que não se deve repetir um visual.

Tal como ao almoço, os jornalistas também não têm acesso ao jantar. E tal como na Praça da Liberdade, os monarcas mostram-se muito divertidos com as crianças que os aguardam. Sobre fatos e vestidos, os reis têm faixas de condecoração e colares, assim como o Presidente da República, o primeiro-ministro e o presidente da Assembleia da República. Os graus elevados que foram atribuídos traduzem as boas relações entre os dois países, mas, sobretudo, “que querem que sejam melhores”, explicou ao Observador José de Bouza Serrano, ex-embaixador e ex-chefe de Protocolo do Estado português.

De acordo com O Livro do Protocolo, que lançou pela Esfera dos Livros, é possível ver que Felipe VI tem ao pescoço o Tosão de Ouro, por ser ele o Soberano Grão-Mestre da Ordem do Tosão de Ouro. Tem também, em destaque, o Grande-Colar da Ordem da Torre e Espada, este atribuído ao rei por Marcelo Rebelo de Sousa, e o mais alto grau da Ordem. A faixa azul é da mesma Ordem. Até 2011, era apenas concedido, no final do mandato, a quem tivesse exercido o cargo de Presidente da República. A partir dessa data, voltou a poder ser também concedido a chefes de Estado estrangeiros, antigos chefes de Estado e a pessoas “cujos feitos, de natureza extraordinária e especial relevância para Portugal, os tornem merecedores dessa distinção”, pode ler-se na página da presidência.

Os monarcas espanhóis e os goverantes portugueses trocaram condecorações em Guimarães. © Octávio Passos / Lusa

Octávio Passos / Lusa

À rainha consorte, o Presidente da República concedeu a Grã-Cruz de Cristo. No entanto, de acordo com o livro de José de Bouza Serrano, a faixa é mais larga do que deveria ser, uma vez que as faixas concedidas a mulheres devem ser mais estreitas.

Em troca, os reis de Espanha ofereceram a Marcelo Rebelo de Sousa o Colar da Ordem de Isabel a Católica, um grau de primeira ordem, concedido “por atos de lealdade ao país por parte de cidadãos espanhóis ou estrangeiros”. O Presidente enverga ainda a Banda (ou faixa) das Três Ordens. Cada uma das três cores representa as Grã-Cruzes das Antigas Ordens Militares de Cristo, de Avis e de Sant’Iago da Espada, e só o Presidente da República a pode usar. Por fim, Felipe VI concedeu a Grã Cruz da Ordem de Carlos III a Marcelo, António Costa e Ferro Rodrigues.

Caminhar em público? Só de carro

Uns minutos de atraso e aí estão os reis para mais uma manhã de agenda, desta vez dedicada à tecnologia. A primeira paragem (o carro vai mesmo até à porta, apesar de o percurso natural ser a pé) é o Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto e, desta vez, a ordem de saída do carro inverte-se em relação à da manhã anterior: Letizia sai primeiro, Felipe dois segundos depois. Mais próximo de Rui Moreira, o rei prontamente cumprimenta o presidente e as restantes personalidades que o aguardam à porta do edifício, situado numa área que foi totalmente vedada a estranhos pelas autoridades. Letizia contorna o carro e também lhe imita a saudação — um cumprimento de mão, como se tivessem acabado de selar um negócio.

De seguida dão os bons dias aos jornalistas, param para uma fotografia e entram em mais um espaço fechado à comunicação social, exceção feita a alguns fotógrafos e a uma câmara de televisão do Porto Canal. O sol e a temperatura fria mantiveram-se, e Letizia optou por um conjunto de vestido e casaco mais outonal. O marido escolheu um fato cinzento, uns sapatos bordeaux e uma gravata cinza clara com apontamentos, combinando na perfeição com o fato e o calçado.

É através da televisão que se consegue seguir parte da visita guiada. Começa com uma apresentação multimédia em inglês e com um pequeno discurso do reitor da Universidade, em português. Todos assistem sentados e o rei acena várias vezes com a cabeça. Letizia cruza a perna direita, Felipe a esquerda, ficando as suas pernas viradas para lados opostos. 45 minutos e muitos — mesmo muitos — apertos de mão depois, voltam a entrar no Mercedes preto em direção ao I3S, segunda e última paragem antes do almoço, no Palácio da Bolsa.

Poucos metros separam um edifício do outro. No entanto, não só os monarcas atravessam a rua de carro (possivelmente em primeira, que o percurso não requer mais), como ainda o fazem com as muitas motas da polícia à abrir um caminho vazio, já de si controlado pelas autoridades. Pouca sorte a dos jornalistas e das pessoas que ali foram para os ver. Junto à entrada do instituto estão alguns curiosos e fãs da monarquia, que aplaudem os reis espanhóis assim que eles saem da viatura. Mas se a espera é longa a conquista é curta, porque os monarcas entram no edifício passado um minuto.

Nesses 60 segundos, os reis dão mais um aperto de mão ao presidente Rui Moreira, que foi andando para o Palácio da Bolsa, onde decorreria o almoço. Felipe VI recebe um longo e apertado aperto de mão do diretor do instituto I3S. O rei olha sempre nos olhos de quem lhe estende a mão, enquanto os olhos de Letizia por vezes avançam para o próximo na fila. À entrada, a rainha consorte também avança cedo demais, enquanto o rei fica a ouvir uma explicação de duas mulheres, cuja conversa a câmara do Porto Canal não capta. Chamam-no, ele pede mais um minuto, mas acaba por ceder e continua em frente no apertado programa.

Lá dentro, sentam-se numa mesa retangular de reunião e, enquanto os investigadores ocupam os restantes lugares, Letizia comenta algo com o rei e os dois conversam durante breves momentos.

Os reis no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto. © José Coelho/POOL/EPA

JOSE COELHO/POOL/EPA

Aparições breves e apertadas medidas de segurança

Tirando as chegadas às Câmaras Municipais do Porto e de Lisboa, onde os reis tiveram de assistir às honras militares preparadas para a sua receção, é difícil pôr os olhos em cima dos monarcas. “As suas majestades estão atrasadas”, é comunicado aos jornalistas que aguardam a chegada de Felipe VI e Letizia à capital. O relógio marca 16h em ponto mas os reis ainda estão a aterrar no Aeroporto de Lisboa. Com uma forte escolta de contingente policial, são recebidos na Praça do Município com honras militares em menos de dez minutos. “Viva aos reis de Espanha!”, ouve-se gritar. Em resposta, apertam-se as medidas de segurança e a multidão põe-se em bicos de pés, estica a cabeça e vê pouco mais que os saltos finos de Letizia a pisar a calçada portuguesa.

Calmamente, a rainha dirige-se para o lado do marido de cariz baixo. Ambos quase nunca se olham: o olhar tem de ser partilhado com quem os acompanha e com quem os espera, reza assim o protocolo. Letizia ora mira o chão, ora sorri timidamente e olha para a frente de queixo firme e erguido. Enquanto se ouvem os hinos nacionais e o marido passa a revista à guarda de honra, a rainha olha discretamente para os lados. “Letízia, Letízia”, suplicam os fotógrafos. E como manda o cargo, Letizia sorri, acena ao público e vira-se ligeiramente para a esquerda, para ser fotografada minutos antes de ser rodeada por uma equipa de seguranças.

Com uma maquilhagem imaculada e sem um cabelo fora do sítio, pisa a passadeira vermelha da Câmara Municipal de Lisboa com um conjunto saia casaco de lã e caxemira em três cores (cinza, castanho e laranja) de Hugo Boss, no valor de 808 euros. A rainha troca breves palavras de boas-vindas com Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, mas só recebe de braços abertos os alunos da escola básica Adriano Correia de Oliveira e do Instituto Espanhol. A sua expressão ilumina-se quando recebe um quadro com entusiasmo. “Gracias”, agradece com um sorriso de orelha a orelha.

Durante o jantar oferecido pelo primeiro-ministro António Costa. © LUSA

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Se é difícil ver os reis de perto, os poucos minutos em que surgem em público mostram que também é raro eles verem-se um ao outro. Felipe e Letizia raramente se olham. Nunca se tocam. A exceção acontece ao som dos fados “Foi Deus” e “Barco Negro”, cantados ao vivo por Cuca Roseta. Felipe VI sussurra algo aos ouvidos da mulher mas esta limita-se a acenar afirmativamente enquanto recupera a distância de 50 centímetros do marido rei. Uma relação fria que honra os protocolos da monarquia mas destoa da cumplicidade entre o Príncipe William de Inglaterra e Kate Middleton, conhecidos (a acarinhados) por trocarem olhares e até darem as mãos em frente aos fotógrafos.

Chega à hora do jantar oferecido pelo primeiro-ministro António Costa e os soberanos chegam separados, com alguns minutos de diferença. Felipe VI foi o primeiro e encontrou-se com o chefe de governo, seguindo-se a rainha, que à sua espera tinha Fernanda Tadeu, mulher de António Costa. Cumprimenta-a, troca breves palavras e limita-se a olhar em frente enquanto contém cada passo, palavra e gesto. Vale-lhe o vestido verde de seda bordado com cristais jade, estreado na entrega dos prémios Príncipe das Astúrias em outubro de 2013, que fala por si quando todas as intervenções devem ter um suporte escrito.

E se é difícil vê-los, os poucos minutos em que surgem em público mostram que também é raro eles verem-se um ao outro. Raramente se olham. Nunca se tocam. 

De braço dado, mas só por causa da chuva

“Devido às condições meteorológicas, espera-se que o rei não cumpra o protocolo e entre na Assembleia da República sem passar a revista à guarda de honra”, ouve-se anunciar na manhã do terceiro e último dia da visita de Estado dos reis de Espanha a Portugal. Mas o protocolo oficial fala mais alto e a três minutos das 11 da manhã, Felipe VI respeita as honras militares ao lado de Eduardo Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República. Letizia permanece imóvel, ao lado de Maria Filomena, e cumprimenta as nuvens cinzentas com um olhar vazio. Para a sessão solene no Parlamento, a soberana estreou um segundo coordenado nesta visita de Estado: um vestido e casaco cinzento, da criadora Carolina Herrera.

Sem anéis ou unhas pintadas, a rainha coloca a mão direita sobre a esquerda e sorri sem razão aparente. Cumpre religiosamente cada regra de etiqueta e permanece firme a subir as escadas de pedra com os seus sapatos de estampado animal, assinados pela marca Magrit. Já o rei mantém a hospitalidade dos primeiros dias: acena, ri e olha para todos os lados. De partida para o Palácio de Palhavã, residência do embaixador de Espanha em Lisboa, Felipe VI surge de braço dado com Letizia mas tem uma desculpa solene: o piso está escorregadio da chuva e os saltos favoritos da rainha podem ser traiçoeiros.

A despedida revela-se menos calorosa. Horas antes de regressar a Espanha, as suas majestades visitam a Fundação Champalimaud ao lado do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e de Leonor Beleza, presidente da Fundação. Para enfrentar a chuva e o frio, a soberana trocou a indumentária da manhã por um casaco preto de estilo militar — com botões dourados e detalhes em camurça — conjugado com calças cinzentas Hugo Boss e uma carteira bicolor com dois fechos. Sem querer, toca levemente no braço do marido e os seus olhares cruzam-se por uns breves segundos até voltar à sobriedade e formalidade a que família real já nos habituou. Sorri firmemente, mantém uma postura ereta e despede-se com a dança do costume: acena às pessoas, vira-se de costas e entra no carro.

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