O furacão Milton chegou à costa oeste do estado norte-americano da Florida, com ventos de 195 quilómetros por hora, e às primeiras horas da madrugada de quinta-feira, dia 10 de outubro. Deixou centenas de casas destruídas, cerca de três milhões de pessoas sem eletricidade e custou a vida a pelo menos 23 pessoas, de acordo com as autoridades locais.

A juntar a este rasto de caos e destruição, garantem publicações nas redes sociais, o Milton também teria obrigado ao encerramento do mundialmente conhecido Disney World, em Orlando, depois de o parque de diversões ter ficado “completamente inundado”.

A acompanhar os posts há várias fotografias, que mostram o icónico castelo da Cinderela e outros locais emblemáticos do parque de diversões literalmente debaixo de água. O antigo vice-ministro do Interior ucraniano Anton Gerashchenko foi uma das inúmeras pessoas que as partilhou — apenas para apagar o post na rede social X pouco tempo depois. A história, afinal, não estava assim tão bem contada.

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Na verdade, o parque até esteve mesmo encerrado, por causa da passagem do furacão Milton, que atingiu terra com uma classificação de 3 numa escala que vai de 1 a 5.

No dia 9 de outubro, quarta-feira, ainda antes de a tempestade chegar, o Walt Disney Word Resort anunciou que, por uma “questão de segurança”, ia encerrar a partir das 14h e que assim permaneceria, pelo menos durante todo o dia de quinta-feira.

Quando, no dia seguinte, começaram a ser publicadas as fotografias do parque “completamente inundado”, o Walt Disney Word Resort já tinha anunciado no X (antigo Twitter) que, no dia seguinte, sexta-feira, o funcionamento “normal” seria retomado — sem uma palavra sobre as alegadas cheias no recinto.

Nas redes sociais é possível encontrar fotografias captadas cinco dias depois, por turistas, justamente em frente ao castelo da Cinderela, e não são visíveis quaisquer estragos decorrentes da suposta inundação.

O que salta à vista a partir da análise das fotografias que alegadamente mostram o parque de diversões alagado são as diferenças na comparação com as imagens partilhadas nos canais do próprio parque e por turistas. A disposição de algumas torres é diferente, alguns varandins deixaram de existir e há postes de iluminação fora do sítio.

“Existem defeitos estruturais evidentes e óbvios em todas as imagens, incluindo reflexos inconsistentes na água”, explicou entretanto à AFP Hany Farid, professor e antigo diretor da Faculdade de Informação da Universidade de Berkeley, na Califórnia, que é especialista na análise de imagens digitais e na deteção de imagens geradas ou manipuladas digitalmente.

Ao que tudo indica, acrescentou o perito, as imagens em questão foram criadas por Inteligência Artificial (IA). “Os nossos modelos treinados para distinguir imagens reais de imagens geradas por IA assinalam estas imagens como provavelmente geradas por IA.”

Conclusão

Não é verdade que o Walt Disney Word Resort, em Orlando, tenha ficado “completamente inundado” em consequência da passagem do furacão Milton pela Florida. É verdade que o parque de diversões esteve encerrado durante um dia e meio, sim, mas por questões de segurança dos trabalhadores e visitantes e não porque o espaço tenha ficado alagado. As fotografias partilhadas nas redes sociais não são verdadeiras. São, sim, imagens geradas por Inteligência Artificial.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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