Está a espalhar-se nas redes sociais a notícia da alegada morte de uma idosa de 77 anos a 9 de janeiro deste ano, supostamente num “campo de concentração de Lula”. A data em causa é o dia seguinte à invasão do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto em Brasília por apoiantes do ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

Embora a maioria das publicações seja vaga, algumas oferecem mais contexto: dizem que a mulher de 77 anos foi detida pela Polícia Federal num pavilhão da Academia Nacional, juntamente com outros 1.200 manifestantes envolvidos nas invasões da semana passada, e que perdeu a vida por falta de assistência por não ter recebido água, comida ou atendimento médico após ter-se queixado de dores no peito.

Várias publicações começaram a surgir nas horas seguintes às invasões em Brasília a 8 de janeiro.

As publicações fazem referência a um “campo de concentração de Lula” como sendo as instalações da Polícia Federal.

Algumas publicações afirmam que a mulher morreu por falta de assistência.

A história, no entanto, é falsa. A fotografia que surge nas publicações, algumas das quais ilustradas com a bandeira do Brasil e manchas de sangue, foi retirada de um banco de imagens (a Pexels) e até já foi utilizada noutros artigos em conteúdos com os títulos: “Como evitar o envelhecimento precoce dos dentes”, “Veja a relação de dormir e felicidade” ou “Microbiota intestinal e envelhecimento saudável”.

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Mais do que isso, a idosa que aparece nas publicações morreu meses antes da invasão e da data de óbito que surge nas redes sociais. Num vídeo publicado no Instagram e noticiado pelo G1, a neta da mulher revelou que a idosa se chama Deolinda Tempesta Ferracini e que morreu a 10 de outubro de 2022, aos 80 anos, na sequência de um acidente vascular cerebral (AVC).

Estão a pegar na foto da minha avó e a dizer que ela morreu em um campo de concentração, coisas de política”, conta a mulher, cujo marido é o autor da imagem. “Por favor, se vocês virem, apenas denunciem”, apelou: “Estou muito chateada, muito mesmo. O banco de imagens da foto da minha avó não dá direito ao uso indevido. Já lutamos uma vez contra isso”, prosseguiu: “Agora outra vez, fake news porca, nojenta.”

A Polícia Federal já comentou as publicações nas redes sociais e confirmou que nem esta idosa nem qualquer outra morreu na data indicada na Academia Nacional. “A Polícia Federal informa que é falsa a informação de que uma mulher idosa teria morrido na data de hoje (9/1) nas dependências da Academia Nacional de Polícia”, pode ler-se na página oficial no Twitter.

Conclusão

Não é verdade que uma idosa de 77 anos tenha morrido nas instalações da Polícia Federal em Brasília depois de ter sido detida por envolvimento nas invasões de 8 de janeiro. As autoridades já asseguraram que nenhuma morte de uma idosa se registou nesse local na data indicada. E uma familiar da mulher que surge nas imagens já veio informar que ela morreu em outubro do ano passado, três meses antes das invasões.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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