O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, assinalou hoje os 100 dias de guerra da Rússia na Ucrânia pedindo ao Presidente russo, Vladimir Putin, que cesse “imediatamente o conflito, sofrimento e agitação global causados pela sua escolha”.

“O nosso objetivo é direto: os Estados Unidos querem ver uma Ucrânia democrática, independente, soberana e próspera com os meios para dissuadir e se defender contra novas agressões”, disse Blinken em comunicado.

Nesse sentido, o secretário de Estado reiterou os apelos a Putin para que encerre “imediatamente” este conflito, frisando que nem os Estados Unidos, nem os seus aliados e parceiros, procuram prolongar a guerra para infligir dor à Rússia.

A nova embaixadora norte-americana na Ucrânia disse à BBC que o “foco total” de Washington “é ajudar a Ucrânia a defender-se e deter a agressão russa”.

Estados Unidos vão enviar rockets de maior alcance para a Ucrânia. Novo pacote de armamento de 700 milhões de dólares

Sobre a promessa dos sistemas de rockets a longo alcance, Bridget Brink afirmou que “é um reconhecimento de que a situação mudou” e é aquilo que as forças ucranianas precisam.

Acrescentou igualmente que os EUA “receberam garantias” do Presidente Zelensky de que os sistemas “não serão usados ​​contra alvos russos em território russo”.

São vários os líderes que têm deixado nas redes sociais mensagens para assinalar o 100º dia da Guerra na Ucrânia.

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Ann Linde, prometeu que “a pressão sobre a Rússia aumentará até que a agressão termine”.

100 days since ???????? full-scale invasion of ????????. ???????? stands strong and has our full support. Pressure on ???????? will increase until aggression has ended. Aggression & war crimes have no place in the 21st century.

— Ann Linde (@AnnLinde) June 3, 2022

O governador regional de Lugansk, Serhiy Haidai, numa entrevista aos media locais, confirmou que as tropas de Zelensky recuperaram 20% do território da cidade de Severodonetsk.

Enquanto antes a situação era difícil, a percentagem [detida pela Rússia] rondava os 70%, agora já os empurramos para trás aproximadamente 20%”, disse, citado pela Reuters.

Antes do início da guerra, a 24 de fevereiro, o Presidente francês dialogou com Putin, separado por uma enorme mesa.

Agora, numa entrevista à televisão francesa, contou parte da conversa que teve com o líder russo, já numa altura em que as bombas caem em solo ucraniano:

Disse-lhe que ele cometeu um erro histórico e fundamental para o seu povo, para si mesmo e para a História”.

No fim, o que ganhou Putin? Ficar sozinho. “Isolar-se é uma coisa, mas conseguir sair é um caminho difícil”, prosseguiu Macron.

O líder francês não confirmou nem recusou uma ida a Kiev.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, falou por chamada telefónica hoje com o secretário-geral da NATO, na qual lhe contou as suas preocupações “legítimas” sobre a adesão da Suécia e da Finlândia.

Erdogan tem uma exigência, cita-a a CNN:

Ambos os países devem deixar claro que pararam de apoiar o terrorismo, que levantaram as sanções contra a Turquia e que estão prontos para mostrar solidariedade”

A Turquia acusa a Suécia e a Finlândia de conceder asilo a membros do PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, considerada uma organização terrorista perante Ancara.

O Presidente russo, Vladimir Putin, negou que Moscovo esteja a impedir a exportação de cereais nos portos ucranianos. Disse mesmo: “Ninguém o está a impedir”, cita-o o The Guardian.

“Se alguém quiser resolver o problema da exportação de grãos ucranianos, a maneira mais fácil é através da Bielorrússia”, apontou Putin, afirmando que para tal é necessário levantar sanções ao país de Minsk.

Minsk disponibilizou hoje o seu país como rota de exportação de cereais ucranianos, em troca de concessões como a abertura de portos do Báltico para os seus produtos, durante uma conversa com o secretário-geral da ONU.

Vladimir Putin reforçou ainda disse que os relatos da proibição da exportação de cereais era a forma dos países ocidentais tentarem encobrir os seus próprios erros políticos, culpando a Rússia pelos problemas no mercado global de alimentos.

O ministro dos Negócios Estrangeiros reconheceu hoje que as sanções impostas à Rússia afetam de forma diferente os países, mas salientou que o bloco europeu se mantém unido e o trabalho conjunto é mais visível do que as divergências.

João Gomes Cravinho falava em Luanda, à margem da 27.ª reunião do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em que o conflito na Ucrânia foi um dos temas abordados.

O chefe da diplomacia portuguesa congratulou-se com o facto de ter sido adotado no comunicado final um parágrafo sobre a Ucrânia chamando a atenção para a necessidade do respeito pelos princípios do direito internacional, integridade territorial e diálogo para uma resolução pacífica de conflitos.

O PCP defendeu esta sexta-feira que a investigação “acerca das alegações de crimes de guerra” ocorridos na Ucrânia deve ser realizada por “entidades efetivamente independentes”, considerando que o Tribunal Penal Internacional não tem condições para os julgar.

Esta justificação surge numa declaração de voto, assinada pela líder parlamentar comunista, Paula Santos, sobre o projeto de resolução do Livre – aprovado hoje em plenário apenas com o voto contra dos comunistas – que pede às autoridades nacionais para participarem no “esforço internacional” de investigação, acusação e condenação de crimes de guerra na Ucrânia.

As sanções da União Europeia foram hoje anunciadas – e na lista, não consta o chefe da Igreja Ortodoxa russa, devido à pressão da Hungria.

União Europeia sanciona Bielorrússia e formaliza sexto pacote de sanções à Rússia

Tenho a dizer que estou muito chateado. Lamento dizer que ontem encontramos um acordo sobre as sanções porque dissemos a Viktor Orbán: ‘Está bem, retiramos o Patriarca Cirilo I da lista’. Isto não é aceitável.”

Chegou o 100º de um conflito que, nas palavras do autarca de Kiev, é “entre o bem e o mal e a bondade e a justiça ainda vencem”. Fique aqui a conhecer o essencial sobre o que aconteceu durante o inicío da tarde:

• Interpol já alertou os países que estão a enviar armas à Ucrânia para fazerem o rastreamento do material. Armas podem chegar ao mercado negro para venda a nível mundial.

• Kremlin convocou uma reunião com media norte-americanos para anunciar “medidas mais rigorosas”. Maria Zakharova, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, explicou que o “convite” servirá para “explicar as consequências” da “linha hostil” adotada pelo Governo norte-americano “na esfera dos meios de comunicação social”.

• Comissão de Inquérito ao acolhimento de refugiados foi chumbada

• Mikhail Kassianov, antigo primeiro-ministro durante um dos mandatos do Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou hoje que está no estrangeiro, após se ter manifestado contra a invasão da Rússia à Ucrânia.
• O Comité Internacional da Cruz Vermelha considerou que a escala de destruição na Ucrânia “desafia a compreensão”.
• Zelensky publicou um vídeo para assinalar o período de invasão da Rússia à Ucrânia: “Os representantes do Estado estão aqui, a defender a Ucrânia há cem dias”.
• A cadeia de hotéis Marriott International anunciou que vai suspender as suas operações na Rússia.
• O Conselho da União Europeia (UE) decidiu hoje impor novas sanções à Bielorrússia e formalizou o sexto pacote sancionatório a Moscovo.
• O ministro da defesa ucraniano, Oleskiy Reznikov, disse que acredita que a Rússia está “a tentar transformar a guerra numa fase prolongada”.
• O autarca de Mariupol acusou as tropas de Moscovo de sentenciarem até dez anos de prisão os que se recusam a apoiar a administração desta cidade ucraniana controlada pela Rússia.
• Dois jornalistas da Reuters ficaram feridos num ataque das forças ucranianas — com um drone —perto da cidade de Severodonetsk,
• Morreu um cidadão francês que combatia ao lado do exército ucraniano, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros de França.
• Os serviços secretos da Ucrânia alegam que Putin terá demitido o chefe das operações russas na Ucrânia, Aleksander Dvornikov.

• Para o autarca de Kiev, Vitali Klitschko, este é um tempo “de coragem e perseverança” e a luta é de todos. “Vamos libertar os nossos territórios dos bárbaros russos que vieram tentar tomá-la!”

  O jornalista russo AlexanderNevzorov, que fugiu do país depois de ter denunciado a invasão da Ucrânia pela Rússia, recebeu a cidadania ucraniana.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, escreveu, no Twitter, que o país “está pronto para criar as condições necessárias para retomar as exportações” do porto de Odessa.

Ukraine is ready to create necessary conditions to resume exports from the port of Odesa. The question is how to make sure that Russia doesn’t abuse the trade route to attack the city of Odesa. No guarantees from Russia so far. We seek solutions together with the UN and partners.

— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) June 3, 2022

“A questão é como garantir que a Rússia não irá abusar da rota comercial para atacar a cidade de Odessa”, vincou ainda.

“Nada sobre a Ucrânia deve ser feito sem a Ucrânia. É o seu território”, considerou o Presidente dos EUA, Joe Biden, citado pela CNN.

Questionado pelos jornalistas sobre se a Ucrânia deve ceder territórios à Rússia para alcançar a paz, Joe Biden reiterou a ideia que tem “desde o início”: “Não lhes vou dizer o que devem e não devem fazer”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo criticou hoje o plano da Alemanha de fortalecer os seus meios militares, dizendo que se trata de uma “remilitarização”, numa referência ao período nazi (1933-1945).

O governo e a oposição conservadora na Alemanha chegaram a um acordo, no final de maio, para ultrapassar as regras orçamentais da constituição nacional, a fim de libertar 100 mil milhões de euros para modernizar as forças armadas alemãs, face à ameaça russa.

“Consideramos isto mais uma confirmação de que Berlim tomou o caminho de uma maior remilitarização. Sabemos como pode acabar”, disse a porta-voz diplomática russa, Maria Zakharova.

O Presidente da União Africana e do Senegal, Macky Sall, após o encontro com Vladimir Putin escreveu no Twitter que Moscovo está “pronto para assegurar a exportação do trigo e fertilizantes” russos.

Le Président #Poutine nous a exprimé sa disponibilité à faciliter l’exportation des céréales ukrainiennes.
La Russie est prête à assurer l’exportation de son blé et de son engrais.
J’appelle tous les partenaires à lever les sanctions sur le blé et l’engrais. pic.twitter.com/7PqVLNhqWD

— Macky Sall (@Macky_Sall) June 3, 2022

O presidente da Comissão da União Africana (UA) disse que a organização panregional apelou hoje na Rússia à “suspensão das sanções contra cereais” e à necessidade de garantir a segurança nos transportes marítimos.

O diplomata chadiano Moussa Faki Mahamat, que acompanhou o presidente em exercício da UA, Macky Sall, num encontro com o Presidente russo, Vladimir Putin, em Sochi, escreveu na rede social Twitter, que a segurança do transporte marítimo visa “mitigar os devastadores efeitos económicos e socioeconómicos de uma crescente crise alimentar”.

“Juntamente com o Presidente Macky Sall, discutimos um grande número de assuntos com o Presidente Putin em que reiterámos a posição da União Africana para a necessidade de uma solução política para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia e os seus graves custos humanos e económicos para a região e o mundo”, lê-se na primeira de três mensagens escritas por Faki Mahamat.