Se fizermos uma análise retrospetiva dos últimos 50 anos, com naturalidade somos obrigados a admitir que o regime que sucedeu à ditadura, foi o social socialismo.
Há 50 anos saíamos da ditadura mais longa da Europa com a taxas de analfabetismo das mulheres próxima dos 70%, o regime só implementou o ensino obrigatório em 1952. Em 1973, mais de 90% da população tinha um rendimento inferior a 200€/ano. Em termos demográficos, mais de metade da população portuguesa tinha menos de 30 anos e apenas 10 por cento tinha 65 anos ou mais. Em 1973, o Produto Interno Bruto (PIB), era de 2 mil milhões de euros, com crescimento a dois dígitos em plena crise do petróleo de 1973. As colónias representavam na altura, 15% das exportações e 10% das importações e mais de 30% do investimento era encaminhado para suportar as despesas da guerra.
Este foi o regime que sucedeu à primeira república que vigorou entre 1910 e 1926, um período marcado pela instabilidade e pela má governação, terminou por bem ou por mal, dependendo de quem conta a história, numa ditadura imposta por um golpe militar que depôs os partidos republicanos e abriu caminho ao fascismo, na altura, em crescimento em toda a Europa.
Estou a resumir de uma forma extremamente sintética um século de História. Mas, é evidente que o pior momento entre a governação dos partidos republicanos e dos partidos socialistas foi efetivamente, o período da ditadura.
Mas porque será que a democracia nos entregou ao socialismo?
No dia 25 de julho de 1974, no dia do exército, Salgueiro Maia disse: “Qualquer povo ou nação só vale a razão do que consegue produzir, porque o produto como resultante da união dos esforços, ou é útil e justifica à empresa ou é prejudicial e acarreta ao seu abandono!” Apelou à atitude construtiva em detrimento da demagogia fácil. Num discurso que durou menos de 5 minutos, Salgueiro Maia dirige-se aos seus homens e conclui: “Não se esqueçam, que têm direito a ter acesso à inteligência e à capacidade de raciocinar para além dos slogans orquestrados pelos partidos.” Infelizmente, Salgueiro Maia não pôde concluir o seu trabalho pela democracia, o novo regime rapidamente resignou aos ideais de abril e desterrou um dos grandes da liberdade. Depois do 25 de novembro, Salgueiro Maia é colocado atrás de uma secretária nos Açores.
Entre 1973 e 1977 passamos por quatro crises, a crise petrolífera de 1973, a crise política e económica de 1974 com o défice de 37%, a crise humanitária de 1975 com o regresso dos colonos e a crise económica de 1977 com a primeira participação do FMI, numa altura que o setor empresarial do Estado representava 25% do PIB devido às nacionalizações impostas pelo PREC (1975).
Desde a eleição da assembleia constituinte de 1975, sempre fomos governados por partidos socialistas e com representação marxista no parlamento. As privatizações das empresas nacionalizadas continuam a ter representante do regime socialista através dos administradores não executivos. Em 2008, a divida pública subiu 25% e ao mesmo tempo, a despesa pública, em valores absolutos, aumentou para o dobro nos últimos 20 anos, passa pela primeira vez a barreira dos 50% do PIB.
Estamos em 7.º lugar na lista dos países com pior poder de compra da zona Euro e com mais de 40% da população em risco de pobreza.
O socialismo sobrevive do Estado social, por isso é que o alimenta a pobreza. Mas diz que a culpa é do capitalismo. Para garantir uma política ideológica onde o Estado é obrigado a dar, estrangula a economia e financia a propaganda com 30% da receita total dos maiores grupos de comunicação. Podemos dizer que o socialismo distribui a riqueza pelos pobres? Parafraseando as palavras de Salgueiro Maia: “não nos devemos esquecer do direito de aceder à inteligência” e, respeitar é diferente de obedecer. A melhor forma de desobedecer em democracia, é através do direito ao voto. Votem! sem medo.