Como alertou Albert Einstein: “Se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana.”
Apesar de serem pequenas aos nossos olhos, as abelhas têm um impacto positivo gigante para o planeta porque são uma espécie fundamental na manutenção da biodiversidade. Ao procurarem alimento, o pólen, as abelhas polinizam árvores de fruto, legumes, plantações de cereais, entre muitas outras. São assim fundamentais para a produção de muitos dos alimentos do nosso dia-a-dia, que sem a sua polinização deixariam de existir. As abelhas necessitam de visitar dezenas de flores para conseguirem uma carga completa, dependendo dos fluxos de néctar e pólen disponíveis.
Cerca de 90% de todas as plantas com flor precisam da ajuda de insetos para se reproduzirem e as abelhas são responsáveis por cerca de 80% de toda a polinização feita por insetos.
Adicionalmente, a Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) estima que 75% das espécies agrícolas cultivadas para alimentação global estão dependentes da polinização feita pelas abelhas para a reprodução e manutenção da biodiversidade.
Em Portugal, e de acordo com os dados mais recentes, o contributo económico dado pela polinização de vários insetos, principalmente pela abelha, vale aproximadamente 800 milhões de euros. À escala da União Europeia este valor sobe para os 15 mil milhões de euros.
O que significa que o declínio das abelhas tem realmente impacto direto na biodiversidade e em grande parte do setor da alimentação.
Além deste valiosíssimo contributo para a vida no Planeta, as abelhas são ainda o único inseto que produz uma substância que os humanos consomem – o mel. Sendo este uma matéria-prima essencial ao fabrico de muitos produtos presentes no nosso dia-a-dia.
Em 2022, a Comissão Europeia alertou para um forte declínio das populações de polinizadores, estimando que cerca de um terço das populações de abelhas estejam a desaparecer sobretudo devido à ameaça crescente da atividade humana. O uso descontrolado de pesticidas, a desflorestação ou a falta de flores são as principais razões para a sua extinção. Em todo o mundo, as abelhas estão a morrer a um ritmo alarmante. A perda de biodiversidade passou a ser considerada uma das cinco principais ameaças mundiais a longo prazo.
Apesar de ser primordial para a biodiversidade, esta espécie está exposta a diversas ameaças, como as alterações climáticas, a exploração agrícola intensiva, a presença de espécies invasoras, como a vespa asiática, e algumas doenças que são particularmente perigosas para as abelhas. Mas, entre todas estas, em Portugal os incêndios florestais, que infelizmente assolam o nosso território nos meses de verão, têm sido particularmente devastadores para muitas colmeias em determinadas regiões do país, destruindo algumas centenas e deixando ainda as abelhas sobreviventes sem alimento.
Em 2018 arderam cerca de 42mil hectares. E em 2019 faltavam em Portugal cerca de 3000 colmeias. Em 2022 arderam mais de 110 mil hectares de Portugal, (uma diferença de 68 mil hectares) daí conseguimos estimar o aumento do número de colmeias em falta.
Se o papel central dos polinizadores para os ecossistemas não for reconhecido e preservado, a restauração da flora, e consequentemente da fauna, a longo prazo poderá falhar.
E o que podemos fazer para ajudar as abelhas, uma espécie de importância ímpar para a Humanidade?
Em primeiro lugar, é importante apoiar os apicultores portugueses. Este apoio pode ser feito através da reposição das colmeias perdidas em virtude dos incêndios florestais que assolam o território nacional todos os anos. É também importante promover a continuidade da apicultura em Portugal através de incentivos para jovens. Isto porque esta é uma atividade com um papel vital na preservação e manutenção da biodiversidade, no equilíbrio ecológico dos ecossistemas e na produção de culturas agrícolas.
É também fundamental combater a desflorestação, promover a prática de técnicas agrícolas sustentáveis e regenerativas dos solos, a plantação de corredores de flores melíferas e ampliar a biodiversidade nos campos de monocultura.
Além destas, está ao alcance de cada um de nós fazer a diferença através de algo tão simples como plantar flores, ou colocar pequenos recipientes com água nas nossas varandas e jardins, para que facilmente as abelhas se possam alimentar e matar a sede. Desta forma está a contribuir para a continuidade das abelhas. É importante criar movimentos de sensibilização, em especial para as gerações futuras, sobre a necessidade de proteger as abelhas e cuidar dos seus habitats.
Acredito que os pequenos gestos têm o poder de transformar o Mundo. Cada um de nós pode fazer a sua parte para proteger o nosso planeta.