Muito se tem debatido sobre a transformação digital no ensino superior, uma discussão que surge naturalmente da evolução da nossa sociedade e das suas novas necessidades. Sem esta transição, teríamos um ensino tradicional que não iria corresponder às expectativas dos estudantes e que, possivelmente, iria dificultar a sua integração no mercado de trabalho. É de conhecimento geral que o ensino superior é primordial para formar os futuros profissionais nas diferentes áreas e é neste sentido que se deve apostar num ensino de excelência, através das novas tecnologias que temos em nossa posse.
Atualmente, tanto os alunos como os docentes têm contacto frequente com as tecnologias de última geração, contudo é importante enquadrar esta revolução tecnológica do ponto de vista do ensino superior. Posto isto, coloca-se a questão: de que forma é que as instituições se adaptaram a esta nova realidade para impactar a experiência do aluno?
Para ajudar a clarificar o que é isto da transformação digital no ensino superior, costumo dar o exemplo dos centros de simulação que são utilizados em instituições com foco na área da saúde, em que os simuladores imitam as respostas de pacientes reais, permitindo que se treine um vasto leque de situações num ambiente seguro e controlado. Este tipo de experiência, num contexto ‘quase’ real, permite aos alunos beneficiarem de um ensino muito próximo em relação ao que vão encontrar no mercado de trabalho. De uma forma geral, estas ferramentas tecnológicas são essenciais para que os estudantes tenham uma aprendizagem personalizada, interativa e acessível, em que a instituição desenvolve estratégias de ensino mais eficazes e direcionadas para as suas necessidades futuras.
Por outro lado, as faculdades que disponibilizam clínicas e serviços, como é o caso das parafarmácias, abertas ao público com tecnologia de última geração têm um papel relevante neste âmbito. No caso de consultas de medicina dentária, veterinária, fisioterapia, psicologia, ciências da nutrição, o facto de os alunos terem contacto direto com os dados recolhidos dos pacientes, permite que estes tenham uma clara vantagem de prática clínica, sendo também um fator diferenciador em contexto de investigação onde utilizam metodologias big data, abordagens de inteligência artificial e machine-learning. O impacto do ensino superior na comunidade pode realmente fazer-se sentir, como por exemplo o apoio a residências sénior equipadas com tecnologia recente, em que os estudantes beneficiam das sinergias criadas com cursos de diferentes áreas. Para além disso, e em paralelo com estas inovações, a desmaterialização é uma das soluções para alcançar o objetivo da transformação digital neste setor, com o surgimento de novas abordagens de produção, organização, partilha e recuperação de informação
Neste espetro, é também de realçar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, com a meta de garantir o acesso à educação inclusiva, de qualidade e equitativa. As novas metodologias que surgem a partir da transformação digital no ensino superior são cruciais para conseguirmos uma educação que consegue atingir diferentes públicos e, mais importante, formar com qualidade para gerar um impacto positivo nas gerações futuras. Desta forma, a implementação de uma estratégia neste âmbito é, sem dúvida, o futuro do setor da educação, sendo necessário abraçar esta mudança de paradigma para corresponder às necessidades da nossa sociedade.