Esta semana, no dia 16 de Maio, foi conhecido o professor vencedor da primeira edição do Global Teacher Prize Portugal: o Professor José Teixeira, de Chaves. Um professor de física e química que todos os dias inova, transforma, toca e faz com que, todos os dias, os seus alunos descubram a melhor versão de si próprios, num contributo único para a ciência, que toca todos os ciclos de ensino. É em Chaves, no interior do país, onde os recursos materiais são os possíveis e os recursos humanos são, à luz do que apresentou, pelo que apresentou, inesgotáveis.

A humildade do professor José Teixeira e a surpresa com que recebeu a notícia, perguntando-se se não teria havido nenhum engano, foi das coisas que mais me marcaram.

Ao ouvir os professores falarem durante a cerimónia de encerramento – e vieram de todo o país quase duzentos professores para partilharem as suas ideias – o que mais me impactou foi sentir que os professores não têm realmente a noção do seu impacto, do alcance do seu trabalho e de como é extraordinário e transformador para tantos alunos aquilo que fazem numa sala de aula.

É certo que nem todos os professores são extraordinários, mas, a olhar para a quantidade imensa de projetos inovadores e transformadores que foram apresentados, atrevo-me a dizer que é certo que há muitos mais professores extraordinários do que aquilo que pensamos.

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O mundo está a mudar a muitos níveis e, obviamente, esse é um dos maiores desafios da educação: ajustar, criar novas respostas, inovar, ir ao encontro das necessidades dos alunos do século XXI. Do que os desafia, do que os motiva, da forma como comunicam e partilham informação. As suas necessidades mudaram, a velocidade a que se acede à informação e a quantidade de informação disponível, a autonomia e o pensamento critico que tanta informação disponível vinte e quatro horas por dia requer, exige da escola e, sobretudo dos professores, uma capacidade imensa de se reinventarem e encontrarem novas respostas.
Não é um tema apenas das escolas portuguesas, é um tema mundial. Mas, os professores portugueses, estão a encontrar respostas eficazes. Surpreendentes, transformadoras.

Premiada também nesta edição de estreia do GLOBAL TEACHER PRIZE PORTUGAL foi Maria Francisca Macedo, de Lisboa, distinguida com uma menção honrosa atribuída pela Fundação Galp para o maior contributo da área da educação para a sustentabilidade social. Esta professora do primeiro ciclo encontra formas inesperadas de juntar conteúdos programáticos em jogos, inventa histórias que se transformam em livros e percorrem outras salas de aulas, de muitas outras escolas, numa partilha de boas ideias. É inspirador ouvi-la falar, é inspirador ouvir os seus alunos, e é surpreendente olhar para o impacto dos resultados destes trabalhos. Porque o impacto é enorme e sublinha, largamente, a importância do papel do professor.

No decorrer do encontro, ficamos com a consciência de que deve ter sido realmente muito difícil eleger um vencedor e distinguir os finalistas. A qualidade de todos os trabalhos apresentados era muito elevada. E, naturalmente, o somatório do impacto do trabalho de todos, ainda não é possível ser medido mas adivinha-se gigante e multiplicador. Porque o trabalho de uns professores inspira o de outros provocando a necessária e já emergente mudança nas nossas escolas.

Este caminho é inevitável, mas pode e deve ser acelerado se todos nós tivermos presente a importância do papel do professor no desenvolvimento do nosso país e na felicidade das nossas crianças. Se valorizarmos e incentivarmos os professores, estamos a contribuir para que esta mudança se faça de forma mais consistente e eficaz, se tivermos presentes a importância do seu papel na nossa sociedade estamos a afirmar a responsabilidade imensa que lhes confiamos no importante desafio que enfrentam. E estas palavras não se resumem apenas a um discurso de ocasião. São reais.

Com mais ou menos recursos, os professores, hoje mais do que nunca, farão a diferença na forma como as nossas crianças ficarão preparadas para enfrentar o seu futuro, o nosso futuro. As competências pessoais, inter-pessoais e técnicas que adquirirem, serão os seus trunfos. O nível do desafio é elevado e não há grandes hipóteses para segundas oportunidades.

Cada aluno, dos mais de vinte que cada professor tem em cada turma, é uma pessoa única. Com os seus talentos para descobrir e desenvolver, com os seus medos e personalidades, com os seus gostos e expectativas. Não desistir de nenhum deles, apoiar cada um para que se desenvolva de uma forma completa ao mesmo tempo que adquire conhecimentos é o que fará a diferença na vida de cada um deles, nas suas famílias, no equilíbrio e sustentabilidade do nosso país e na economia. As nossas crianças e jovens são o maior tesouro do nosso país. E os nossos professores têm este imenso poder de fazer a diferença ao ajudar cada aluno a descobrir a melhor versão de si próprios.

Apesar de me inspirar profundamente quando olho para um professor que se supera todos os dias sem a real consciência do impacto do seu trabalho, acho muito importante que, cada vez mais, os professores tenham presentes o quanto são transformadores e a responsabilidade que isso implica porque, apesar do seu trabalho no dia-a-dia parecer invisível, ele será espelhado no que será o retrato do nosso país nos próximos vinte anos!

Psicóloga Clínica e Promotora do Global Teacher Prize Portugal
‘Caderno de Apontamentos’ é uma coluna que discute temas relacionados com a Educação, através de um autor convidado.