Muito se fala em cumprir metas e acelerar a transição energética do país. Mas será que compreendemos que, para responder à neutralidade carbónica, é essencial investir na inovação sobre as energias sustentáveis, procurando valorizar recursos e matérias-primas sem maior impacto no ambiente? Os combustíveis verdes, os biocombustíveis produzidos a partir de resíduos e outros avançados já estão a fazer esse caminho, sendo agora reforçados com o desenvolvimento de gases renováveis, como o biometano, enquanto solução essencial no mix energético para a descarbonização em Portugal.

Com menos emissões poluentes comparativamente com outras fontes fósseis, o biometano é produzido a partir do potencial energético que a produção de biogás gera, fazendo um upgrade que remove dióxido de carbono e impurezas. No fim, obtém-se um gás composto quase 100% por metano, que valoriza resíduos como matéria-prima e que, pela constituição semelhante ao gás natural hoje utilizado, pode substituí-lo em todas as infraestruturas que operam com essa fonte de energia.

Isto significa que, além de reduzir a dependência externa e de fontes fósseis, o biogás impacta positivamente e diretamente as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) numa série de setores como os transportes, o consumo doméstico ou a produção industrial, diminuindo o recurso a energias poluentes sem obrigar a qualquer mudança na rede de distribuição ou equipamentos para processamento desta nova fonte de energia renovável, pois utiliza a rede atualmente existente.

Num cenário de crise energética e com importantes reduções de emissões poluentes a fazer, o biometano tem, por fim, recebido maior atenção e investimento, que o reforçam enquanto alternativa viável para um futuro energeticamente verde. Pela Europa, já estão vários projetos encaminhados para valorizar o biometano neste conjunto de energias sustentáveis, potenciados também pelo plano REPowerEU que, entre outras medidas e objetivos, visa diminuir a dependência energética da UE de fontes fósseis externas e aumentar a produção de biometano de 3,5 bcm (ou quilómetros cúbicos) para perto de 150 bcm já em 2050 – o que, na prática, representará mais de 25% do consumo de gás natural equivalente.

Também em Portugal estamos num bom caminho para esta transição e aposta no biometano, embora numa fase bastante inicial. A Estratégia Nacional para o Biometano é um dos instrumentos na valorização deste gás renovável e que, em linha com outros apoios, tem um papel fundamental na informação, disponibilização de recursos e auxílio ao desenvolvimento de mais projetos na área, dando a conhecer benefícios e vantagens da aposta numa energia renovável e que reforça a economia circular. A par disso, a ABA está também a desenvolver uma estratégia para o Biometano com o objetivo de apresentar a sua visão junto dos decisores políticos.

À semelhança de outros combustíveis produzidos a partir de resíduos, o compromisso em aproveitar matéria orgânica e transformá-la numa fonte de energia renovável demonstra o potencial do biometano para reforçar a sustentabilidade energética, promover a economia circular e construir um futuro mais verde. É fundamental continuar a apoiar e a investir nestes projetos de Bioenergia como respostas no mix fundamental para a transição energética, contribuindo para uma sociedade mais informada e um consumo mais consciente enquanto se reduz a dependência de fontes externas e poluentes fósseis e se maximiza a resiliência energética dos países.

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