O Exército Português está a conduzir a segunda edição do ARmy Technological EXperimentation (ARTEX), entre 17 de junho e 5 de julho de 2024, no Campo Militar de Santa Margarida. Este evento é uma plataforma fundamental para a modernização do Exército e a promoção de atividades de investigação e desenvolvimento no âmbito do Sistema Científico e Tecnológico Nacional e da Base Tecnológica e Industrial de Defesa.
A edição deste ano do ARTEX conta com a participação de 18 instituições, incluindo empresas privadas e universidades, que irão realizar um total de 32 testes a diversos sistemas tecnológicos desenvolvidos em Portugal. Entre os testes previstos, o Exército destaca 12 exercícios com sistemas aéreos não tripulados, três com sistemas anti-drone, cinco com sistemas terrestres não tripulados, cinco sistemas de comando e controlo, seis no âmbito de sistemas de proteção, explosivos e energia, e um no domínio do treino.
O Campo Militar de Santa Margarida, com uma área de 67 km² no Município de Constância, serve de palco para a testagem destas soluções tecnológicas, proporcionando um ambiente realista de operações militares. Esta infraestrutura, crítica para a formação e manutenção operacional do Exército, permite aos participantes avaliar a utilidade e a maturidade das suas inovações tecnológicas em cenário controlado.
A organização do ARTEX24 está a cargo do Centro de Experimentação e Modernização Tecnológica do Exército, com o apoio do Comando das Forças Terrestres e da Brigada Mecanizada. O exercício está dividido em três fases: a primeira fase (19 a 24 de junho) destina-se a testes individuais, utilizando o espaço terrestre, aéreo e espectro eletromagnético. A segunda fase (25 a 28 de junho) integrará as soluções tecnológicas num cenário tático de operações militares. Já a terceira fase (1 a 4 de julho) envolverá exercícios com fogos reais, incluindo testes à integridade de proteção balística e testes com explosivos. O evento culminará no dia 5 de julho, com a apresentação das atividades realizadas, conclusões do exercício e uma exposição.
O Futuro das Parcerias entre Empresas de Defesa e o Exército
A realização do ARTEX24 levanta questões relevantes sobre o futuro das parcerias entre empresas de defesa e o Exército Português. Com a crescente complexidade das ameaças modernas e a necessidade de soluções tecnológicas avançadas, a colaboração entre entidades públicas e privadas torna-se cada vez mais vital. O ARTEX serve como um exemplo claro desta colaboração, permitindo que empresas e universidades testem e desenvolvam novas tecnologias em parceria com o Exército.
A continuidade destas parcerias dependerá da capacidade de ambos os setores em adaptarem-se às rápidas mudanças tecnológicas e geopolíticas. Além disso, a manutenção de um fluxo constante de investimento em investigação e desenvolvimento será crucial para garantir que as Forças Armadas portuguesas continuem a dispor das ferramentas necessárias para enfrentar os desafios do futuro.
Adicionalmente, é fundamental que a legislação portuguesa seja revista e adaptada para incentivar e promover estas parcerias, bem como para assegurar o investimento na aquisição das tecnologias desenvolvidas ao longo dos anos, sobretudo as desenvolvidas e produzidas em Portugal. Uma legislação favorável poderá e deverá impulsionar a inovação e a competitividade da indústria de defesa nacional.
A cooperação entre o setor de defesa e a academia também desempenha um papel importante na formação de futuras gerações de especialistas em defesa e tecnologia. As parcerias entre a academia e o Exército são uma mais-valia para os recursos humanos de ambos, pois as diferentes instituições beneficiam da partilha de conhecimento e experiência, assim como potencia a diversidade e desenvolvimento de carreiras profissionais polivalentes. A integração de novas tecnologias no campo de batalha, testadas e refinadas através de eventos como o ARTEX, reforça a capacidade de resposta do Exército e assegura a sua modernização contínua.
O sucesso do ARTEX24 poderá não só fortalecer as capacidades do Exército, mas também impulsionar o desenvolvimento da indústria de defesa nacional, abrindo novos caminhos para a inovação e a colaboração estratégica.