A diabetes é uma doença crónica e silenciosa, sendo que as pessoas mais predispostas a serem afetadas devem fazer rastreios de modo a serem diagnosticadas precocemente. A diabetes do tipo 2, responsável por cerca de 95% dos casos de diabetes, caracteriza-se pela dificuldade de o organismo rentabilizar a insulina que o próprio produz em resposta ao que comemos. A forma mais simples de energia que provém dos alimentos chama-se glicose, vulgarmente conhecida por “açúcar”, pertencendo ao grupo dos hidratos de carbono. A insulina é produzida em resposta à glicose de modo a que, no sangue, os valores da mesma se mantenham estáveis.

Neste sentido, a diabetes traduz-se por um aumento progressivo da glicose no sangue, sem que existam sintomas durante um período mais ou menos longo (meses ou até anos). Sendo o valor normal de glicose no sangue, em jejum, de 80 a 100 mg/dl, a existência de um valor, por exemplo, de 200 mg/dl ou mais provoca uma sobrecarga nos vasos que passam a “transportar mais mercadoria do que a que devem”.

A seu tempo, aparecerão as queixas mais frequentes, como o excesso de urina, sede intensa, emagrecimento, comichão nos genitais, infeções urinárias. Vasos sanguíneos mais finos, como os dos olhos, dos rins e do sistema nervoso são os mais sacrificados.

Assim, importa rastrear a ocorrência da diabetes nas pessoas mais susceptíveis de a desenvolver que são as que têm hipertensão arterial, colesterol ou triglicéridos aumentados, mas também as pessoas obesas ou com excesso de peso, os familiares diretos de diabéticos, as grávidas que tiveram diabetes na gravidez, bem como todos aqueles que tiveram um enfarte cardíaco ou um acidente vascular cerebral (AVC).

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Esse rastreio é feito, todos os anos, nos grupos de risco mencionados, com análises ao sangue específicas para o efeito e que devem ser feitas de forma regular.

Após o diagnóstico, como podemos manter os valores controlados? É fundamental efetuar exercício físico de forma regular – pelo menos três vezes por semana ou 150 minutos – e ter uma alimentação cuidada.

Neste caso, é muito importante o aconselhamento de um nutricionista experiente em doentes diabéticos – a sua função é ensinar, de acordo com os hábitos e gostos do doente, uma melhor conjugação dos alimentos e a sua distribuição ao longo do dia. Infelizmente, esta é uma medida pouco aceite pelos doentes, mas tem por fim evitar aumentos excessivos de glicose no organismo.

O exercício físico e o modo como nos alimentamos são um muito importante complemento da medicação que possamos ter necessidade de tomar.

Se na diabetes do tipo 1, a toma de insulina é inevitável, na diabetes do tipo 2 pode ser um complemento aos comprimidos e outras terapêuticas também injetáveis; a maior parte destes, mais não fazem do que melhorar a sensibilidade do organismo à insulina que o próprio produz.

A insulina tem por função manter os valores da glicose no sangue em valores normais, assegurando o bom funcionamento dos vasos sanguíneos. Recentemente, surgiu uma nova classe de medicamentos que força a eliminação da glicose pela urina. Com excelentes resultados têm, como possíveis efeitos secundários, infeções urinárias e genitais frequentes, que costumam ser as principais causas do seu abandono.

Além das análises periódicas, o doente pode avaliar diariamente o valor da sua glicose sanguínea através de uma ligeira picada no dedo. Esta avaliação deve ser feita, de acordo com a indicação médica, em alturas diferentes do dia.

Na diabetes do tipo 1, a necessidade de avaliar a quantidade de insulina a administrar cada vez que se come, faz com que esses doentes necessitem de avaliar a glicose do sangue muitas vezes ao longo do dia. Frequentemente, crianças com menos de 5 anos têm de picar o dedo mais de 8 vezes todos os dias. Foi para aliviar este sofrimento que a tecnologia criou um dispositivo que se aplica no corpo de 14 em 14 dias e que faz a leitura constante dos valores. Sem necessidade da pica.

É fundamental que estes dispositivos sejam utilizados de forma devida e apenas por doentes que necessitam de fazer alterações diárias de insulina.

Sendo a diabetes uma doença associada a complicações crónicas nos olhos, nos rins, nos vasos e no sistema nervoso, estas complicações podem ser controladas. Para isso, é fundamental que tenha um acompanhamento regular com o seu médico e nutricionista. Cuide de si e proteja-se. Mais vale prevenir que remediar. O diabético tem vida para além da diabetes.