Num mundo que ecoa com a necessidade urgente de proteger e capacitar os jovens, encontramo-nos imersos em conversas sobre esperança e retenção de talentos em Portugal. Enquanto jovem a navegar nesta paisagem, reflito sobre o profundo impacto da sustentabilidade nestes aspetos cruciais. Isto convida-nos a refletir: Quão vital é a sustentabilidade para salvaguardar a nossa juventude, fomentar a esperança nas suas qualificações e reter os seus talentos dentro das fronteiras de Portugal?
Neste contexto, é crucial compreender que a sustentabilidade vai muito além das preocupações ambientais; é um paradigma holístico que se estende às facetas sociais e económicas da nossa sociedade. Como Global Shaper e defensor da sustentabilidade, proponho uma abordagem que transcenda os limites convencionais e abrace a interconexão entre sustentabilidade e bem-estar dos nossos jovens.
Em primeiro lugar, a proteção da geração mais jovem não se resume apenas a salvaguardá-la de ameaças imediatas. Significa criar um ambiente sustentável que garanta a continuidade dos recursos, das oportunidades e de uma sociedade florescente para as gerações vindouras. A resiliência da nossa juventude está intrinsecamente ligada às práticas sustentáveis que adotamos hoje. O desafio de reter talentos em Portugal enfrenta a tentação das oportunidades no estrangeiro. Contudo, ao promover um ecossistema equilibrado e sustentável, incorporando valores ambientais, sociais e uma governança sólida, oferecemos um ambiente propício para que o talento perceba o potencial de prosperar local e nacionalmente. A sustentabilidade, lato sensu, torna-se assim um investimento estratégico no nosso futuro comum, retendo o brilhantismo da nossa juventude e impulsionando Portugal para patamares mais economicamente equilibrados e prósperos.
É fundamental que, ao abordarmos a intergeracionalidade, reconheçamos a responsabilidade coletiva de moldar um futuro sustentável. Ao transcendermos a visão estreita de sustentabilidade ambiental, abraçamos uma abordagem abrangente que não apenas protege o meio ambiente, mas também nutre um cenário propício para o florescimento contínuo das gerações futuras em Portugal. Este é o caminho para construir mentes sustentáveis e gerações verdadeiramente interligadas para um futuro mais esperançoso e próspero.
Esta abordagem exige uma análise crítica dos fatores sociais e económicos que tradicionalmente afastam o nosso talento. Temos de ir pra além dos incentivos económicos, temos de explorar também a vitalidade cultural e a inclusão social, (elementos fundamentais na retenção de talentos). Quando desafiamos a narrativa convencional, percebemos que a sustentabilidade não se limita à preocupação ambiental; é uma estratégia abrangente que enfrenta a complexa rede de fatores que influenciam as decisões relacionadas ao talento. Na sua essência, a sustentabilidade deve atuar como um catalisador para uma mudança de paradigma, instigando uma revisão das nossas estruturas tradicionais que muitas vezes resultam na “fuga de cérebros”.
Contudo, não devemos subestimar a importância do apoio intergeracional. A colaboração entre gerações vai além de organizações ou iniciativas específicas; esta é um pilar dinâmico fortalecedor da sociedade. Promove um intercâmbio recíproco que impulsiona consequentemente o progresso social. Esta colaboração é como uma ponte que facilita a partilha de vastos volumes de conhecimento, experiência e inovação entre diferentes grupos etários.
A geração mais velha, enriquecida por experiências de vida, desafios e sucessos, representa um repositório de sabedoria inestimável para a geração mais jovem que enfrenta as complexidades de um mundo em rápida evolução. Esse manancial de conhecimentos proporciona uma visão dos contextos históricos, lições aprendidas e nuances na tomada de decisões, elementos muitas vezes ausentes nos ambientes educativos formais. Esta troca intergeracional não fortalece apenas as raízes da nossa cultura, mas também nutre um ambiente onde o talento pode prosperar, contribuindo para um Portugal sustentável, dinâmico e pleno de possibilidades para todas as gerações.
Simultaneamente, a nova geração não só traz novas perspetivas, mas também introduz ideias inovadoras, revelando uma adaptabilidade natural às tecnologias emergentes. A nossa energia e entusiasmo funcionam como catalisadores da mudança, ultrapassando as fronteiras sociais e guiando-nos em direção a novos horizontes. A natureza transformadora desta colaboração transcende o estereótipo do ‘gap geracional’, abrindo portas para uma compreensão genuína, empatia e objetivos partilhados. Reconhecemos que cada geração desempenha um papel único, resultando numa trama social mais rica e resistente pela fusão de diversas perspetivas.
Para abordar de forma mais direta alguns estereótipos comuns, é crucial desafiar as ideias preconcebidas e evidenciar como a colaboração intergeracional pode contrariá-las na prática. Um estereótipo frequente é o da ‘resistência à mudança’ por parte da geração mais velha. Contrariando essa noção, podemos realçar exemplos de projetos cross collaboration bem-sucedidos nos quais a experiência da geração mais velha se mescla harmoniosamente com a inovação da geração mais jovem, resultando em soluções eficazes e atualizadas.
Por exemplo, a ideia de que a “geração mais jovem” é excessivamente dependente da tecnologia pode ser contrariada ao destacar como essa mesma geração utiliza habilmente as ferramentas digitais para inovar, colaborar e resolver problemas de maneiras únicas.
No cenário global, onde as nomenclaturas de X, millennials e Z delineiam as nuances da diversidade geracional, creio que só nos resta reconhecer e celebrar essa variedade. Acolher a complexidade dessas gerações, compreender as suas diferenças intrínsecas. O que não apenas desconstrói estereótipos, mas também pavimenta o caminho para uma colaboração intergeracional mais inteligente e coesa. Emergirá não apenas uma coexistência harmoniosa, mas uma colaboração que nutre a resiliência social e a inovação contínua. A interligação entre sustentabilidade, talento e intergeracionalidade não é apenas uma questão de harmonizar diferenças, mas sim de forjar um futuro onde cada geração contribui de maneira única para a construção de uma sociedade portuguesa mais robusta e próspera. Esta relação simbiótica torna-se, a meu ver um elemento essencial para enfrentar os desafios do nosso tempo e para construir um futuro mais sustentado.
Em jeito de conclusão, a sinergia entre a colaboração intergeracional e a sustentabilidade cria uma coexistência harmoniosa. Promove um ambiente em que os pontos fortes de uma geração complementam as inovações de outra, sublinhando que o progresso não é uma viagem linear, mas sim um esforço de colaboração que atravessa as idades, assegurando um legado de resiliência, adaptabilidade e sabedoria coletiva para as gerações vindouras. Assim, despedimo-nos não como observadores distantes, mas como participantes ativos nesta longa herança, conscientes de que cada passo ecoa na eternidade, construindo uma narrativa que transcende o efémero e abraça a infinitude da experiência humana.