Tal como em muitos portos da Europa, o Porto de Lisboa e o Terminal de Cruzeiros de Lisboa estão a demonstrar o seu empenho em participar na transição marítima verde. Neste momento, está em curso um planeamento a longo prazo para a realização de investimentos em tecnologias verdes e sustentáveis, por parte do Porto de Lisboa e do Terminal de Cruzeiros de Lisboa. Este plano compreende o investimento de 37 milhões de euros para a eletrificação do Terminal, o que irá permitir a ligação à eletricidade em terra dos navios de cruzeiro atracados no porto, prevendo-se que esteja operacional em 2026. (*)

Esta tecnologia, introduzida pelo setor dos cruzeiros há mais de 20 anos, pode reduzir significativamente as emissões de CO2, permitindo que os navios desliguem os motores e se liguem a uma fonte de energia em terra para manter os serviços a bordo a funcionar.

Este ano assistimos a um enorme aumento do número de navios de cruzeiro equipados para se poderem “ligar” à eletricidade em terra. Atualmente, 146 navios de cruzeiro (60% da frota) dispõem da tecnologia necessária para se “ligarem” à corrente elétrica, quando esta ligação está disponível, o que representa um aumento de quase 20% em relação ao ano passado. Em 2028, 239 navios de cruzeiro terão esta capacidade.

A par deste investimento, tendo por pressuposto a preservação e manutenção da vida marinha e a não disrupção deste ecossistema, é realizada uma monitorização permanente da qualidade da água em Lisboa, já para não falar na execução de inspeções aleatórias para verificação do cumprimento dos limites legais em vigor da emissão de gases poluentes por parte dos navios atracados.

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Há também a proposta que irá ser levada a cabo pelo Porto e pelo Terminal de Cruzeiros de Lisboa que pretende estabelecer a instalação de painéis fotovoltaicos, no valor de 250 mil euros no Porto de Lisboa.

Este são exemplos palpáveis de como as viagens de cruzeiro estão a mudar enquanto parte integrante de um esforço coletivo continuado. Estas mudanças denotam uma preocupação constante a global e local no que respeita à adaptação energética e ao ajustamento da frota mundial para alcançar a navegação a zero emissões até 2050.

Os navios de cruzeiro são centros de inovação

Os navios de cruzeiro também estão a evoluir — embora não em termos de dimensão. A maioria dos navios de cruzeiro que navegam atualmente são navios de pequeno e médio porte (3.000 passageiros ou menos), e espera-se que este rácio permaneça o mesmo num futuro próximo.

A grande diferença nos navios de cruzeiro atuais e nos que serão postos ao serviço a curto prazo traduz-se no número crescente de navios que estão a ser atualizados e de novas embarcações lançadas com tecnologias de ponta, tornando os navios de cruzeiro os mais eficientes da história do ponto de vista energético, a par com uma maior orientação para as preocupações ambientais.

As companhias de cruzeiros estão a investir milhares de milhões em novos navios e em tecnologias de motores que irão permitir a utilização de combustíveis com baixas emissões – ou mesmo nulas – de gases com efeito de estufa. Estão também a ser realizados testes para compreender até que ponto as células de combustível e as baterias podem alimentar as instalações a bordo.

Estes esforços estão a permitir, por exemplo, aos navios que operam na Europa, uma redução média de 16% das emissões de CO2 por navio. Estes resultados indicam uma dissociação entre o crescimento deste setor e as emissões, graças a muitas medidas já adotadas.

As companhias de cruzeiro estão a seguir múltiplas vias com vista à descarbonização

O último relatório ambiental da CLIA confirma que o setor dos cruzeiros continua a investir em soluções energéticas sustentáveis.

Continuamos a assistir, neste momento, a três vias principais a serem prosseguidas pelo setor dos cruzeiros: o teste e a expansão dos biocombustíveis como soluções “drop-in” para utilização com os motores atuais; a via do GNL (gás natural liquefeito) continua a ser uma opção forte, com 41 navios a serem equipados com propulsão GNL até 2028; o aparecimento de uma nova via com a utilização de metanol, com sete navios de cruzeiro a entrarem em serviço nos próximos anos.

A disponibilidade e a escalabilidade de combustíveis marítimos sustentáveis são, de facto, um desafio. As companhias de cruzeiros, os estaleiros navais, os portos, as instituições académicas, os fornecedores de combustíveis, os fabricantes de motores e toda a cadeia de abastecimento arregaçaram as mangas para enfrentar o desafio e estão a fazer progressos.

Nós, CLIA – Associação Internacional de Cruzeiros, estamos a apelar aos governos para que apoiem estes esforços e ajudem a acelerar a transição para a próxima geração de combustíveis sustentáveis, aumentando os incentivos ao seu desenvolvimento e produção.

Os muitos benefícios das inovações nos navios de cruzeiro estendem-se às comunidades locais. A título de exemplo, no ano passado, uma companhia de cruzeiros produziu a bordo quase 7 milhões de metros cúbicos, ou seja, 89% do seu consumo total de água doce. As tecnologias e práticas que tornaram isto possível são parte integrante das operações de muitas companhias de cruzeiros, o que significa que já não precisam de depender de fontes de água externas. Estes tipos de avanços e colaborações apoiam o tipo de inovação necessária para criar um futuro sustentável.

(*)  Relatório de acompanhamento “Lisboa e os Cruzeiros”, aprovado pela 2ª comissão permanente – Economia, Inovação e Turismo