As crianças que ocupam os jardins universitários fazendo do espaço um festival trauliteiro têm pouco que fazer e pouco em que pensar. Por isso passam os dias à sombra da bananeira partilhando nas redes sociais os seus ideais insípidos colados com cuspo.

Sem perceberem que o anti -establishment é o próprio establishment, e desprovidos de qualquer substância que possa suplantar as ideias que defendem, deixam-se influenciar sem raciocinar, contribuindo para uma polarização destrutiva.

Geralmente, o modus operandi é grosseiro e infantil: tendas, tinta e zero tento na língua. Porque tudo o que é contrário ao pensamento do seu cérebro inoperante é para aniquilar, tornando o apelo à paz que tanto apregoam incompreensivelmente agressivo.

Ocupar não é propriamente um acto pacífico e por isso faz todo o sentido que ditos pacifistas ocupem. Vivem numa eterna incongruência, divididos entre o bem e o mal que se ocupou das suas cabeças a bem da progressão.

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É por esse eterno contraditório que uma minoria prejudica a maioria. Acredito que parte da maioria possa concordar com algumas causas, mas certamente não se revê no comportamento mimetizado e banal, porque ainda tem liberdade para pensar.

Apesar de acharem que não, os cerebralmente ocupados veem o mundo com palas. Acreditam numa verdade absoluta que querem impor aos outros a qualquer custo. No limite, os cépticos devem ser forçados a acreditar, sob pena de serem ostracizados com tintas e injúrias.

No seu mundo a preto e branco, geralmente desfasado da realidade e submisso a um ideal utópico, defendem que os novos precisam de melhores salários ao mesmo tempo que declaram guerra ao capital e sonham com reduções de carga laboral. Exigem energias verdes e limpas já amanhã porque o mesmo capital que tanto odeiam aparece de uma fonte inesgotável e nunca nenhum grande grupo económico será favorecido. Tocam o disco actual em repeat da urgência climática, mas esquecem-se, ou fingem esquecer-se, de pedir justificações à China e à Índia. Pedem um mundo de mulheres livres em que o seu género flua de maneira igualitária, mas encolhem-se na condenação de culturas que as destratam. E, no seu íntimo, qualquer guerra é sempre e só culpa de um lado porque a sua ética e moralidade permitem decidir qual cometeu menos horrores. É por isso que os filhos de Estaline são sempre bem-vindos a estes convívios básicos.

Os ocupas esquecem que tudo o que trazem no corpo é fruto da “distopia” que tanto lhes repugna. E é pena que a palavra moderação seja demasiado profunda e o seu sentido demasiado complexo para ocupar os seus cérebros.