Com Luís Montenegro e os respetivos membros do seu Governo, ouve-se falar de uma preocupação acrescida para com os jovens – veja-se, a título de exemplo, a promoção da saúde mental e o acesso gratuito a museus para jovens até aos 25 anos. Contudo, há que analisar o pensamento dos jovens face a esta mudança abrupta que compõe o sistema político português, algo que só é possível fazer após passado algum tempo.
Primeiramente há que dividir a fase da juventude em subfases. É de conhecimento geral que a mentalidade se altera facilmente e a uma velocidade estrondeante neste momento da vida. Um jovem de 16 anos não pode, nem consegue, pensar e analisar as situações que se dão na atualidade com a mesma maturidade que uma pessoa de 23 anos. Comparar as idades seria brutalmente incorreto.
Como tal, há que estipular um início e um termo da idade das pessoas em análise. Felizmente, a Organização Mundial de Saúde já o determinou. A fase da juventude tem início nos 15 anos de idade e termina quando a pessoa atinge os 24 anos. Dentro desta baliza de idades há que separar, com fundamento biológico e na respetiva compreensão do mundo que rodeia o jovem, entre os 15 a 17 anos; dos 18 aos 21; e dos 22 aos 24. Há ainda que denotar que os jovens com fortes convicções e raízes políticas não podem ser alvo desta análise. Ressalvar ainda que a análise é feita em geral e abstrato. Pode ser feita uma extensão, embora que não exata, dos 24 para os 26 anos dadas as difíceis circunstâncias que um jovem enfrenta atualmente em Portugal.
Dentro da maior parte das ideologias políticas, assim como de todas as idades, a ida a eleições foi positiva. Os jovens não estavam contentes com o Governo anterior, liderado por António Costa.
Há que dividir em dois a análise da composição dos órgãos de soberania “afetados” pelas eleições legislativas. Face à nova composição da Assembleia da República, o primeiro grupo – dos 15 a 17 anos – e uma pequena, mas significativa, parte do segundo – dos 18 aos 21 anos – olham com olhos positivos. Aqui, foi sentido uma mudança de regime, a grande representação do partido CHEGA! foi o “mudar de rumo”. Perdeu-se bipartidarismo para um sistema tripartido, algo encarado com bons olhos por parte das pessoas destas idades. Contudo, o último grupo, bem como uma boa parte do segundo, não considerou positiva a presença de 50 deputados do novo partido na Assembleia da República. Com outra interpretação, estas idades consideram que é uma representação excessiva e perigosa no Parlamento.
Face à composição do Governo, a fase da juventude sentiu que esta foi positiva. Há que referir que a maior parte dos jovens encontra-se no espectro político da Direita e, sendo uma grande revelação, apoiantes e simpatizantes do partido Livre – tal se justifica devido à defesa de valores ecológicos e europeus.
Neste tópico, a subfase dos 15 aos 17 anos não tem grande opinião, tal é compreensível porque não têm o exercício do direito ao voto. Mais contentes ficaram as outras duas, em especial, a última. Os jovens compreendidos entre os 22 e 24 anos foram os que mais festejaram após a pseudo-vitória da Aliança Democrática. Tal se justifica devido a dois fatores: o cansaço face ao ex-Primeiro Ministro; e a grande esperança e confiança depositadas em Luís Montenegro. Este grupo só poderia ficar mais contente caso a Iniciativa Liberal se juntasse à coligação. É de referir que o grande objetivo desta subfaixa-etária é reduzir a carga fiscal, algo que poderia ser conseguido com a introdução da IL à coligação mencionada, visto que é uma das suas bandeiras políticas.
Todavia, é também necessário analisar como é que a juventude se sente ao dia de hoje. Atualmente, Luís Montenegro não tem correspondido às expectativas que os jovens depositaram nele. O seu comportamento aquando da eleição do Presidente da Assembleia da República não foi bem interpretado pela maioria dos jovens. É sentida uma arrogância constante na sua maneira de estar e um desvio permanente das suas respostas. Quem mais sofreu, ou melhor, se desiludiu foram os jovens dos 22 aos 24 anos. É percetível porque a generalidade das pessoas que compõem as outras subfases ainda são totalmente dependentes dos pais. Quando foi confirmado ao país que o choque fiscal proposto e brutalmente defendido em campanha eleitoral da coligação, composta essencialmente pelo PSD e CDS, não se ia suceder e que a redução de impostos já iniciada pelo Governo anterior se ia manter praticamente inalterada, os jovens da mencionada subfase sentiram-se traídos face à confiança outrora depositada.
Em suma, os jovens sentiram que a demissão – voluntária, ou não – de António Costa foi positiva. Muitos tiveram a oportunidade de exercer, pela primeira vez, o seu direito ao voto. A vitória da Direita foi bem recebida pelos jovens dos 15 aos 24 anos e isso é notório, aliás, sem eles não seria possível esta composição tanto do Governo como da Assembleia da República.
O comportamento de Luís Montenegro está muito aquém das expectativas colocadas pelos jovens, mas há também que referir que é uma conduta de líder, visto que tem muita coragem de exprimir e defender certas posições numa maioria tão fragilizada, e isso merece ser reconhecido.