Neste dia mundial da saúde, que se assinala este domingo, dia 7 de abril, gostava de falar, uma vez mais, de um tema que nos chega todos os dias, que ninguém ficou indiferente e todos têm uma opinião.
Tivemos recentemente a infeliz notícia de que a Princesa de Gales, Kate Middleton, teve o diagnóstico de cancro. Num vídeo intimista e honesto, a Princesa abriu o seu coração e divulgou a informação do desafio que estará a enfrentar. Mesmo sendo apenas especulação, pensa-se que Kate sofre de cancro do cólon.
Todos nós conhecemos pessoas que sofrem com uma doença oncológica e, claro, é impossível ficarmos indiferentes ao vídeo de Kate Middleton e não sentirmos empatia com a sua situação. Por outro lado, como consultora de comunicação na área da saúde, sei que esta poderá ser uma oportunidade para alertar, sensibilizar e desmistificar sobre a sua doença oncológica – isto quando o tipo de cancro se vier a confirmar publicamente.
Atualmente, somos diariamente inundados por estímulos e informações que vêm de diferentes fontes, por isso, o papel das figuras públicas, principalmente na área da saúde, pode ser fundamental. Claro que nunca entrando ou ultrapassando a esfera privada de cada um, mas as figuras públicas constituem um importante (e poderoso) veículo de informação de mensagens que sejam credíveis, sérias e apelativas, tendo um impacto bastante significativo quando se pretende captar a atenção da população, contribuindo, assim, para uma maior literacia em saúde.
De que forma o papel das figuras públicas pode impactar a população na sensibilização para um determinado tema na área da saúde?
- Experiências pessoais e reais interessam à sociedade: as pessoas interessam-se por boas histórias e, idealmente, boas histórias reais. Se estas forem de figuras públicas, globalmente conhecidas, como é o caso de Kate, maior o interesse em acompanhar o caso, devido ao seu mediatismo e ao papel que desempenha como Princesa de Gales. Segundo o jornal britânico The Sun, a página do NHS (Serviço Nacional de Saúde britânico) dedicada aos sintomas do cancro foi consultada em média uma vez a cada três segundos e, entre as 18.00 e as 21.00 horas, foram realizadas o dobro das buscas, totalizando 4172.
- Tempo de antena: em Portugal já se faz muito trabalho no que diz respeito à sensibilização para determinadas doenças, especialmente em programas informativos onde há a possibilidade de ouvirmos médicos e especialistas em saúde. No entanto, as figuras públicas permitem ‘humanizar’ e dar um rosto e uma vida a estas doenças. Penso que todos temos o sentimento de identificação ou o pensamento ‘se lhe aconteceu, também me pode acontecer’ e, possivelmente, as mensagens são captadas de uma outra forma. Esta estratégia também nos permite uma maior abrangência e diversificação de presença nos diferentes canais de comunicação: programas de entretenimento, revistas de lifestyle, redes sociais, entre outros.
- Redução do estigma: esta é uma questão que cada vez mais nos esforçamos para debelar: o estigma associado a determinadas patologias, seja o embaraço que a própria pessoa possa sentir, seja algum pré-conceito que a própria sociedade possa percecionar. Infelizmente e em pleno século XXI ainda existem pessoas que escondem as suas doenças por terem medo de ser discriminadas, de serem consideradas menos capazes e tudo o que precisam é saber que não estão sozinhos na sua jornada. Dando um rosto à problemática torna-se mais fácil explicar a doença, as suas condicionantes.
- Incentivo à investigação na área: o envolvimento de figuras públicas em campanhas de sensibilização pode aumentar a visibilidade da doença e, consequentemente, impulsionar o interesse em investigação e desenvolvimento na área, principalmente no caso de doenças raras.
- Mobilização de fundos para causas sociais ligadas à doença: Se existirem associações de doentes na área, o envolvimento de figuras públicas pode ajudar na angariação de fundos.
- Inspiração e esperança: por último mas mais importante, ter o exemplo de uma figura pública que fala abertamente sobre o seu caso pode, efetivamente, dar esperança, inspirar e motivar as pessoas que estejam a viver o mesmo desafio.
Apesar de todas as vantagens de termos o envolvimento de figuras públicas para a sensibilização destes temas, obviamente, não nos podemos esquecer que ali está um ser humano, uma mãe ou pai, um filho ou uma filha. É imperativo respeitar o processo e o tempo que cada um tem e necessita e a sua privacidade. No entanto, da perspectiva de comunicação sei como um testemunho como o de Kate pode, realmente, salvar vidas!