Se queres ir rápido, vai sozinho. Se queres ir longe, vai em grupo (provérbio africano)

Cumprem-se 49 anos sobre o dia 25 de abril de 1974. Entramos no 50º aniversário desta efeméride que marcou a devolução das liberdades políticas ao povo português.

Os 3 D’s da revolução: Democracia, Descolonização e Desenvolvimento, identificados pelo Movimento das Forças Armadas, que colocou fim ao Estado Novo, não foram cumpridos de forma harmónica.

A Democracia só começou a consolidar-se a partir de 25 de novembro de 1975.

A Descolonização cumpriu-se de forma atabalhoada, num processo não assumido que nos envergonha profundamente, com consequências ainda não ultrapassadas para milhões de pessoas afetadas em Portugal e nas ex-colónias, agora estados independentes.

E o Desenvolvimento, foi-se tornando uma lenta construção, sobretudo fruto da nossa adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE) e do usufruto dos fundos comunitários que desde então até aos dias de hoje não pararam de ser disponibilizados ao nosso país.

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As hesitações na implementação assumida de uma democracia liberal, assente numa economia de mercado como decorria dos vários tratados europeus que assinámos, não tornaram possível que se possa considerar que o Desenvolvimento, no que respeita ao crescimento económico, à produtividade e à concorrência acompanhada de mecanismos de regulação adequados, apesar dos inevitáveis avanços em praticamente todos os índices económicos e sociais , se constitua, 49 anos depois, um desígnio satisfatoriamente cumprido.

Vivemos num país estagnado economicamente há mais de 20 anos, sem chama, sem propósitos capazes de mobilizar a sociedade, os jovens em particular, a construir projetos de vida a longo prazo em Portugal. Projetos baseados no mérito, na recompensa do esforço, no trabalho e em subir na vida.

O governo socialista, no poder durante grande parte destas duas últimas décadas, dá sinais de grande desgaste e de incapacidade para reverter esta falta de rumo e de cumprir o desígnio do Desenvolvimento na sua plenitude, de cumprir Portugal e o 25 de abril.

É tempo de se afirmar nas oposições compatíveis, um projeto político capaz de ser identificado como verdadeiramente alternativo ao do partido socialista.

Um projeto político de fundo, capaz de englobar forças políticas realmente comprometidas na necessidade de reformar a nossa economia, os nossos sistemas de proteção social, saúde, segurança social, educação, de segurança civil e militar, de corrigir as injustiças da Justiça, de reagir à demografia de um país envelhecido, sangrado dos mais jovens para a emigração, capaz de atrair pessoas de outras paragens.

Um projeto político multiplicador e mobilizador dos portugueses e dos que vivem em Portugal, daqueles que abandonaram o país nos últimos 10 a 20 anos, para um conjunto de ideias políticas alternativas para os macro sistemas sócioeconómicos e de segurança civil e militar em Portugal.

Um projeto político, em que se queira ir longe e não apenas de forma rápida, como diz o antigo provérbio africano: “Se queres ir rápido, vai sozinho. Se queres ir longe, vai em grupo”.

Para ir construindo as redes e capital de confiança, humano, político, social e digital, e de ideias mobilizadoras para cumprir o potencial de uma sociedade letárgica e aparentemente conformada com o empobrecimento a que está devotada, são fundamentais no nosso sistema entendimentos entre partidos políticos atualmente compatíveis entre si para esse projeto: PSD, Iniciativa Liberal e CDS-PP. Nenhum destes potenciais integrantes ou outros é suficientemente forte para apresentar uma alternativa de forma isolada. Só juntos terão capacidade de ir longe.

Esta tríade deve ser capaz de identificar uma base de entendimento comum e estruturada de objetivos políticos e de desenvolvimento, a apresentar publicamente ao país antes do aniversário dos 50 anos do 25 de abril, em 2024.

Um projeto que, de forma atempada, dê sinais de estar pronto, face à degradação da situação política e aos avisos que o Presidente da República vem dando, que se constitua num seguro político em caso de convocação de eleições antecipadas.

Um projeto político pronto a ir a votos nas eleições europeias que terão lugar logo em meados de 2024 numa grande coligação democrática, social, liberal e popular.

Um projeto que possa ser galvanizador, em função dos resultados obtidos, para se apresentar com um programa comum nas legislativas de 2026.

Um projeto capaz de se rodear do dinamismo que resta à sociedade civil, dos setores mais reformistas da sociedade e de outras forças políticas que se venham a identificar com esta dinâmica que inevitavelmente surgiria da perceção por parte dos eleitores e dos cidadãos em geral da existência de uma intenção expressa capaz de ousar e ambicionar cumprir Portugal e Abril na sua plenitude.

A fragmentação das oposições reformistas não se constitui por si numa alternativa. A quantidade de linhas vermelhas, azuis, e de outras cores, está a colocar em causa a oportunidade decorrente da diferenciação política existente entre estas três forças políticas. Parece um autêntico “jogo da macaca”, em que cada uma destas organizações políticas anda ao pé coxinho saltitando entre linhas e quadrados ideológicos tentando não se desequilibrar.

É momento agora de abrir espaço para um entendimento capaz de colocar a diferenciação ideológica de cada, PSD, IL e CDS -PP , ao serviço de uma estratégia comum, que irá conquistar mercado político muito mais alargado criando uma dinâmica vencedora capaz de ajudar a mobilizar o país para nos constituirmos nos próximos 50 anos, a 25 de abril de 2074, quando cumprirmos 100 anos sobre o 25 de abril, como o mais próspero e com mais qualidade de vida da Europa.

As duas gerações que poderão assistir a esta visão estratégica de um projeto a 50 anos, os que agora estão a nascer ou a procurar o nosso país para viver, são a alavanca motivacional para que gerações mais antigas como a minha, que não se conformam com um país sem objetivos, sem ambição, sem desígnios e sem visão, se comprometam numa construção a longo prazo a que já não irão assistir.

No entretanto, os projetos políticos e de vida, estabelecem objetivos, metas, propósitos, e identificam as pessoas capazes de levar a cabo as etapas intermédias, nomeadamente preparando de imediato a alternativa até 2030.

Acontece aos Países o mesmo que às Pessoas, quando esquecem objetivos e não cumprem os seus propósitos: definham.