A vida é sofrimento, mas também é felicidade!

Na vida sofremos quando crianças, porque não podemos brincar até o sono nos deitar abaixo, ou porque a nossa melhor amiga ou amigo já o é de outro. Somos felizes quando crianças, porque as brincadeiras são eternas, e os amigos simplesmente surgem com a partilha de uma bola ou a montagem de um cenário de bonecas.

Sofremos quando adolescentes, porque nos apaixonamos pela pessoa errada, ou porque a vida parece que não é justa com as liberdades que não temos. Somos felizes quando adolescentes, porque quando nos apaixonamos pensamos que é para sempre, e quando sentimos que somos invencíveis nas coisas que fazemos.

Sofremos quando somos jovens, na ânsia de ir trabalhar, quando os estudos parecem não ter fim, sofremos quando ganhamos consciência de que os amores de verão só o são porque o verão dura 3 meses. Somos felizes quando somos jovens, porque a vida parece eterna, somos felizes porque ansiamos pelos verões das paixões.

Sofremos quando casamos, na esperança de que a pessoa certa não seja a errada, ou porque a pessoa errada pode um dia ser a certa. Somos felizes quando casamos, porque vivemos para a pessoa certa, ou porque um dia nos cruzaremos com a pessoa errada sem pensar se seria a certa.

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Sofremos quando somos pais, com o medo constante das quedas dos nossos filhos, ou porque temos medo de não lhes dar o que precisam. Somos felizes quando somos pais, porque vivemos as alegrias dos primeiros passos ou palavras como se fossemos nós a atingir o Evereste ou a pisar a Lua, ou porque no fim do dia constatamos que os nossos filhos só precisam do nosso amor e presença.

Sofremos quando envelhecemos porque sabemos que o fim está mais perto ou porque não sabemos deixar os filhos partir, somos felizes quando chegamos à velhice quando olhamos para os filhos que criamos e para a vida que tivemos. Sofremos com as certezas da vida e somos felizes com as incertezas da mesma.

A certeza de que um dia iremos partir, é tão grande como quando assumimos em criança que queremos que o dia não acabe, em contraponto com a incerteza de saber se no dia seguinte teremos a mesma emotividade da véspera, ou na adolescência com a certeza de que somos invencíveis, por oposição às incertezas das paixões de verão, ou na juventude com a certeza de que o primeiro amor é eterno, quando casados que tudo será idílico, em contraponto com uma rotina que nos compromete.

Sofremos quando somos pais, com a fé que os filhos que criamos sejam felizes e saudáveis, e sofremos por antecipação deles tudo aquilo que estamos a viver.

Mas nenhum sofrimento justifica a eutanásia.

Porque mesmo na dor, podemos ver a alegria de sermos queridos por quem nos rodeia, mesmo na maior depressão encontraremos na pureza de uma brincadeira de crianças motivos para sorrir.

Sei, por experiência própria, que existem doenças que nos fazem questionar, que nos fazem pensar na razão de tais sofrimentos, mas também sei que a esperança de que tudo passe alimenta sempre mais um dia.um mês. Sei que quem está doente nunca resiste sozinho, a sua motivação vem do sorriso dos netos, das visitas dos filhos, da cumplicidade dos seus cônjuges.

Habituamo-nos a fazer da vida um produto de consumo imediato, e que quando achamos que não vale a pena, simplesmente desligamos ou “tentamos mudar de canal”. Uma doença incurável só o é até o deixar ser, e mesmo no sofrimento de quem as padece, encontramos a felicidade no amor de quem está presente e não é por saber que a vida tem fim, que lhe podemos antecipar o desfecho.

Partimos quando temos de partir, não por despacho de uma comissão que não conhece nem sente a nossa historia.

Acredito em Deus, acredito no amor, tal como acredito no sofrimento, acredito na tolerância, como acredito que existem algumas incontestabilidades na vida, e o direito à vida esta nestas incontestabilidades A perfeição da vida está nas suas imperfeições. Quem nunca sofreu, nunca viveu.