Acabar com as mortes nas estradas pode ser uma utopia, mas a Suécia parece estar a caminhar para ela e Nova Iorque já lhe seguiu o exemplo. Depois de adotar o modelo que a Suécia implementou em 1997, as ruas nova-iorquinas alcançaram um novo recorde mínimo: em 2014, 131 peões foram mortos nas estradas da cidade. Como? Com a inclusão de zonas de circulação mais lenta na cidade e o aumento da fiscalização policial sobre os limites de velocidade.
Na Suécia, apesar de o número de carros que circula nas estradas ter duplicado desde 1970 – bem como as distâncias percorridas – 264 pessoas morreram em acidentes rodoviários em 2013, segundo a revista The Economist. Desde 2000, o número de mortes já caiu para metade e em 2012, uma criança com menos de sete anos morreu num acidente rodoviário, ao contrário das 58 que faleceram em 1970.
O sucesso é consequência do plano Visão Zero, que o Governo implementou em 1997 para erradicar as mortes e feridos resultantes dos acidentes rodoviários. Se, naquele país, em cada 100 mil pessoas três morrem na estrada, na União Europeia a média é de 5,5 mortes em 100 mil pessoas. Nos Estados Unidos da América, a diferença é ainda maior: em cada 100 mil pessoas, há 11,4 mortos nas estradas.
Qual é então o segredo do sucesso sueco? O privilégio da engenharia sobre a a coação, explicou Matts-Åke Belin, especialista governamental em estratégia de segurança rodoviária, ao CityLab. O The Atlantic recupera o tema para explicar que um dos fatores que tem contribuído para reduzir o número de mortes na estrada é o facto de a Suécia ter reconstruído as estradas optando por privilegiar a segurança sobre a velocidade.
Esta estratégia inclui a criação das estradas “2+1”: vias com três faixas de rodagem, duas num sentido e outra em sentido contrário. Nestas vias, o sentido da faixa “extra” vai sendo alternado para permitir a passagem dos veículos. Segundo a The Economist, este projeto ajudou a salvar cerca de 145 vidas nos primeiros dez anos do plano Visão Zero.
As 12.600 passagens para peões que o Governo construiu também contribuíram para o sucesso na redução das mortes na estrada. Para aumentar a segurança neste tipo de passagens, foram construídas pontes, incluídas luzes intermitentes e redutores de velocidade, que reduziram para metade o número de mortes de peões, nos últimos cinco anos.
Mais: na Suécia, os limites de velocidade nas zonas urbanas e mais movimentadas são mais baixos do que no resto das estradas, foram construídas barreiras para proteger os ciclistas que dirigem em sentido contrário ao dos carros e foi reprimida a condução sob o efeito do álcool.
Em Portugal, 480 pessoas morreram em acidentes rodoviários em 2014, menos 7,3% (38 pessoas) do que no ano anterior, segundo os dados provisórios Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), publicados pela RTP. É nos distritos de Lisboa e do Porto que mais pessoas perdem a vida nas estradas.
Apesar de o número de mortes ter diminuído, houve mais 1.196 acidentes em 2014 do que em 2013. Foram registados 117.231 acidentes rodoviários. O número de feridos graves também aumentou para 2.098, mais 44 do que no ano anterior.