É um apreciador irredutível de jazz? Ou encara este género de música como insuportável, em que, nas suas formas mais vanguardistas, lhe provocam a convicção de que cada músico está a “tocar para o seu lado”? Pode parecer-lhe que a questão não tem qualquer relevância, mas há estudos que concluem que quem gosta de jazz é mais inteligente e criativo.
Um artigo disponível no site Elite Daily cita diversos trabalhos que chegam àquelas conclusões e refere o investigador William Klemm, da Psychology Today, que afirma existirem diversas “vantagens cognitivas” que enriquecem a mente enquanto se ouve jazz. Uma delas está na circunstância de este género possuir o poder de aliviar o stress, de acordo com um estudo levado a cabo pela Universidade do Nevada, nos Estados Unidos, nação berço do jazz que resultou do encontro entre tradições musicais oriundas de África e da Europa.
A música e o stress, defendem os investigadores daquela instituição, andam de mãos dadas. Não é surpresa que os tempos mais rápidos são capazes de o fazerem subir, o que sucede quando se escuta um tema que faz uma pessoa saltar do sofá e começar aos pulos, enquanto os mais lentos, como aqueles que constituem o padrão no jazz, conseguem relaxar a mente e o corpo. William Klemm também traça uma relação entre a capacidade de estudar e o stress, ao considerar que este é o “arqui-inimigo da memória”. Conclusão? O artigo do Elite Daily refere que, ao escutar-se jazz, os níveis de stress baixam, o que ajuda a absorver e a conservar a informação.
Outra vantagem alegada de escutar jazz está no facto de estimular o cérebro. Os padrões rítmicos do género, por vezes mais acelerados e pujantes, mas menos óbvios, levam a mente a mimetizar a improvisação, o que ativa a mesma região do cérebro que comanda a linguagem. Esta situação significa que a música acaba por constituir um exercício que melhora o desempenho intelectual, sabendo-se que o cérebro funciona como os músculos: precisa de atividade para se manter em forma.
Finalmente, o jazz incentiva a criatividade. Porquê? O Elite Daily garante que o “ruído ambiente” melhora as capacidades criativas, embora refira como relevante não só o género de música que se ouve, mas também o volume. Um volume moderado é o nível “óptimo”. Como exige maior esforço de concentração, promove o raciocínio abstrato, obriga o cérebro a fazer “trabalho extra” e, por fim, estimula uma “maior criatividade”.
O Elite Daily sugere que, perante as conclusões de quem estuda estas questões, os leitores escutem a obra completa de John Coltrane, um dos mais virtuosos e inovadores saxofonistas na História do jazz. O Observador subscreve e deixa uma sugestão para começar: o álbum “Blue Train”, de 1957.