Os fadistas Ana Moura, Carminho, Katia Guerreiro e Ricardo Ribeiro, e o guitarrista e compositor de fado Mário Pacheco vão ser agraciados, terça-feira, pelo Presidente da República, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique. A cerimónia está marcada para o Museu do Fado, em Lisboa, pelas 19h00.

Ana Moura, de 35 anos, natural de Santarém, cantou na banda Sexto Sentido. Descoberta pela fadista Maria da Fé, numa noite de fados, a criadora de “Búzios” começou a cantar regularmente no restaurante típico Senhor Vinho, em Lisboa, e fez os primeiros discos com o produtor e músico Jorge Fernando.

O seu mais recente álbum de estúdio, “Desfado”, foi considerado pelo Sunday Times, do Reino Unido, o melhor álbum de 2013 na área da “world music”. O jornal, que tinha já elogiado “Desfado”, afirmou que a voz de Ana Moura é “intoxicante”. O CD de “Desfado”, gravado ao vivo no Festival “Aqui mora o fado”, de 2013, valeu-lhe um Prémio Amália. Entre outros músicos, a fadista gravou com Prince e cantou com a banda britãnica The Rollings Stones.

Carminho, de 30 anos, começou por cantar na casa de fados gerida pela mãe, a fadista Teresa Siqueira, a Taverna do Embuçado, em Alfama. Em 2005 ganhou o Prémio Amália Revelação e, em 2012, recebeu o Prémio Amália de Melhor Intérprete. O primeiro álbum, “Fado”, foi editado em 2009, com produção do músico Diogo Clemente, que tinha já produzido álbuns de Raquel Tavares e Mariza.

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Anteriormente, entre outras experiências de palco, Carminho, de seu nome completo, Carmo Rebelo de Andrade, gravou, em 2003, com o grupo Tertúlia de Fado Tradicional, radicado na Suíça, o CD “Saudades do Fado”.

Katia Guerreiro nasceu há 38 anos em Vanderbijlpark, na República Sul-Africana, viveu a infância nos Açores e licenciou-se em Medicina em Lisboa, onde fez parte da Tuna Médica e do grupo de teatro Miguel Torga. Anteriormente, tinha feito parte de um rancho folclórico açoriano. Na década de 1990, foi vocalista do gupo de música tradicional portuguesa Os Charruas. A fadista foi descoberta para o fado pelos músicos Paulo Parreira e José Mário Veiga. Este último ainda hoje a acompanha à viola. A fadista canta há cerca de 15 anos e, no seu palmarés, conta com um Prémio Amália Melhor Intérprete.

Ricardo Ribeiro, de 33 anos, começou a cantar ainda jovem nas coletividades de recreio lisboetas e tem como maior referência o fadista Fernando Maurício, que acompanhou e com quem cantou amiúde. O intérprete de “Destino marcado”, já distinguido com dois prémios Amália – Revelação, em 2005, e Melhor Intérprete, em 2010 -, tem colaborado com músicos como Pedro Jóia, Rabih Abou-Khalil e Olga Cerpa, entre outros. O seu primeiro álbum de estúdio data de 2000, “No reino do fado”, tendo editado outros três, o mais recente intitulado “Largo da Memória”.

Mário Pacheco, de 60 anos, é filho do guitarrista Mário Pacheco que, entre outros nomes, acompanhou Hermínia Silva. Pacheco, que atualmente dirige o Clube de Fado, em Alfama, começou por tocar viola e, posteriormente, guitarra portuguesa, tendo já acompanhado nomes como Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, Camané, Hermínia Silva, Max, Tristão da Silva, Mísia, entre outros. Como compositor, é autor de “Cavaleiro monge”, uma criação de Mariza.

A Ordem do Infante, criada em 1960, distingue personalidades que tenham prestado serviços relevantes a Portugal, no país e no estrangeiro, assim como serviços na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua História e dos seus valores.

Vários fadistas receberam já esta distinção, nomeadamente Amália Rodrigues, Mariza e Mísia. Em 2013, Cavaco Silva condecorou, no Palácio de Belém, com a mesma comenda, os fadistas Argentina Santos e Vicente da Câmara e o guitarrista e compositor de fado Carlos Gonçalves.