O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, admitiu esta quarta-feira, no lançamento do “Relatório de Diagnóstico: Estratégia de Competências para Portugal” da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), que Portugal está atrasado em matéria de educação e competências quando comparado com os restantes países membros da OCDE. Passos Coelho apontou algumas das medidas levadas a cabo nestes últimos anos para melhorar a qualidade e a equidade do ensino e promover o aumento das competências, mas deixou claro que o Governo não fecha os olhos aos desafios que o país enfrenta.
Alguns desses desafios passam por “gerar emprego para o futuro”, mas também pela “construção de uma sociedade mais justa com oportunidades para todos”. “A equidade social e a economia, a justiça e a eficiência têm de caminhar de mãos dadas”, sublinhou o chefe de Executivo, reiterando mais à frente que “o tempo que temos à nossa frente tem de ser muito marcado pelo combate ao desemprego”.
Entre o rol de desafios constam ainda, elencou o primeiro-ministro, o elevar das qualificações dos portugueses, a proteção dos trabalhadores com mais baixos rendimentos, a reintegração dos que estão há muito tempo fora do mercado de trabalho e a multiplicação de oportunidades para os jovens.
“Não há nada que impossibilite o cumprimento destas tarefas. Precisamos de estabilidade nas reformas e precisamos de aprofundar algumas delas”, acrescentou.
Passos Coelho afirmou que “são vários os aspetos” em que o Governo “partilha o diagnóstico” feito pela OCDE neste relatório, admitindo que “apesar dos progressos, Portugal é ainda infelizmente um país com um atraso estrutural em matéria de educação e competências”. “Temos de caminhar mais depressa do que os outros países europeus”, rematou.
Entre as medidas adotadas, que contribuirão para melhorar as competências, Passos destacou o alargamento da escolaridade obrigatória, mas também a aposta no ensino vocacional e nos cursos técnicos superiores de dois anos criados este ano letivo. “Queremos levar bastante mais longe este investimento. Retroceder seria comprometer o futuro dos portugueses”, afirmou.
Antes de Passos Coelho ter falado foi a vez do secretário-geral da OCDE, Angel Gurría. Deixou algumas palavras de elogio a medidas que têm sido adotadas pelo Governo nos últimos anos, mas fez questão de sublinhar a necessidade que Portugal tem de adotar medidas para “promover a equidade e a qualidade do ensino”, bem como de enfrentar o maior dos desafios que é a “criação de emprego”.
Em jeito de conclusão, e depois de destacar alguns dos desafios que o país enfrenta em matéria de educação e competências, Gurría afirmou que este relatório traça um “diagnóstico”, mas que “a cura tem um custo, este custo tem de ser financiado e financiar um sistema de competências mais equitativo pode ser particularmente ambicioso quando se tem um orçamento limitado”.
O relatório hoje apresentado identifica 12 desafios que Portugal enfrenta em matéria de competências.