O investigador João Mano, membro do laboratório associado ICVS/3B’s da Universidade do Minho, acaba de receber a bolsa científica mais prestigiada na Europa. O cientista vai receber 2,5 milhões de euros até 2020, por parte do Conselho Europeu de Investigação, para o “ATLAS”, um projeto que pretende regenerar osso humano.

A ideia é replicar exemplos de animais como a salamandra, que em pouco tempo retoma a capacidade funcional e anatómica de um membro amputado, explica a Universidade do Minho, em comunicado.

Para tal, vão ser criados pequenos reservatórios em laboratório, combinando células do paciente com biomateriais porosos, que deverão depois proliferar e formar um tecido “vivo”. Este será então implantado dentro do paciente, através de uma cirurgia não invasiva, favorecendo a substituição do defeito ósseo.

“Na construção destes reservatórios teremos que saber condensar as combinações ótimas de vários tipos de células, ingredientes e estruturas, para serem bem aceites pelo sistema imunológico e vascular do paciente, integrarem-se nos tecidos circundantes e poderem guiar e estimular a regeneração, de modo autorregulado e sem ajuda exterior”, diz João Mano.

João Mano admite que esses reservatórios possam servir como modelos para testar doenças e fármacos. “Simular doenças em laboratório, testar novas terapias e poder substituir os testes tradicionais é uma grande ambição da comunidade científica mundial”, refere o investigador.

O Ministério da Educação e Ciência já congratulou, em comunicado, o cientista de 47 anos, vice-diretor e investigador do Grupo 3B’s – Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos e professor no Departamento de Engenharia de Polímeros da Escola de Engenharia da UMinho. João Mano já foi galardoado com o prémio “Estímulo à Excelência” do Governo, com o “Materials Science & Technology Prize” da Federação Europeia das Sociedades de Materiais e o Grande Prémio BES Inovação. Tem mais de 450 artigos em revistas internacionais e seis patentes, está no conselho editorial de várias revistas científicas e é convidado regularmente para conferências e projetos em vários países.

A sua bolsa avançada (Advanced Grant) permite criar empregos, atrair cientistas de excelência, adquirir equipamentos e é também um balão de oxigénio face à conjuntura económica e aos cortes na ciência e ensino superior. Esta é apenas a décima bolsa avançada que vem para Portugal em nove anos, a oitava para cientistas de nacionalidade portuguesa, sendo a segunda da UMinho e do Grupo 3B’s.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR