Henricus Martellus foi um cartógrafo e geógrafo que viveu e trabalhou em Florença. A sua obra mais conhecida é o extraordinário mapa Mundo desenhado à mão com tinta ferrogálica que remonta a 1491, e que se encontra exposto na Galeria de Arte da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. O mapa tem uma particularidade: quando observado a olho nu, parece simples. Vê-se apenas uma massa de terra e água. Agora, através de uma tecnologia que permite visualizar as imagens não detectáveis a olho nu, uma equipa de investigadores descobriu pela primeira vez que escondia mais de 2.000 imagens e três terabytes de informação, bem como os primeiros detalhes do Japão e de África, explica o El Mundo.

O passar dos séculos apagou as cores e traços originais do mapa, doado anonimamente em 1962. “Quando é observado, vê-se menos de 10% do que foi escrito e desenhado”, afirma Gregory Heyworth, professor de inglês da Universidade do Mississipi nos Estados Unidos, e fundador do projeto Lazarus, destinado a desenvolver uma tecnologia que permita a visualização de imagens multiespectrais, para que sejam acessíveis a baixo custo.

Utilizando esta tecnologia, em agosto de 2014, uma equipa de 5 investigadores liderada pelo professor independente especializado em História da Cartografia, Chet Van Duzer, passou 10 dias a estudar as imagens multiespectrais do mapa de Martellus. “Há uma boa razão para pensar que Cristóvão Colombo tenha utilizado este mapa e a prova mais clara é a de como está desenhado o Japão. Não há nenhum outro documento deste período que diga que estava orientado de Norte a Sul”, afirma o especialista, baseando-se nos escritos do filho de Colombo, Fernando que faz referência a essa especificidade quando o pai planeou a grande viajem dos Descobrimentos.

Para Van Duzer, “uma das partes mais incríveis” da investigação é que o mapa mostra pela primeira vez uma informação precisa que inclui “cidades, rios, montanhas no Sul da África, no século XV”, explica.

Segundo Heyworth, os textos em latim fazem referência a “informação histórica específica” mas também a fábulas. Algumas caixas de texto mencionam monstros como um “peixe-torpedo”, uma “orca de pele suave” ou uma “serpente” em África. Na zona da Ásia, aparece uma referência a um membro do grupo étnico Tangut, um estado que existiu entre o século X e XIII e que hoje em dia pertence a China, e dos Panotii, pessoas com orelhas tão grandes que as poderiam usar como sacos-cama.

Os investigadores descobriram também que “o mapa de Martellus não é plano, tem ondas”, afirma Heyworth.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR