Onde é que Portugal mais ganha e mais perde na comparação com os parceiros da União Europeia? A melhor nota é conseguida no ambiente, onde o país ocupa o quinto lugar, as piores classificações são obtidas na demografia e no desenvolvimento inteligente, onde Portugal ocupa o penúltimo lugar nos 28 países da UE.

Os nove retratos sobre a realidade económica e social portuguesa e europeias têm por base o ano de 2013 e são constituídos a partir da arrumação dos 50 indicadores analisados no estudo Três Décadas de Portugal Europeu: Balanços e Perspetiva, coordenado por Augusto Mateus para a Fundação Francisco Manuel dos Santos, que é apresentado esta quarta-feira. Estes indicadores procuram avaliar como Portugal evoluiu nos 30 anos de adesão à União Europeia (Portugal entrou em janeiro de 1986 para a então Comunidade Económica Europeia) num conjunto vasto de áreas que vai desde a produtividade e dos salários, até à demografia, família e finanças públicas, passando por empresas e investimento.

Para cada um destes indicadores, foi avaliada a evolução da performance e situação portuguesas nos últimos 30 anos. A partir daqui são construídos nove retratos, que são também “pilares estratégicos”, onde é feita a comparação com o posicionamento atual e a evolução registada pelos restantes parceiros europeus, em três momentos, 1999, que marca o arranque do euro, 2007, o último ano limpo da crise financeira, e 2013.

Uma das conclusões que ressalta do estudo é a degradação do nível de qualidade de vida em relação a 1999, o que resulta sobretudo da evolução negativa ao nível dos rendimentos, fator que trava as evoluções positivas nas condições de saúde, propensão ao consumo e conforto da habitação. Portugal ocupa o 17º lugar ao nível da União Europeia. A Grécia é o único país que tem uma pior performance.

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A melhor nota portuguesa, é obtida no item ambiente e coesão territorial do capítulo desenvolvimento sustentável, onde o país ocupa o quinto lugar, numa lista que é liderada por Malta e onde Espanha está em segundo. É sobretudo o bom desempenho ao das emissões de CO2, graças a uma economia com pouca indústria e à aposta nas energias renováveis, que colocam Portugal num lugar tão cimeiro deste ranking, já que a performance nos capítulos da coesão territorial e o povoamento é mais baixa.

Do melhor para o pior. A demografia é uma das rubricas do desenvolvimento sustentável onde Portugal tem um pior desempenho comparativo com os parceiros europeus, ocupando o penúltimo lugar, apenas acima do Chipre. Esta performance “revela as fragilidades de Portugal ao nível do envelhecimento da população, da baixa taxa de natalidade e das dinâmicas migratórias negativas (mais gente a sair que a entrar”. O estudo conclui que se verificou nesta área “um claro agravamento em relação a 1999 e 2007”.

O desenvolvimento inteligente é outro indicador onde o retrato português fica mal na comparação europeia, ocupando também o penúltimo lugar, acima apenas da Roménia. Esta nota negativa é “fortemente influenciada pelos baixos níveis de habilitação da população”, onde Portugal apresenta a pior performance, apesar da melhoria, que limitam o desempenho mais positivo ao nível da evolução da despesa com educação e investigação e desenvolvimento. Uma insuficiente utilização dos transportes públicos e a fraca, em termos comparativos, difusão da Internet, são outros itens que empurram para baixo a classificação portuguesa.

Posição de Portugal no ranking dos 28 países da UE

  • 1. Qualidade de Vida: 17
  • 2. Desenvolvimento inteligente: 27
  • 3. Ambiente e Coesão Territorial: 5
  • 4. Eficiência Económica:22
  • 5. Estabilidade Financeira: 26
  • 6. Relevância Económica do Estado: 21
  • 7. Demografia: 27
  • 8. Desenvolvimento inclusivo: 23
  • 9. Inserção Internacional: 17