A qualidade da água da torneira continua elevada, com níveis “próximos da perfeição”, nos 98,4% e o incumprimento é “baixíssimo”, ficando em 1,5%, segundo um responsável da entidade reguladora, a ERSAR.
“Continuamos a poder beber água da torneira em Portugal com muita tranquilidade e, apesar de já estarmos em níveis muito próximos da perfeição, o indicador água segura voltou a subir mais um bocadinho, dos 98,2% de 2013 passamos para os 98,4% em 2014”, disse o diretor do Departamento da Qualidade da Água da ERSAR.
Luís Simas falava a propósito do relatório anual sobre o “Controlo da Qualidade da Água para Consumo Humano”, divulgado esta quarta-feira pela Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR), documento no qual se realça que é possível garantir aos portugueses “que podem beber água da torneira com confiança”.
Verificou-se, segundo Luís Simas, “uma redução dos parâmetros considerados críticos, aqueles que estão ligeiramente abaixo da média nacional”, mas “é normal que existam problemas pontuais de qualidade da água que depois são resolvidos”.
Os elementos medidos são bactérias coliformes, parâmetro indicador que não tem um impacto imediato na saúde e que se pode ficar a dever à ineficiência da desinfeção, ou o pH e o alumínio, também sem consequências imediatas, e cuja presença pode dever-se às caraterísticas hidrogeológicas das origens de água, segundo a ERSAR.
“Portanto, há valores baixíssimos que estão abaixo de 1,5% de incumprimento no país que continuam a precisar de pequenas afinações para ver se nos aproximamos daquele nível de excelência que são os 99%”, salientou o especialista da ERSAR.
O relatório concluiu que a percentagem de cumprimento da frequência mínima de amostragem das entidades gestoras da água está em linha com a tendência verificada nos anos anteriores, ou seja, está muito próxima dos 100% (ficou nos 99,9% em 2014).
“Apenas ficaram por realizar cerca de 500 análises em mais de meio milhão de análises obrigatórias na torneira do consumidor”, destaca a entidade, referindo que continua a ser no interior, com maiores carências de recursos humanos, técnicos e financeiros, que se concentram os incumprimentos, principalmente em zonas de abastecimento com menos de 5.000 habitantes.
Em 2014, foram realizadas 60 fiscalizações, das quais 43 no norte e centro e em cerca de metade das ações “foi identificada matéria passível de instauração de processos de contraordenação”, essencialmente relacionados com os prazos administrativos na comunicação de incumprimentos à ERSAR e às autoridades de saúde.
Atualmente, já se encontram em processo de instrução 25 processos de contraordenação, sendo que um já está pronto para ser elaborada a decisão final, refere a Entidade.
Controlo de fontanários para quem não tem torneira em casa
A entidade reguladora da água acompanhou o controlo de qualidade de 281 fontanários, nomeadamente no norte e centro, utilizados por 12 mil portugueses que ainda não têm uma torneira em casa, disse esta quarta-feira um responsável da ERSAR.
“Foram controlados 281 [fontanários] em 2014 contra 293 em 2013, redução que tem a ver com a integração de algumas destas regiões em zonas de abastecimento” pela rede domiciliária, passando mais portugueses a ter “a torneira em casa”, avançou à agência Lusa o diretor do departamento de Qualidade da Água da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR). Luís Simas salientou que “há uma tendência ligeiramente descrescente para a utilização destas origens o que é positivo”.
Em 2013, estimava-se que eram 17 mil o número de pessoas que utilizava a água dos fontanários, número que terá baixado para 12 mil em 2014, “o que representa uma redução muito significativa”, realçou o responsável da ERSAR. Tal como no passado, os fontanários controlados pela ERSAR situam-se principalmente na região centro, com mais de 57%, e na região norte, com 25% do total.
O diretor do departamento de Qualidade da Água explicou que “há uma preocupação” relacionada com os consumidores que ainda não tem água da torneira em casa e, por isso, têm de recorrer a outras origens.
Luís Simas, apontou que, muitas vezes, estes portugueses abastecem-se de água em “origens particulares”, mas não devem faze-lo, devendo sim procurar recorrer a água c ontrolada. O número de fontanários com um sistema de desinfeção da água, na região centro, era de 103 em 2013 e aumentou para 114 no ano passado, segundo a ERSAR que publica hoje um relatório sobre a qualidade da água para consumo humano.
A entidade reguladora exige às entidades gestoras dos sistemas de abastecimento que controlem a qualidade de um determinado número de fontanários para que as populações sem acesso a água canalizada em casa tenham um local onde ir buscá-la, com boa qualidade.