Os dados divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística mostram que o crescimento em Portugal estagnou terceiro trimestre, face ao que se tinha verificado no segundo trimestre do ano. Em comparação com o mesmo período do ano passado, a economia cresceu 1,4%, face aos 1,6% do 2º trimestre.

Segundo o INE, a justificação para a estagnação do crescimento está na diminuição da procura interna – que subiu apenas 1,9 pontos percentuais, face aos 3,5 pontos registados na última avaliação trimestral. E sobretudo na desaceleração do investimento – no 3º trimestre registou um crescimento homólogo de 1,7% em volume, após um aumento de 8,5% no 2º trimestre.

No que respeita ao consumo, um dos principais fatores anotados pelo INE foi a desaceleração da compra de automóveis – contribuindo muito para a quebra de 17% para 7,8% no que respeita a bens duradouros.

A favor do PIB esteve a baixa das importações, face ao abrandamento mais leve das exportações.

PS: Só com crescimento “robusto” é possível atingir metas

Conhecidos os números, o PS acredita que muito dificilmente as metas deste ano serão cumpridas uma vez que perante o cenário seria preciso um “crescimento robusto” no último trimestre do ano. Aos jornalistas, o deputado João Galamba criticou o anterior Governo, dizendo que “a narrativa de retoma económica e de aceleração económica que vinha sendo vendida pelo PSD/CDS para as eleições, afinal não era verdadeira.

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Perante os números, o socialista defendeu que são necessárias novas políticas: “As políticas anteriores a este governo não estavam a resultar e que precisamos de novas políticas. O que isto diz ao novo Governo e ao PS é que torna apenas ainda mais necessário e urgente as prioridades do novo Governo”.

Em primeiro lugar com destaque para o crescimento do consumo. “Um crescimento robusto do consumo é necessário para termos crescimento económico” e isso fará parte do Orçamento que “iremos debater no Parlamento muito brevemente”.

PCP: Discurso do PSD/CDS foi um “embuste”

Também o PCP já reagiu aos dados divulgados pelo INE, com o deputado António Filipe a acusar os partidos que suportavam o anterior governo PSD/CDS de terem tido um discurso desadequado face à realidade. “Tudo o que foi intensamente dito em campanha eleitoral não passava afinal de um embuste”, disse, sublinhando que os dados relativos aos meses de julho a setembro mostram que houve “desaceleração ao nível do investimento e do consumo privado”.

“Os dados são referentes ao terceiro trimestre deste ano (de julho a setembro), o que corresponde ao período em que PSD e CDS davam conta do crescimento da economia e de um futuro risonho. Mas afinal ficamos a saber que a economia estagnou neste trimestre relativamente ao trimestre anterior, e que desacelerou em relação ao trimestre homólogo”, notou o deputado comunista, numa declaração feita aos jornalistas na Assembleia da República.

Bloco: recuperação era uma imagem fictícia

O BE disse que os dados que revelam uma estagnação da economia mostram que “foi criada uma imagem fictícia da recuperação económica” pelo Governo PSD/CDS, considerando que o programa socialista marca uma rutura com políticas de empobrecimento.

As declarações da deputada do BE Mariana Mortágua à agência Lusa surgem depois dos dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que dão conta de uma taxa de variação nula do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre face ao trimestre anterior e um aumento de 1,4% em termos homólogos.

“Os números mostram claramente uma estagnação. (…) Isto permite-nos comparar o desempenho atual da economia com aquelas que foram promessas e uma descrição da realidade feita pelo anterior Governo do PSD/CDS em período de campanha eleitoral”, considerou Mariana Mortágua, acrescentando que foi criada “uma imagem fictícia da recuperação económica que não corresponde à realidade”.

CDS-PP: A culpa é da “instabilidade política” gerada pela “atuação do PS”

Já a vice-presidente da bancada do CDS-PP Cecília Meireles responsabilizou a “instabilidade política” gerada pela “atuação do PS” pela retração dos agentes económicos, nomeadamente no investimento, que revela o Instituto Nacional de Estatística (INE).

“O CDS alertou várias vezes para aquilo que infelizmente está agora a acontecer. A situação de instabilidade política que se gerou e que se gerou sobretudo pela atuação do PS tem consequências”, afirmou à Lusa Cecília Meireles.

“Estes dados, a par com os dados da semana passada da confiança das empresas e das famílias, são a confirmação disso mesmo. Quando se gera uma situação de bloqueio, de incerteza quanto ao futuro, de instabilidade, de querer voltar para trás naquilo que foram muitas das medidas dos últimos anos, os agentes económicos retraem-se, começam a desconfiar”, argumentou a ‘vice’ da bancada centrista.

Questionada sobre os dados que lhe permitem fazer tal afirmação, Cecília Meireles respondeu: “O dado que mais se retrai é o investimento, que é precisamente o dado económico que mais tem a ver com as expectativas do futuro. À medida que as pessoas se foram apercebendo que o futuro era incerto, que podíamos ter uma viragem face aquilo que estava a ser feito em Portugal, os agentes económicos retraíram-se no investimento”.

PSD: “Temos aqui uma tentativa não séria de reescrever a história” 

Por sua vez, o PSD acusou  os “partidos das esquerdas” de fazer uma “tentativa não séria de reescrever a história” relativamente aos dados divulgados, assegurando que a tendência da economia de 2015 é de crescimento, havendo apenas variações entre os trimestres.

“Nós ouvimos já hoje vários partidos das esquerdas a pronunciarem-se e acho que é evidente para todos, perante estes números, que temos aqui uma tentativa não séria de reescrever a história ao dizer que não estamos a crescer. A economia portuguesa face a 2014 está a crescer. A tendência do ano 2015 é uma tendência de crescimento”, disse à agência Lusa o vice-presidente da bancada parlamentar do PSD António Leitão Amaro.

Segundo o deputado social-democrata, “é verdade que há variações entre os trimestres”, mas esta era uma realidade à qual já se assistiu o ano passado, quando “a economia portuguesa cresceu, teve o ano a crescer e houve uns trimestres com um crescimento mais forte do que noutros”.

“A trajetória não se inverteu, o país não está a decrescer, o país estava a crescer no final do terceiro trimestre de 2015”, sublinhou, considerando que este é um “crescimento assinalável” para o passado recente de Portugal.

Segundo Leitão Amaro, “quando se faz a avaliação do estado de uma economia tem que se olhar para a trajetória e para a tendência”.

“Temos a economia a crescer 1,4% face a 2014, temos o desemprego que continua a cair, temos a produção industrial que teve mais um bom momento, as exportações que continuam a subir e também o investimento, sendo que dentro de um ano há trimestres que são mais fortes do que outros”, resumiu.