O presidente do Conselho de Administração da Portway disse esta quarta-feira que a empresa de handling (assistência nos aeroportos) espera readmitir os trabalhadores afetados pelo despedimento coletivo dentro de quatro a cinco anos, quando recuperar os atuais níveis de atividade.

Jorge Ponce de Leão, que foi ouvido na comissão parlamentar de Trabalho e Segurança Social, no âmbito de um processo de despedimento coletivo que afeta 257 trabalhadores, garantiu que a Portway tem “a expectativa” de recuperar a atividade que tinha antes de rescindir o contrato de prestação de serviços com a companhia aérea Ryanair e de “em quatro a cinco anos” voltar a admitir os funcionários.

O responsável da Portway salientou ainda que os trabalhadores não deverão sentir grandes alterações no seu rendimento disponível durante este período, já que poderão acumular parte da indemnização com a possibilidade de trabalharem para a Ryanair — que vai passar a fazer self handling — ou de serem usados em contratos temporários, atendendo aos picos de atividade dos aeroportos. No mês de agosto, a Portway terá 4,5 vezes mais atividade do que em janeiro, exemplificou.

O presidente da Portway adiantou ainda que o critério para o despedimento não foi a antiguidade dos trabalhadores, e sim os que auferiam maiores salários, pelo que irá pagar um montante de indemnizações 15 vezes mais elevado.

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Ponce de Leão reforçou que um terço da atividade da Portway dependia da Ryanair e, a partir da altura em que a transportadora low cost irlandesa passou a dispor dos “instrumentos adequados para aceder ao self handling“, soube que iria “inevitavelmente” terminar o contrato, até porque se recusou a aceitar as exigências da companhia aérea que pretendia uma redução de 30% das tarifas.

Referiu ainda que qualquer empresa pode exercer self handling a partir do momento em que tenha as licenças necessárias e que a gestora dos aeroportos ANA — a que também preside — não poderia negar a atribuição da licença à Ryanair, depois de a autoridade reguladora (ANAC) o fazer.

A Portway deixou de prestar serviços à Ryanair no aeroporto de Faro no final de março e o mesmo acontecerá em junho, no do Porto, e em outubro no aeroporto de Lisboa.

Segundo a Portway, no aeroporto de Faro estão em causa 26 trabalhadores a tempo inteiro e 28 a tempo parcial (40 postos de trabalho), em Lisboa 61 a tempo inteiro e 20 parcial (71 postos de trabalho) e no Porto 76 a tempo inteiro e 46 trabalhadores a tempo parcial (99 postos de trabalho parcial).

O processo negocial com os trabalhadores envolvidos inicia-se na próxima semana e alguns já se ofereceram para rescindir com a empresa, adiantou Ponce de Leão, salientando que não está “disponível para suspender o processo”, mas sim para minimizar o impacto social do despedimento coletivo.