A Wave venceu o UberPitch português, evento que desafiou empreendedores a apresentarem projetos de negócio a bordo de um Uber. Em Portugal, o desafio foi organizado pela Uber e pela sociedade de capital de risco pública Portugal Ventures (entidade que ficou responsável pela avaliação dos candidatos). Por detrás da Wave estão dois ex-alunos do Instituto Superior Técnico, Ricardo Santos, 23 anos, e Mauro Peixe, 25 anos.

Desenvolvida pela startup que os dois amigos lançaram este ano, a Heptasense, a Wave utiliza sensores que identificam os gestos manuais feitos pelos utilizadores, permitindo-lhes, por exemplo, mudar de canal televisivo através de gestos que o sensor do comando identifica (desenhar um “M” no ar, com o comando, pode sintonizar a televisão no canal MTV, exemplifica a empresa). Também permite escrever mensagens sem usar o smartphone e mudar de faixa de música através de gestos que o sensor consegue reconhecer.

A tecnologia da Wave é personalizável e pode ser incorporada em aparelhos como smartwatches, pulseiras de fitness, smartphones e comandos televisivos, entre outros. No vídeo abaixo está exemplificada uma das possíveis formas de utilização do produto desenvolvido por Ricardo Santos e Mauro Peixe.

A nossa tecnologia tem dois tipos de dados: os dados de movimento, que podem ser extraídos de sensores de movimento que já existem em smartphones — com esses sensores detetamos todos os gestos dinâmicos —, e os dados musculares, que os smartwatches não registam e que permitem distinguir se uma pessoa está a tocar com o dedo no polegar, se está a acenar para o seu lado direito, para o seu lado esquerdo, etc“, descreve ao Observador o cofundador e diretor executivo da Heptasense, Ricardo Santos.

Durante o UberPitch, os responsáveis da empresa conseguirem convencer o avaliador, Celso Guedes de Carvalho, presidente da Portugal Ventures, do elevado potencial do projeto. Fizeram-no enquanto viajavam num veículo da tecnológica, numa experiência que Ricardo Santos diz ter sido “extremamente diferente, muito casual” e que levou a que houvesse “menos pressão” para os empreendedores.

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“Vimos com muito interesse a possibilidade dos empreendedores portugueses terem acesso a plataformas e ecossistemas internacionais, ligando-se a pessoas e investidores internacionais com experiência e credibilidade que os possam apoiar a ganhar visibilidade, construir valor e afirmarem-se no mundo”, diz Celso Guedes de Carvalho, Presidente da Portugal Ventures.

Depois de ter sido considerada a ideia de negócio mais interessante das apresentadas em solo português a 1 de junho, data em que decorreu o desafio, a Wave vai agora concorrer com as melhores ideias apresentadas nos restantes 20 países que aderiram ao UberPitch. A 7 de junho, é anunciado o nome do projeto vencedor na Europa, que será depois pessoalmente apresentado ao diretor executivo da Uber, Travis Kalanick, em Berlim.

Vamos representar Portugal na Europa, neste concurso. Os próximos passos, para nós, passam por proteger a tecnologia [licenciá-la]. A Portugal Ventures está a ser um bom candidato para investir, vamos começar a conversar com eles”, revela Ricardo Santos.

O UberPitch recebeu mais de 200 ideias de empreendedores de Lisboa e do Porto. Destes, 50 conseguiram lugar num Uber com um membro da Portugal Ventures. Em segundo lugar, ficou o projeto Ondeck de Filipe Fonseca, Pedro Monjardino e Afonso Dourado, que fundaram a startup MindBridge Solutions. A aplicação que desenvolveram apoia grandes empresas e PME em tudo o que envolve exportação de produtos e serviços e processos de internacionalização.

A Sweet Rebel Bride foi o terceiro finalista. Ana Luísa Pereira lançou uma plataforma com Petra Vaz, Madalena Paiva e Joana Lírio para casais que não têm medo de lutar pela visão do dia do seu casamento e pelo que representam a dois. A missão da empresa é dar-lhes inspiração, força e comunidade e unir os recursos e fornecedores necessários para que possam realmente ter um casamento à sua maneira.

“Estamos muito entusiasmados por poder celebrar os empreendedores europeus, e por dar a oportunidade aos inovadores portugueses de terem exposição e apresentarem as suas ideias de negócio à Portugal Ventures, uma sociedade incontornável de venture capital no país. Continuaremos a trabalhar para fortalecer os nossos lados e apoiar a cada vez mais vibrante comunidade de startups de Portugal”, explicou Rui Bento, diretor-geral da Uber em Portugal, em comunicado.