Um grupo de 20 homens armados da Renamo invadiu a vila sede do distrito de Mopeia, província da Zambézia, no centro de Moçambique, e ocupou o comando da polícia durante uma hora, avançou o administrador local.

Segundo Vidal Bila, administrador distrital de Mopeia, citado pela Rádio Moçambique, a normalidade voltou após a partida dos homens da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), depois de um tiroteio de 45 minutos com efetivos da polícia e a fuga em pânico da população.

“A intenção dos homens armados da Renamo era de se apoderarem das armas de fogo da PRM [Polícia da República de Moçambique], mas não conseguiram, porque, estrategicamente, as armas já não ficam armazenadas no comando. Cada agente fica com a sua arma”, afirmou Bila, dando conta da ocorrência da morte de um homem que se encontrava sob custódia policial.

Os atacantes, descreveu o administrador de Mopeia, queimaram uma viatura da polícia e outra dos serviços de educação, saquearam a unidade de saúde do distrito, tendo levado medicamentos, lençóis e redes mosquiteiras.

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Bila referiu ainda que sua residência não foi atacada porque deu indicações aos agentes da polícia que o protegem para não responderem aos homens da Renamo e foi essa a sua “tábua de salvação”.

Ao fim do dia, a normalidade tinha sido devolvida a Mopeia, com o regresso dos habitantes que se tinham colocado em fuga e o comércio voltou a abril.

A instabilidade militar tem marcado nos últimos meses a região centro de Moçambique, com relatos de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, além de denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) revelou este sábado que, nos últimos seis meses, 108 membros da sua formação foram assassinados só em Sofala, segundo dados do partido no poder nesta província do centro do país.

As autoridades atribuem também à Renamo ataques a unidades de saúde nas últimas semanas e emboscadas nas principais estradas do centro de Moçambique, onde foram montadas escoltas militares obrigatórias em três troços de duas vias.

A Renamo recusa-se a aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, ganhas oficialmente pela Frelimo, e exige governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.

Apesar da frequência de episódios de violência política, as duas partes voltaram ao diálogo em Maputo, mas o processo negocial foi suspenso até ao regresso dos mediadores internacionais, previsto para 8 de agosto.