Uma ideia original de uma arquiteta e empreendedora dos Açores, Sónia Pereira, fará com que seja possível encontrar malas de senhora feitas em madeira de criptoméria e com coro de ananás. A sua venda será feita no mundo online a partir de 2017. Existem já encomendas de particulares.
“A partir de um protótipo já houve encomendas do produto final, por exemplo, o primeiro-ministro das Bermudas encomendou uma mala, o presidente da IBM Portugal também fez uma encomenda para a sua esposa”, afirmou, em declarações à agência Lusa, Sónia Pereira, assegurando que se trata de um produto “maleável, leve, que traz o aroma da madeira”.
Filha de um carpinteiro, Sónia Pereira desde cedo se habituou a apreciar a madeira, mas foi após a licenciatura em arquitetura, em Lisboa, e de ter vencido, em 2012, um concurso regional de empreendedorismo, com o projeto ‘Casa de bonecas’, que ousou enveredar pela área da moda.
Apesar de a sua empresa startup estar orientada para as maquetes em madeira de criptoméria, não esconde ser “apaixonada por moda”, o que a levou a querer ser mais criativa.
“Consegui perceber que há um grande potencial nesta matéria-prima”, referiu, acrescentando que a ideia das malas surgiu da necessidade de criar algo pessoal e inovador para usar num evento social.
Depois de ter conquistado o prémio regional, de ter recorrido a fundos comunitários para adquirir equipamento e de se ter instalado no parque de tecnologia da ilha de São Miguel, na cidade da Lagoa, começou a dar vida a protótipos de malas.
Neste momento o seu ateliê está a ultimar a primeira coleção, que será lançada em 2017, com três modelos de malas, de diferentes dimensões.
“Nesta primeira coleção estamos a trabalhar com o tema ‘Raízes’, que resultou do livro escrito pelo dr. Augusto Athayde, em que conta a história da chegada da criptoméria aos Açores, que foi trazida por José do Canto”, referiu a jovem empresária, alegando que o seu produto tem a história dos Açores associada.
A área de floresta nos Açores tem 12.698 hectares de matas de criptoméria (Cryptomeria japonica D. Don) e cerca de 4.500 hectares estão sob a gestão do Governo Regional. Destes, 2.119 hectares encontram-se na ilha de São Miguel.
O processo criativo e de corte da matéria-prima é da responsabilidade de Sónia, bem como o revestimento final do produto feito manualmente nos Açores. Já a confeção da base da mala decorre na região Norte do país.
Para conseguir chegar ao produto final são utilizadas máquinas laser e 3D, de última geração, assim como é aproveitada uma parte da criptoméria que é pouco valorizada – as primeiras camadas do exterior das árvores.
“É um produto totalmente natural, amigo do ambiente e com matérias-primas locais, para mostrar o quanto os Açores são bonitos”, alegou a empresária, revelando que o preço das malas ainda não está definido.
Segundo Sónia Pereira, que considera que ser empreendedora é “um desafio encantador e também um desafio que assusta”, ideias para futuros projetos na moda não lhe faltam, mas por agora prefere estar concentrada em produzir malas.