A Coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, defendeu este sábado a necessidade de ser cumprida toda a legislação relativa à transferências para offshores, sistema de ‘paraísos fiscais’, ao contrário do que fez o anterior Governo.

“O Bloco de Esquerda defende que devemos ir mais longe, temos defendido alterações fiscais para lutar contra a evasão fiscal e o dinheiro que vai para offshores”, disse a líder do Bloco.

Para Catarina Martins, “num país onde quem vive do seu trabalho paga tantos impostos, não se entende que, tão facilmente, quem tem milhões possa fugir com eles para offshore”.

A líder do Bloco de Esquerda falava aos jornalistas em Estremoz, distrito de Évora, durante uma visita ao mercado da cidade, acompanhada pelo deputado do BE Jorge Falcato.

Catarina Martins indicou que “o primeiro passo” para que se possa perceber o que aconteceu em relação às transferências para offshore, “os secretários de Estado dos Assuntos Fiscais do atual e do anterior governo vão ser ouvidos no parlamento”.

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“Todo o país entende mal, que o Governo anterior, que foi tão forte com os pequenos contribuintes, tenha estado tão negligente com transferências para offshores, isso provoca a perplexidade e o sentimento de injustiça das pessoas e deve ser esclarecido”, adiantou a coordenadora bloquista.

“O Bloco de Esquerda quer ouvir os secretários de Estado e, depois de os ouvirmos, veremos os passos a dar”, acrescentou.

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade, e o seu antecessor no cargo no governo PSD/CDS-PP, Paulo Núncio, vão ser ouvidos no parlamento sobre as offshore, na quarta-feira de manhã, disse à Lusa fonte parlamentar.

A audição de Paulo Núncio na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças foi marcada para as 10:00 e a de Rocha Andrade para as 12:00 do próximo dia 1 de março, quarta-feira.

PSD, PCP e BE pediram a audição parlamentar de Rocha Andrade e de Paulo Núncio para prestarem esclarecimentos sobre as transferências de capitais para offshore, enquanto o PS pediu apenas para ouvir o atual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

O jornal Público noticiou na terça-feira que quase dez mil milhões de euros em transferências realizadas entre 2011 e 2014 para contas em paraísos fiscais não foram nesse período alvo de qualquer tratamento por parte da Autoridade Tributária e Aduaneira, embora tenham sido comunicadas pelos bancos à administração fiscal, como a lei obriga.

O tema marcou o debate quinzenal com o primeiro-ministro no parlamento, na quarta-feira, com António Costa a referir que foram detetadas “discrepâncias significativas” nas transferências para paraísos fiscais e assegurar que o executivo adotou “normas” e “acordos” para controlar situações como esta.

O líder do PSD, Passos Coelho, afirmou este sábado que os sociais-democratas levarão “até às últimas consequências” o apuramento do caso, dizendo que farão o contrário da “ocultação” do Governo e maioria na Caixa.