A iniciativa foi apresentada há poucos dias. Martin Scorsese, um dos realizadores e produtores mais reconhecidos e influentes do cinema contemporâneo, apresentou ou African Film Heritage Program (AFHP), um programa de preservação do património cinematográfico africano. Para já, o objetivo é restaurar 50 filmes com significado “histórico, artístico e cultural”, como o próprio Scorsese revelou no vídeo que explica os princípios deste programa:

O AFHP é desenvolvido em colaboração com a Federação Pan-Africana de Realizadores (FEPACI) e com a divisão da ONU dedicada à cultura e ao património, a UNESCO. Mas à frente da ideia está o World Cinema Project, da Fundação do Cinema. O Projeto de Cinema do Mundo foi estabelecido pelo próprio Scorsese em 2007, associado à fundação criada em 1990 por George Lucas, Stanley Kubrick, Steven Spielberg e Clint Eastwood.

Na apresentação do AFHP, Martin Scorsese explicou que a ideia é “evitar o desaparecimento de títulos fundamentais”:

“Fomos percebendo que há uma necessidade urgente de encontrar e preservar filmes africanos, título a título a fim de garantirmos que as novas gerações de cinéfilos — os africanos em particular podem ver estas obras e apreciá-las”

O americano fez também questão de lembrar que o World Cinema Project já desenvolveu trabalhos semelhantes com a obra fílmica de países como o Egipto, a Índia, Cuba, as Filipinas, Brasil, Arménia, Turquia ou o Senegal.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na comunicação oficial da AFHP, também o secretário geral da Federação Pan-Africana de Realizadores, Cheick Oumar Sissoko, realizador natural do Mali, afirmou que “África precisa das sua próprias imagens, o seu próprio olhar a testemunhar por si, sem a perspetiva distorcida dos outros, a observação feita a partir de fora e contaminada por preconceitos”:

“Temos que ser testemunhas deste berço da humanidade como centro de criação de um património histórico, cultural e espiritual rico e imenso.”

A FEPACI será, aliás, fundamental neste projeto, já que é esta Federação que forma a equipa responsável por escolher e localizar os filmes a recuperar, quais as melhores cópias guardadas pelas cinematecas e arquivos africanos. Esta equipa é composta por realizadores, académicos e arquivistas.

A diretora geral da UNESCO, Irina Bokova, na mesma comunicação, citada pela Variety, afirmou que este esforço vai promover a diversidade cultural, facilitar o acesso a clássicos africanos e ao património espiritual”.