Michel Temer quis minimizar os efeitos negativos da operação ‘Carne Fraca’, e organizou um jantar, este domingo, com ministros, embaixadores e representantes de 27 países numa churrasqueira em Brasília, a Steak Bull. O objetivo era provar que a carne brasileira não tem qualquer problema de qualidade – depois de uma investigação que revelou problemas de segurança e higiene no tratamento, armazenamento e venda de carne em algumas das maiores empresas do setor -, só que Temer não contava com o facto de o restaurante não utilizar carne brasileira.

Operação contra venda ilegal de carne no Brasil deteta uso de produto estragado

Depois do anúncio de que Temer iria jantar na Steak Bull, o jornal Estadão, de São Paulo, entrou em contacto com o restaurante que garantiu trabalhar apenas com carne importada. Rodrigo Carvalho, um dos gerentes, reforçou que o restaurante “só trabalha com corte europeu, australiano e uruguaio”. Apenas as carnes suínas e de frango são de origem brasileira. Mais tarde, foi confirmado pelo próprio gerente do restaurante que, excecionalmente, a picanha servida a Temer no jantar era da marca Minerva e era, de facto, nacional.

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Um jantar em que o presidente brasileiro terá juntado cerca de 80 convidados, num restaurante onde o preço médio por refeição é de 119 reais (pouco mais de 35 euros) por pessoa. O menu, neste caso, incluiu rodízio de carnes, um buffet de saladas, acompanhamentos e sushi. A bebida foi cobrada à parte. Temer conta o Estadão, comeu carne bovina e frango, queijo assado, acompanhado de caipirinha. O Planalto informou que pagou parte da conta, mas não confirmou o valor total da despesa com o jantar.

Presidente Michel Temer durante o jantar na churrasqueira Steak Bull.

Mas esse será um problemas menores que Temer enfrenta na gestão da crise provocada pela operação ‘Carne Fraca’. Devido aos problemas com a carne brasileira, partidos e produtores europeus pediram a suspensão de carne que fosse originária do Brasil. Foi ainda pedido à Comissão Europeia que adote uma medida temporária contra os produtos que tenham origem brasileira devido à fraude detetada no setor das carnes.

Países como a Áustria, França, Polónia e Irlanda entraram em contacto com as autoridades europeias, durante o fim de semana, após ser revelado o problema com as carnes. Na Irlanda, o partido Sinn Féin, foi um dos que apelou publicamente que parassem com a importação de carnes brasileiras. Recorde-se que a exportação de carne é uma das principais atividades do país, sendo o país um dos maiores exportadores mundiais.

A Polícia Federal brasileira realizou uma grande investigação, conhecida na passada sexta-feira, contra a venda ilegal de carne a fim de desarticular uma organização criminosa que seria formada por grandes empresas do ramo alimentar. Estas empresas, alegadamente, pagavam luvas para que fiscais federais libertassem produtos que ainda não tinham sido verificados.

A BRF e a JBS, empresas brasileiras que atuam no mercado global, estão envolvidas neste escândalo e chegaram a alterar produtos para venderem carne estragada do Brasil para os mercados internacionais.