Henryk Ross era um fotógrafo judeu de atualidade e desporto em Lodz (Polónia) quando as forças alemãs invadiram e assumiram controlo da sua cidade natal. Estávamos em 1939, início da II Guerra Mundial. A única forma que arranjou de sobreviver foi passar a trabalhar para o regime nazi, fazendo fotos que eram usadas na propaganda de Adolf Hitler no Departamento de Estatísticas. Mas Henryk Ross tinha uma missão pessoal secreta.

Sempre que tinha mais um trabalho de campo em Lodz, Henryk Ross aproveitava algum do seu tempo para documentar em segredo o quotidiano no bairro da cidade. Era apenas um dos mil bairros feitos por nazis especialmente para judeus, um ponto de passagem intermédio antes de desaparecerem (mortos?) ou enviados para os campos de concentração durante o Holocausto. À medida que a guerra se intensificava, Ross viu os residentes serem deportados a pouco e pouco.

Apercebendo-se que esse também podia ser o seu destino, e como tinha arriscado muito ao tirar aquelas fotografias, começou a temer pela vida. Decidiu então guardar todas as imagens secretas numa caixa e, no inverno de 1944, enterrou-as junto à sua casa. Queria recuperá-las mais tarde e apresentá-las como provas dos crimes cometidos pelos nazis contra a humanidade às gerações futuras, como explicou mais tarde.

Tendo uma câmara oficial, consegui capturar todo o período trágico no Bairro de Lodz. Fiz isso sabendo que, se fosse apanhado, a minha família e eu seríamos torturados e mortos.

Um ano mais tarde, quando o exército soviético libertou a cidade de Lodz e o segundo maior bairro judaico do género no país (viviam lá 200 mil pessoas), Henryk Ross voltou ao terreno onde antes estava a sua casa para desenterrar as fotografias. Embora algumas tivessem sido destruídas pela água, outras estavam intactas e mostravam a realidade polaca durante a II Guerra Mundial. Algumas das fotos são chocantes. Estão agora nos álbuns de fotografias da Galeria de Arte de Ontário.

Veja as 65 imagens que sobreviveram ao tempo na fotogaleria.

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