A Fundação Calouste Gulbenkian vai voltar a transformar uma galeria de exposições num grande laboratório tecnológico. Objetivo? Criar soluções para melhorar a vida de refugiados. A segunda edição da maratona digital (hackathon) Hack for Good vai decorrer a 24 e 25 de junho e está a procura de programadores, designers, gestores e criativos, com ideias globais e sustentáveis que ajudem a resolver os desafios que refugiados, e organizações que lhes prestam apoio, enfrentam. As inscrições estão abertas até 20 de maio.

Os desafios, aos quais os participantes terão de responder, ainda estão a ser definidos com o apoio do Alto Comissariado para as Migrações, responsável pelo plano nacional para a integração de refugiados. São questões relacionadas com educação formal e não formal, saúde, reconhecimento de diplomas e documentação que permitam a integração dos migrantes nos países de acolhimento, facilitação da integração social, cultural e económica de refugiados nas comunidades que os recebem, infraestruturas e acesso à Internet e tecnologia, por exemplo.

Cada vez mais se percebe que as agendas locais e globais estão interligadas. Quando a Fundação lança este desafio da integração de refugiados não está só a pensar no papel das tecnologias em Portugal, mas que as soluções aqui desenvolvidas possam ter fit e potencial de utilização noutros contextos onde esta realidade é mais premente”, considerou Luís Jerónimo, gestor de projetos da Fundação Calouste Gulbenkian.

São esperados 150 participantes de áreas como a programação, design, engenharia, gestão e outros profissionais interessados em tecnologia. Devem ser formadas equipas com três a cinco pessoas. Os vencedores vão receber 5.000 euros e os segundos classificados 2.000 euros.

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“A tecnologia já não é uma questão de escolha”

A edição deste ano conta com a parceria da Techfugees, comunidade global que chegou a Portugal em novembro do ano passado, por altura da Web Summit, com uma missão clara: ajudar a promover soluções para a crise migratória na Europa, apoiadas em tecnologia e em inovação. Foi também essa a ideia de Mike Butcher, editor do TechCrunch, quando lançou esta organização sem fins lucrativos, em Londres, em 2015, e que hoje está presente nos cinco continentes.

A tecnologia já não é uma questão de escolha. E mais do que um fim em si, é um instrumento que podemos colocar ao serviço das pessoas. Se olharmos para o que são os grandes desafios do nosso tempo, os problemas que a sociedade terá de enfrentar são questões marcadamente sociais, como foi o caso do envelhecimento, que tratamos no ano passado, assim como é o tema dos refugiados”, considerou Luís Jerónimo.

Techfugees. Portugal também vai pôr a tecnologia a ajudar refugiados

No ano passado, o Hack for Good reuniu 150 participantes à volta do desenvolvimento de soluções focadas na população mais velha. Depois da participação na hackathon, uma das equipas finalistas (da Compta) desenvolveu uma aplicação – Ximi – que quer “mudar a vida de mais de 1,2 milhões de portugueses que vivem em condições de isolamento”, ao permitir a recolha de dados biométricos (temperatura do corpo, ritmo cardíaco) dos utilizadores e oferecer-lhes exercícios físicos e mentais através de jogos.

A Fundação Calouste Gulbenkian, notou Luís Jerónimo, não quer que as ideias desenvolvidas durante aqueles dois dias fiquem por ali. O objetivo passa também por tentar implementar esses projetos, como aconteceu com a Ximi.

“Para nós é muito interessante perceber como podemos, depois desta primeira fase, dar melhor sequência aos projetos que aqui serão desenvolvidos. É uma componente que queremos melhorar este ano. De qualquer forma, estamos muito satisfeitos ao olhar para os finalistas do ano passado e ver o percurso que estão a fazer”, sublinhou o responsável.