Cerca de meia centena de pessoas concentraram-se esta sexta-feira junto à sede do Metropolitano de Lisboa para denunciar a falta de condições e a degradação deste transporte, e exigiram mais investimento para a requalificação de estações e carruagens.

“Detetamos vários problemas ao nível da segurança, poucas condições nas estações de Metro, falta de acessibilidades, principalmente nas estações mais antigas que foram construídas sem elevador para a superfície, e as outras mais recentes, que, ou têm as escadas rolantes ou os elevadores avariados durante meses”, disse a porta-voz da Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa (CUTL), situação que causa “grandes dificuldades às pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida, com carrinhos de bebés ou a idosos com canadianas”.

Em declarações à agência Lusa, Cecília Sales indicou que os utentes do Metro de Lisboa deparam-se diariamente com tempos de espera elevados e enunciou uma “série de outros problemas” que a CUTL tem vindo a apontar há meio ano, sem que, até agora, tivesse assistido à sua resolução.

Os tempos de espera que são enormes, as carruagens estão paradas e não têm reparação nem manutenção, os processos de aquisição de material estão atrasados e demoram cerca de dois anos e têm de se fazer tudo com tempo, e isso não foi feito. A falta de maquinistas também, que levam alguns meses a serem formados, e perturbações constantes nas quatro linhas”, afirmou.

A porta-voz da CUTL frisou que há estações de Metro sem funcionários e “completamente abandonadas”, e deu o exemplo das máquinas de venda de bilhetes da estação do Aeroporto de Lisboa, que, Cecília Sales diz ter “imensas filas” porque “não funcionam corretamente e avariam”.

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Os utentes afirmam não se oporem à expansão da rede do Metropolitano de Lisboa, mas apelam a que, primeiro, a administração da empresa requalifique o que existe atualmente. “Não estamos contra a expansão da rede do Metro. Achamos que deve chegar à cidade toda, não é só ao centro, mas também à zona ocidental e a outras zonas da cidade. Mas, prioritariamente, o Metro deveria pensar em requalificar aquilo que está mal”, defendeu Cecília Sales.

A deputada na Assembleia da República pelo Bloco de Esquerda Isabel Pires associou-se ao protesto, corroborando das preocupações dos utentes, mas alertou também para a situação dos trabalhadores que “estão cada vez mais saturados” perante promessas não cumpridas.

“Existia uma promessa de contratação de maquinistas – já passou mais de um ano — e ainda não aconteceu. Eles são muito necessários, tal como são necessários nas oficinas do Metro para reparar o material circulante que precisa de obras. Temos neste momento carruagens que não circulam porque não há pessoas para trabalhar nessas carruagens”, afirmou a deputada bloquista.

Para Isabel Pires a culpa está na política seguida pelo anterior executivo, liderado por Pedro Passos Coelho. “E isto é fruto, já agora, de um desinvestimento propositado do anterior Governo porque queria privatizar este serviço, [mas] não o conseguiu, felizmente. Mas temos de reverter seriamente aquilo que foi feito e isso passa pelo investimento imediato e por um futuro plano de expansão do Metro para a zona Ocidental de Lisboa e não fechá-lo, de novo, no centro, como é agora proposto”, sublinhou a deputada do BE.

Na concentração marcaram ainda presença a deputada eleita pelo PEV na Assembleia Municipal de Lisboa Cláudia Moreira e o vereador do PCP na Câmara de Lisboa Carlos Moura.