Várias pessoas acordaram esta madrugada com a trovoada que se registou em pelo menos três pontos do país. Em Lisboa, os bombeiros chegaram mesmo a ser chamados por causa de uma árvore que ardeu, no bairro de Alvalade. As redes sociais encheram-se rapidamente de posts a dar conta de um enorme e estrondoso “trovão” e não demorou muito até começarem a ser publicadas as primeiras imagens.

Afinal o que é que aconteceu? Registaram-se esta madrugada três grandes focos de descargas elétricas no território português, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Porto, Lisboa e a região Centro foram as mais atingidas pela trovoada e os vídeos e imagens que reunimos dão conta de uma noite de maio atípica em Portugal continental.

https://www.instagram.com/p/BUgoVSRhoCb/?taken-by=rcardo25

https://www.instagram.com/p/BUgPHGghwkk/?taken-by=gm_ph

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Também no Twitter centenas de pessoas usaram o termo “trovoada” e “trovão” esta madrugada, a darem conta de “um estrondo” que as acordou.

https://twitter.com/G3_e_cinturao/status/867524598975397889

Descargas elétricas atmosféricas (DEA) entre as 00h00 e as 08h00 do dia 25 de maio (Fonte: IPMA)

Afinal, o que distingue um raio de um relâmpago e de um trovão? Um raio é na verdade uma descarga elétrica atmosférica ou seja a libertação de energia na forma de eletricidade e ocorre tanto dentro das próprias nuvens, como entre nuvens diferentes. Com menos frequência, atinge o solo e ramifica-se. Os raios têm uma duração média de 0,2 segundos e atingem temperaturas na ordem dos 30,000º Celsius (em comparação, a superfície do Sol ronda os 5,500º Celsius).

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A confusão gera-se quando falamos de relâmpagos e os trovões que se lhes seguem. Os clarões de luz que podemos observar olhando para o céu numa trovoada são na verdade enormes emissões de radiação eletromagnética e o termo cientificamente correto é relâmpago. Portanto, o trovão é apenas o som provocado por esta descarga elétrica (e ouve-se alguns segundos depois, o tempo da velocidade que demora a percorrer a atmosfera).

Isto quer dizer que o que acordou centenas de pessoas na madrugada desta quinta-feira foi de facto um trovão, ou vários, provocados pelas descargas elétricas registadas no continente (e não foram poucas como mostra o mapa disponível no site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera).

Uma árvore chegou mesmo a ser atingida, pelas 22h35, provocando um “pequeno foco de incêndio” na zona de Alvalade, em Lisboa, “presumivelmente motivado por um raio” explica uma fonte do Serviço Nacional de Proteção Civil. As autoridades extinguiram “imediatamente” as chamas.

A situação desta madrugada é contudo “normal”, explica a meteoreologista Patrícia Gomes do IPMA ao Observador.

Apesar das temperaturas elevadas, estamos na primavera e é uma época de transição – uma altura do ano em que há muitas variações, tanto vamos ter dias com temperaturas mais baixas com situações de chuva e instabilidade como esta que ocorreu esta noite e que de resto vai ocorrer amanhã [sexta-feira].”

Várias pessoas passaram a manhã a contactar as autoridades sobre o fenómeno. “Muitas pessoas ligaram hoje. É normal nestas ocasiões. Seja granizo, trovoada, tornados… As pessoas ligam sempre” ou para dar conta de fenómenos nas localidades “ou para saberem mais, mas é normal”, confirma uma fonte do gabinete de comunicação do IPMA. “Sabemos que é uma massa de ar instável e que isso tem fenómenos associados ao longo de todo o dia de hoje”, acrescenta.

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