A UTAO estima que o défice orçamental tenha ascendido a 2,4% do PIB no primeiro trimestre, em contas nacionais, uma melhoria face ao período homólogo mas “aquém do objetivo anual”, que aponta para um défice de 1,5%.

De acordo com a nota sobre a execução orçamental em contabilidade pública relativa a abril, a que a Lusa teve acesso, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) estima que “o défice das administrações públicas no primeiro trimestre de 2017, em contabilidade nacional, se tenha situado entre 1,7% e 3,1% do PIB [Produto Interno Bruto]”, o que coloca o valor central nos 2,4%.

Este cálculo não tem em conta o impacto que a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) “possa vir a ter em contas nacionais”, salvaguardam os técnicos que apoiam o parlamento, recordando que esta operação “ascendeu a 3,9 mil milhões de euros, cerca de 2,1% do PIB anual projetado no Orçamento do Estado para 2017 [OE2017]”.

Esta operação está ainda a ser analisada pelo Eurostat e, até à data, não há qualquer recomendação quanto ao seu registo em contabilidade nacional, a ótica que conta para Bruxelas.

A UTAO refere ainda que, considerando que não houve operações temporárias nos primeiros três meses deste ano, “o défice deverá ter registado uma redução de 0,9 pontos percentuais do PIB”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os técnicos afirmam que o valor central da sua estimativa, de 2,4% em contas nacionais, “aponta para que o défice do primeiro trimestre se tenha situado cerca de 0,8 pontos percentuais acima do objetivo para o défice ajustado de medidas one-off [temporárias]”.

No entanto, os técnicos que apoiam o parlamento em matéria orçamental entendem que este “desvio desfavorável” face ao objetivo anual definido no OE2017 “não coloca em causa o seu cumprimento”.

Isto porque esta estimativa “incorpora informação ainda muito parcelar, na medida em que diz respeito a apenas um trimestre do ano, não sendo por isso forçosamente indicativa do desempenho orçamental esperado para o conjunto do ano”.

A UTAO recorda que já em anos anteriores os défices em contabilidade nacional apurados para o primeiro trimestre “excederam o valor apurado para o conjunto do ano”.

Em termos nominais, o défice verificado entre janeiro e março “deverá ter representado cerca de 37% do défice ajustado previsto para o conjunto do ano”, segundo a UTAO.