O Presidente da República considerou esta segunda-feira que “o país estava perdido”, em termos psicológicos, “carecido de afeto”, quando iniciou o seu mandato e que, entretanto, o “universo dos afetos” trouxe “uma viragem política fundamental”.
“A mera viragem psicológica, que passou pelo universo dos afetos, foi uma viragem política fundamental”, defendeu.
Durante um passeio a pé na cidade da Horta, na ilha do Faial, Marcelo Rebelo de Sousa destacou também que “hoje é impossível fazer política na base apenas da cabeça”, acrescentando que “há políticos que entendem que é assim”, mas “não estão a ver toda a realidade da política”.
O chefe de Estado fez estas declarações depois de um jornalista lhe perguntar se a sua visita aos Açores não tem tido sobretudo afetos e pouca política, e a quem respondeu: “Acha que o afeto não tem um sentido político? Tem!”.
“Quando iniciei o meu mandato, eu achava que o país estava carecido de afeto, e que era uma prioridade esse afeto. As pessoas estavam pessimistas, estavam céticas, estavam crispadas. Como dizia há bocadinho aí um senhor que me cumprimentou: ia acabar no dia seguinte, o país estava perdido, corria tudo mal”, disse.
Marcelo Rebelo de Sousa tinha perto de si o presidente do PS e líder da bancada socialista na Assembleia da República, Carlos César, ex-presidente do Governo Regional dos Açores, que o acompanhou neste passeio a pé entre o famoso Peter Café Sport e o Forte de Santa Cruz.
Mais à distância, estavam o atual presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, e a presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, Ana Luís.
O Presidente da República sustentou que, entretanto, deu-se uma “viragem psicológica, que passou pelo universo dos afetos”, e que hoje “é impossível fazer política na base apenas da cabeça”.
Depois, referiu-se aos “políticos que entendem que é assim”, a quem faz “política na base apenas do pensamento, achando que os seres humanos são cobaias” e “que se mobiliza só na base disso”, para afirmar: “A meu ver, não estão a ver toda a realidade da política”.
Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que, “às vezes, há o risco de se cair na emoção pura e simples, é verdade” e concluiu que é preciso “um equilíbrio entre as duas coisas”.
“E o relacionamento na política é um relacionamento entre pessoas. Se as pessoas se dão bem, é meio caminho andado”, argumentou.
O chefe de Estado acrescentou que esta sua visita à Região Autónoma dos Açores “passava muito por esse universo dos afetos e por criação de empatias, nomeadamente com titulares de órgãos de governo próprio, que o Presidente não conhecia bem”.
Marcelo Rebelo de Sousa salientou que o seu conhecimento dos Açores “era mais do tempo em que tinha sido líder partidário, há 20 anos” e, por isso, não conhecia bem muitos dos atuais protagonistas políticos regionais.
“Portanto, o simples facto de passar a conhecer bem é um passo útil no relacionamento entre a República e a Região Autónoma”, considerou.