O secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, foi esta sexta-feira recebido com vivas por um grupo de jovens e de mulheres do partido à sua chegada ao enclave timorense de Oecusse Ambeno onde no sábado tem previsto um comício.
Na reta final da campanha para as legislativas de 22 de julho, a Fretilin concentra esta sexta-feira e no sábado as suas atenções no enclave onde, nos últimos anos, Mari Alkatiri tem liderado um dos mais significativos projetos do Estado timorense.
A criação da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA) e do projeto da Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) tornaram-se, para apoiantes e para críticos, um dos projetos mais polémicos.
Em termos orçamentais a região recebeu, entre 2014 e 2017, cerca de 544 milhões de dólares, tendo avançado com um amplo plano de desenvolvimento de infraestruturas básicas, em que se destacam uma central elétrica, estradas, sistemas de irrigação, uma clínica, uma ponte e o aeroporto.
As vozes mais críticas continuam a questionar o objetivo dos gastos, notando que, até ao momento, não houve investimento significativo privado na região cujo futuro económico, dizem, parece pouco claro.
Apoiantes do projeto insistem na sua importância para desenvolver uma região isolada e que esteve praticamente esquecida desde a restauração da independência de Timor-Leste, em 2002, fomentando a criação de novos polos de desenvolvimento fora da capital timorense.
Nas eleições presidenciais de 20 de março, o presidente da Fretilin, Francisco Guterres Lu-Olo, perdeu em Oecusse (para o candidato António da Conceição e por margem mínima), apesar de a sua candidatura ser apoiada pelos dois maiores partidos do país, Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT) de Xanana Gusmão e Fretilin.
O CNRT e o Partido de Libertação Popular (PLP) – liderado pelo ex-Presidente Taur Matan Ruak – reivindicam ter feito nesta campanha grandes comícios na região que pode, a 22 de julho, voltar a não dar a vitória ao partido de quem governa a região autónoma.
Depois de uma atribulada viagem de Díli a Pante Macassar – o vento impediu a avioneta da RAEOA de viajar na quinta-feira e hoje continua a sentir-se com alguma intensidade – Mari Alkatiri e outros dirigentes da Fretilin, foram recebidos por elementos do partido no aeroporto do enclave.
O que será o futuro aeroporto internacional ainda está em construção e, por isso, o Twin Otter 400 de 19 lugares – é o único avião comercial timorense e faz hoje voos entre várias cidades do país – aterrou, como sempre, numa pista de terra batida.
À chegada, ainda dentro do recinto do aeroporto, Alkatiri foi recebido por cerca de centena e meia de apoiantes da Fretilin e por dirigentes do partido, incluindo Arsénio Bano, número dois da ZEESM e membro da Comissão Política Nacional do partido.
Numa faixa amarela, com a bandeira da Fretilin de um dos lados, lia-se “RAEOA Vota 21”, o número do partido no boletim de voto, a sigla OPMT (Organização Popular Mulher Timorense) e um dos lemas da campanha: “Idas Buras Liu” (Por um Timor-Leste mais desenvolvido).
“Viva a Fretilin. Viva Oecusse“, disse Alkatiri antes de entrar num dos carros de uma coluna, parte da qual seguiu depois para o campo de futebol de Pante Macassar, onde decorre o comício de sábado.
As eleições decorrem a 22 de julho e a campanha eleitoral termina no dia 19.