A novidade foi comunicada numa cerimónia esta sexta-feira no Uruguai, na presença do próprio: Robert Mugabe, 93 anos, é o mais recente embaixador da boa-vontade da Organização Mundial de Saúde (OMS), agência especializada das Nações Unidas.

“É uma honra anunciar que o presidente Mugabe aceitou”, foi como Tedros Adhanom Ghebreyesus, desde junho diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, introduziu o tema, para logo depois explicar que o presidente do Zimbabué ficará encarregado de promover o combate das doenças não transmissíveis em todo o continente africano. Ghebreyesus, etíope, referiu-se ainda ao Zimbabué como “um país que coloca o acesso universal aos cuidados de saúde e a promoção da saúde no centro das suas políticas” — ainda assim, quando tem problemas de saúde, Robert Mugabe apanha um avião para ser assistido em Singapura.

A escolha do ditador, que desde 1980 lidera com punho autoritário o Zimbabué e tem sido desde então inúmeras vezes sancionado internacionalmente por violações dos direitos humanos, corrupção e fraude eleitoral, está a ser contestada em todo o mundo.

Ian Levine, diretor da Human Rights Watch, apressou-se a qualificar, via Twitter, a nomeação como um “embaraço” para a OMS.

Já o porta-voz do maior partido da oposição no Zimbabué, o MDC, considerou a escolha “para rir”. Ou chorar: “O sistema de saúde do Zimbabué está num estado caótico, isto é um insulto. Mugabe destruiu o nosso sistema de saúde. Deixou que os nossos hospitais públicos colapsassem e agora quando ele ou a família dele têm de fazer tratamentos vão para fora, para Singapura”, acusou o porta-voz do partido, Obert Gutu, citado pelo The Guardian.

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