Socialistas e bloquistas chegaram a acordo para a governação da Câmara Municipal de Lisboa. Fernando Medina entregou a Ricardo Robles o pelouro da Educação e Áreas Sociais e consegue assim a maioria na autarquia.
O acordo entre o presidente da Câmara Municipal de Lisboa e o vereador eleito pelo Bloco de Esquerda foi ratificado esta quarta-feira à noite pela direção dos bloquistas.
Segundo o documento a que o Observador teve acesso, os dois partidos assumem o compromisso de promover uma convergência política e um conjunto de objetivos comuns em três áreas fundamentais: transportes, habitação e ação social, incluindo aqui a educação.
A título de exemplo: com este acordo, os bloquistas conseguem o compromisso de Medina de construir 3.000 fogos de renda acessível até ao final do mandato (2021). Na área da habitação, reabilitação urbana e urbanismo, os dois partidos chegaram ainda a acordo para a criação de um “gabinete municipal de fiscalização” para o alojamento local “com intervenção na hora e capacidade de retirar licenças em caso de reincidência comprovada”.
Nos transportes, o Bloco conseguiu junto de Fernando Medina que “renegociasse com o Governo da expansão da rede de Metro, incluindo a Linha Ocidental a par da Linha Circular”. Mais: PS e Bloco de Esquerda chegaram a acordo para um “mínimo de 250 novos autocarros e 30 novos elétricos até final do mandato”.
Na Educação, Saúde e Direitos Sociais, destaque para a medida que prevê a gratuitidade dos manuais escolares na escolaridade obrigatória, até ao 9º ano (por reembolso) já no presente ano letivo, até ao 12º ano no próximo, a abertura de novas creches (mínimo de 1.000 vagas), a existência de 14 centros de saúde e a criação de um Centro de Acolhimento e Cidadania LGBT+ e de um centro de atendimento e apoio 24h a vítimas de violência doméstica.
As medidas, no entanto, não se esgotam nestes três eixos.
Habitação, Património e Urbanismo
- Novo pilar inteiramente público do Programa Renda Acessível (PRA): 3000 fogos até final do mandato. O pilar público do PRA incorpora os prédios municipais destinados a reabilitação e ainda 30% dos fogos em edificações até agora previstos para o PRA privado.
- Alteração dos regulamentos de acesso à habitação para proteger inquilinos em incumprimento por carência económica ou sob ameaça de despejo sem realojamento adequado.
- Mínimo de 25% de habitação a custos controlados na nova construção e reabilitação.
- Reabilitação anual de 10% dos fogos em bairros municipais.
- Mais oferta de residências universitárias (400 camas por ano).
- Estabelecer no Regulamento do Património o objetivo de 25 mil fogos de habitação não social, para intervenção municipal no mercado imobiliário.
- Aumento para 50% a parte da receita da alienação de património destinada ao Fundo de Sustentabilidade Ambiental e Urbanística.
- Alojamento Local: definição e ampla discussão pública do mapa de quotas por zona a apresentar após aprovação de nova lei. Criação de gabinete municipal de fiscalização com intervenção na hora e capacidade de retirar licenças em caso de reincidência comprovada.
- Salvaguarda do património público da Colina de Santana para habitação acessível e equipamentos de saúde.
Transportes
- Renegociação com o governo da expansão da rede de Metro, incluindo a Linha Ocidental a par da Linha Circular.
- Plano de mobilidade para a zona ocidental, com reforço imediato de carreiras e horários, e elétricos rápidos em ligação aos interfaces da zona.
- Contratação de 200 motoristas em 2017 e 2018.
- Mínimo de 250 novos autocarros e 30 novos elétricos até final do mandato.
- Expansão do 15E até ao Parque das Nações e reabertura da linha 24E (Cais Sodré-Campolide).
- Ambos os partidos concordaram em, junto do Governo, pugnar por tarifários reduzidos na Área Metropolitana de Lisboa, com prioridade para aqueles segmentos.
Educação:
- Gratuitidade dos manuais escolares na escolaridade obrigatória, até ao 9º ano (por reembolso) no presente ano letivo, até ao 12º ano no próximo.
- Criação de gabinete de fiscalização da qualidade da alimentação escolar.
- Abertura de novas creches com pelo menos 1000 vagas.
- Reequipamento das escolas do primeiro ciclo.
Saúde:
- 14 centros de saúde.
- Oito centros intergeracionais, com assistência sénior e cuidados de infância.
- Mais camas para cuidados continuados.
Direitos Sociais:
- Atribuição automática da tarifa social da água.
- Abertura de sala de consumo assistido com equipas móveis de redução de riscos.
- Centro de Acolhimento e Cidadania LGBT+.
- Centro de atendimento e apoio 24h a vítimas de violência doméstica.
- Casa da Diversidade no centro da cidade, um espaço associativo e de eventos públicos, aberto aos migrantes e refugiados e à defesa dos seus direitos.
Precariedade:
- Regularização de todos os precários da Câmara e das empresas municipais.
- Estratégia de contratação que favoreça empresas sem precariedade.
- Exclusão de apoios e isenções das entidades que recorram à precariedade.
- Planos de freguesia para a erradicação da precariedade.
Cultura:
- Acesso gratuito a todos os espetáculos e espaços sob gestão da EGEAC para desempregados, menores de 18 e maiores de 65 anos.
Taxa Turística:
- Aplicação das receitas da taxa turística em higiene urbana e transportes públicos nas zonas de pressão turística, com reavaliação do valor da taxa em 2018.
Direitos dos Animais:
- Novo equipamento para recolha, tratamento e esterilização.
- Reforço de meios da Casa dos Animais e do Centro de Recuperação de Animais Silvestres, em Monsanto.
- Espaços para cães nos jardins.
Transparência:
- Registo de interesses dos eleitos locais.
- Transmissão online das reuniões de Câmara e publicação antecipada das propostas a levar a cada reunião.
- Mais Orçamento Participativo: voto aos 16, execução e acompanhamento dos projetos pendentes, introdução do Orçamento Participativo nas escolas.